Crítica: Os Estranhos (2008, de Bryan Bertino)

O que você faria se pessoas misteriosas e armadas rondassem sua casa à noite? Em Os Estranhos acompanhamos a noite de terror de um casal encurralado em uma casa por um trio de estranhos mascarados, acompanhados por um clima arrepiante (lembrando ligeiramente o clássico O Massacre da Serra Elétrica). Com um roteiro simples e uma boa direção, é um bom filme de terror para quem aprecia um thriller psicológico carregado de suspense.


Kristen (Liv Tyler) e James (James Hoyt) estão no meio de uma noite turbulenta para sua relação, após um pedido de noivado ser recusado. No meio das intrigas amorosas, recebem uma visita de um estranho vestindo uma máscara, que a princípio não faz nada a não ser perguntar se uma mulher chamada Tamara está. Mas mal sabe o casal, que a noite deles está prestes a mudar completamente.

Escrito e dirigido por Bryan Bertino (Perseguidos pela Morte e o recente The Monster), Os Estranhos é o longa de estreia do diretor estadunidense, que começa no mundo cinematográfico abordando um tipo de terror diferente, que foca na realidade, no suspense e no horror psicológico. Deixando de lado as já comuns tramas sobrenaturais ou surreais e lembrando tramas de filmes como Hush: A Morte Ouve e Violência Gratuita. Em sua época de lançamento, gerou críticas tanto ruins como boas do público e da crítica, mas não deixando de encomendar uma sequência (falarei mais dela depois).


A produção do filme alegou em seu lançamento de que Os Estranhos era baseado em fatos reais, mas na verdade, foi inspirado em três histórias diferentes. E o longa resultou em uma mistura de todos, vou comentar brevemente sobre eles aqui (não chegam a ser spoilers).

A primeira (confirmada por Bertino como a influência mais forte) é o caso Tate-LaBianca (Los Angeles, 1969) da morte da atriz Sharon Tate, esposa do diretor Roman Polanski na época, e do casal Leno e Rosemary LaBianca. Com 26 anos, Sharon estava grávida e foi brutalmente assassinada pela seita de Charles Manson em sua própria casa. A atriz e o casal não foram os únicos a morrer, mais quatro pessoas foram assassinadas. Charles Manson e seus seguidores (a maioria mulheres) foram presos e seguem até hoje na prisão. Sua seita também serviu de inspiração para outros filmes e até um seriado, Aquarius da emissora NBC. Bertino diz ter utilizado também o livro Helter Skelter, de Vincent Bugliosi, que é um retrato dos crimes de Manson.

A segunda história é uma vivida pelo próprio diretor quando criança, quando seus vizinhos foram atormentados por pessoas desconhecidas (não há mais informações sobre o caso, o que leva a pensar que não houve fatalidades ou algo grave). A terceira (apesar de não confirmada) é o caso não solucionado dos assassinatos de Keddie, de 1981. Foi um quádruplo homicídio em uma cabana (ponto turístico na época) no norte da Califórnia. Eram quatro pessoas (a mais nova tinha 12 anos, e a mais velha, 36) e permaneceram desaparecidas por três anos até seus corpos serem encontrados, estavam amarrados em cadeiras por fios elétricos e fitas adesivas. Até hoje não se sabe quem foi o autor (ou autores) dos assassinatos e nem o motivo de tal atrocidade.

Do lado direito, o livro Helter Skelter sobre Manson

Os Estranhos tem uma narrativa lenta, dando prioridade ao suspense da trama. Um detalhe legal que intensifica a tensão psicológica do filme é a maneira como são feitas as aparições dos estranhos, que lembram bastante a saga Halloween, aparecendo em um cantinho atrás dos protagonistas, na janela e outros lugares inesperados, sem serem notados. Sem se focar no susto em si, mas sim na tensão aterrorizante. As atuações estão boas, destaque para o trio de atores mascarados, que por meio de apenas gestos, conseguem passar uma sensação de frieza. Mas nada surpreendente. Apesar de apresentar uma história convincente, o filme peca muito naquele velho clichê da “inteligência artificial” dos protagonistas, que parecem tomar as piores decisões nas piores horas, prejudicando o enredo. Um grave erro que muitos filmes de terror cometem e acabam dando um tiro no próprio pé.





No geral, o longa cumpre o prometido e entrega um thriller psicológico satisfatório. Bryan Bertino tem sucesso ao construir um ambiente tenso que prende a atenção de quem está assistindo. E o mais importante para um filme desse gênero, consegue assustar usando um terror realista. É aterrorizante pensar que os eventos desse filme, realmente poderiam acontecer com qualquer um. Mas no entanto, Os Estranhos não tem nada de novo ou surpreendente, é apenas um bom filme para matar o tempo.










Título Original: The Strangers


Direção: Bryan Bertino

Elenco: Liv Tyler, Scott Speedman, Gemma Ward, Laura Margolis, Kip Weeks, Glenn Howerton


Sinopse: Quando o casal Kristen (Tyler) e James (Speedman) chegam à remota casa de veraneio dos pais de James, eles simplesmente querem descansar um pouco depois de uma noite difícil. Mas mal sabem eles que a noite está prestes a se tornar a pior de suas vidas quando três estranhos mascarados surgem em seu recanto aparentemente tranquilo. Esses misteriosos estranhos têm um prazer doentio em aterrorizar o jovem casal, o que leva Kristen e James ao limite da sobrevivência, onde apenas seus instintos mais brutais podem salvar suas vidas…

Trailer:


A SEQUÊNCIA
Oito anos após o lançamento do primeiro, o segundo filme já foi confirmado e tem data de estreia: 2 de dezembro de 2016. Os Estranhos 2 irá seguir a mesma premissa do anterior. Este, porém, não será dirigido por Bryan Bertino, e sim por Marcel Langenegger (A Lista – Você Está Livre Hoje?). As expectativas do público e crítica, porém, estão baixas. E ainda nenhum trailer foi lançado.


E você, o que achou de Os Estranhos? Deixe seu comentário.

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