
A partir de então, sem saber como lidar com a situação, como sofrer o luto, daquela que esteve presente nos melhores momentos de sua vida, e ter forças para conseguir servir de alicerce às filhas ainda muito novas que, mais que ele, precisariam de apoio nessa hora tão difícil. Ele decide que a melhor coisa a fazer é dar-se um tempo para absorver melhor a notícia, prolongando assim, a inocência das filhas um pouco mais, saindo com elas em uma viagem de carro, visando conhecer lugares que elas tivessem vontade de ver.
As filhas de Stanley, Dawn e Heidi (interpretadas por Gracie Bednarczyk e Shélan O’Keefe), que no filme tinham respectivamente 8 e 12 anos, possuem uma química incrível, não somente entre elas mas também com John Cusack. A interpretação das atrizes é bastante impressionante, a ponto de parecer pouco crível que esse fosse o primeiro filme de estréia de ambas. Apesar de esbanjar talento na telona, Shélan O’Keefe se aposentou em seu filme de estréia, hoje sendo vocalista, guitarrista e ukulelista de uma banda chamada Swellshark.
John Cusack gostou tanto do roteiro que quando terminou de lê-lo se tornou um dos produtores do filme.
Não foi apenas a Cusack que o filme causou essa primeira boa impressão, após a exibição no Festival de Cinema de Sundance, Clint Eastwood se ofereceu para compor o tema do filme, que mais tarde acabou recebendo indicações no Globo de Ouro como Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original.

O ano em que foi lançado, 2007, é considerado por muitos como sendo o mais terrível da Guerra do Iraque, não somente pelo alto investimento requerido pelo governo Bush para a mobilização das tropas, como também pela quantidade de baixas americanas em solo iraquiano, contrasteando severamente o argumento falacioso da administração Bush de que a situação estivera melhorando. Esse ano foi também o segundo maior com baixas civis iraquianas (um pouco mais de 24 mil civis mortos), evidenciando inevitáveis comparações com a ‘Guerra do Vietnã’, na qual a opinião pública se tornara a maior opositora do conflito.
Apesar do grande simbolismo político implícito no filme, questões relativas aos lados pertinentes ao conflito não são realmente abordadas, dando atenção principalmente a perspectiva parental daqueles relacionados àqueles que tiveram que partir.
Muito além de tentar transmitir uma mensagem política partidária, Nossa Vida Sem Grace nos presenteia com uma história sensível e tocante, que faz com que nos identifiquemos com a dor da perda de alguém próximo e a sensação de impotência que sentimos por não podermos fazer nada para mudarmos as circunstâncias, nos obrigando a buscar dentro de nós a resposta para seguir em frente.
Título Original: Grace is Gone
Direção: James C. Strouse
Elenco: John Cusack, Shélan O’ Keefe, Gracie Bednarczyk
Sinopse: um pai recebe a notícia de que sua esposa, uma sargenta das forças militares americanas, foi morta em combate em território iraquiano. Sem saber como dar a triste notícia às filhas, ainda muito novas, ele decide realizar uma viagem de carro com elas rumo à um parque temático, antes da trágica verdade.