Crítica: Invasão Zumbi (de Yeun Sang – Ho, 2016) – Coréia do Sul dessa vez subvertendo o sub-gênero Zumbis!

Desde o lançamento de A Noite dos Mortos-Vivos de George Romero em 1968, um dos subgêneros mais explorados do cinema fantástico de horror são os mortos-vivos. Os popularmente chamados Zumbis, sempre foram muito populares pelo mundo, fazendo parte inclusive da cultura pop contemporânea, indo além da sétima arte: são séries, games, livros e até guias para sobreviver caso um ataque dos comedores de cérebro realmente aconteça na nossa sociedade. Por esse motivo, e ainda somado com um problema já antigo em Hollywood e em outros circuitos que é a falta de originalidade; a imagem dos zumbis ficou desgastada, foram tantas obras destinadas a esse tema que o interesse reduziu; apesar do gênero ter sido subvertido diversas vezes, faz muito tempo que um filme realmente interessante não é lançado, e a imagem desses seres mortos-vivos passou a ser vinculada principalmente a uma popular série de televisão, além de filmes b, ou que vão para o lado da galhofa e não se levam a sério.

Em 2016 os fãs desse tipo de trabalho, terão muito que comemorar, pois quem começa a chamar atenção nos festivais por onde é exibido é o novo filme do diretor especializado em animações com o teor mais sério e obscuro: Yeun Sang-ho (King of Pigs / Rei dos Porcos e O Impostor), continuação de outra animação que introduziu a história para esse filme em carne e osso, Train to Busan (com o título sempre genérico de: Invasão Zumbi no Brasil), que pasmem, consegue não só reviver os mortos com merecido respeito como também consegue seguir a tradição da Coréia do Sul em apresentar filmes maravilhosos, como vem sendo nos últimos anos. 
A minha primeira e principal preocupação antes de assistir esse filme, era em relação ao tom que se seguiria, se o diretor conseguiria transpor em carne e osso toda a tensão e confusão presentes na animação; porém já com apenas alguns minutos de filme minha preocupação já havia sumido, Train to Busan é um dos exemplares mais espetaculares de confusão sincronizada da história do cinema, tanto em lugares fechados como abertos, a correria e o realismo impressionam, é tudo tão bem feito que chega a assustar; por exemplo quando algo acontece on-screen, mas ao mesmo tempo você consegue observar outras coisas acontecendo ao fundo com um sincronismo perfeito, que te deixa pensando como o diretor conseguiu filmar aquilo de forme tão realista.
A história do filme é quase banal,e não se preocupa em explicar nada para quem não viu a animação que serviu de prelúdio, porém em nenhum momento isso atrapalha, pelo contrario, é mais tempo para curtir toda a confusão que rola na tela.. A introdução mesmo fica por conta de uma cena envolvendo um atropelamento de um animal na estrada, que é muito simples, mas é tensa e atmosférica e apesar da simplicidade entrega tudo que você precisa saber para acompanhar dali em diante.
Seguimos um grupo de pessoas com motivações diferentes dentro de um trem, enquanto um surto ou uma espécie de epidemia se espalha rapidamente transformando cada vez mais pessoas em zumbis deixando um rastro de sangue e mortes pelas ruas da Coréia do Sul, alguns sobreviventes precisam lutar pela sua vida e pelas pessoas que amam, enquanto tentam achar um lugar livre desse terror para finalmente pararem o trem em segurança. Essa premissa principal pode parecer genérica, mais vou lembrar mais uma vez que se trata de um filme Sul Coreano, o que significa que nada é realmente tão simples como pode parecer, pois se já não bastasse toda a tensão de lutar pela vida em um trem ou em ruas repletas de zumbis, o diretor aproveita para mostrar aqui um estudo humano muito plausível, já que dentro do trem as ações de determinado personagem são tão podres e aterrorizantes e mostram a verdadeira realidade de algumas pessoas que sempre pensam apenas em si mesmos.
A apresentação dos zumbis é outro espetáculo a parte; a maquiagem não é muito inovadora, mais a maneira que eles se movimentam é muito tensa e agonizante, a forma como as articulações trabalham e o modus-operandi de ataque, cada detalhe aqui foi bem pensado e é inovador o suficiente para subverter a velha regra do zumbi gemendo e se arrastando por aí atrás de cérebros ou os exagerados que se amontoam um em cima do outro para se transformar em uma massa estranha e implausível de mortos vivos, assim como foi em World War Z (Guerra Mundial Z). Algumas cenas realmente ficarão marcadas na mente de quem preza pelo espetáculo que o cinema desse gênero pode proporcionar, uma delas envolvendo um exército (literalmente) de zumbis que merece ser vista várias vezes de tão bem elaborada e divertidamente tensa que ela é. 
Para não dizer que é um filme perfeito, em alguns momentos a história cai para um melo dramalhão já característico, mas que não chega a atrapalhar a experiência ao assistir, esse fator me fez lembrar do também ótimo Flu (A Gripe) outro filme com que Train tem algumas semelhanças, mas que colocando na balança acaba não fazendo peso nenhum. São tantas qualidades que precisei procurar algo de negativo para falar em contrapartida.
No fim das contas Train to Busan é o melhor filme de zumbis em muitos anos, mais uma cesta de três pontos pra Coréia do Sul; tecnicamente perfeito, bem orquestrado, é um prato cheio para os fãs do gênero além de ser um chute no estômago de quem gostou de filmes rasos como: Guerra Mundial Z entre outros, consegue ser assustador e ter muito mais a dizer do que a maioria dos filmes desse tipo geralmente tem… No fim, cabe espaço ainda para uma boa discussão, pois afinal, quem são os verdadeiros monstros da história? 
Título Original: Train to Busan (Estados Unidos) ; Busanhaeng (Coréia do Sul)
Direção: Yeoun- Sang ho
Elenco: Gong Yoo, Ma Dong-Seok, Soo-An Kim, Kim Eui-Sung.
Sinopse: Sok-woo e sua filha Soo-ahn embarcam no Expresso KTX, um trem rápido que os levará de Seul para Busan. Mas, durante a viagem, o trem é invadido por zumbis, que matam vários tripulantes e outras pessoas. E enquanto o KTX está indo em direção a Busan, os passageiros têm que lutar por suas vidas contra os zumbis.


Trailer




Recomendo fortemente essa maravilha; assista na primeira oportunidade se possível na tela grande do cinema em novembro, e não se esqueça de dar sua opinião!

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