Crítica: Onde Os Fracos Não Tem Vez (Ethan Coen, Joel Coen, 2007)




Ganhador do Oscar de Melhor Filme em 2008, Onde Os Fracos Não Tem Vez
é um filme com um título um tanto autoexplicativo. Os diálogos, as
cenas no Texas dos anos 80, tudo é mostrado para dar um ar de dureza e
dificuldade. Sem contar que poucas vezes um filme conseguiu entrar tão
bem na mente de um psicopata. Cuidado, contém muitos spoilers!


O começo da história é quase um clichê, um cara que não tem nada a ver com criminosos ou coisas do tipo literalmente cai numa cena de crime no meio do deserto. Aparentemente uma entrega de drogas que deu errado. Llewelyn Moss (Josh Brolin) encontra nada mais nada menos do que dois milhões de dólares em uma maleta rodeada por corpos, exceto de um homem que ainda está vivo. Esse mesmo homem pede constantemente por água. Voltando para casa Moss não consegue dormir, enche uma garrafa de água e volta para o deserto. Nessa cena em especial podemos notar que ele não é uma pessoa ruim, porque ainda tem consciência. Mas nessa mesma cena também percebemos que ele não acha que vá voltar para casa, já que ele pede para sua esposa se despedir de sua mãe caso ele não volte. Ela ao dizer que sua mãe já morreu, responde em tom de comédia mas tenso: “Bem, então digo eu mesmo.” 




Entretanto, esse não é um filme sobre drogas, sobre vingança, talvez sobre violência. Mas uma violência gratuita que vem do nosso próximo personagem Anton Chigurh (Javier Bardem) que é um assassino contratado para recuperar o dinheiro. Mas com o passar do filme, percebemos que não foi a melhor ideia de todas chamá-lo. Chigurh é um psicopata de cinco estrelas. Não liga para ninguém, nem para nada. A primeira cena que o vemos e que chama a atenção é na delegacia, quando, mesmo preso ele consegue matar e escapar da polícia. Ênfase na feição de Javier Bardem nessa cena que é de arrepiar.



Em todos seus diálogos sentimos uma ameaça crescente, no que ele pode ou não fazer com a pessoa em questão. Outra cena que chama atenção para seu estado mental totalmente perturbado é quando ele está no posto de gasolina e por uma pergunta pacata o atendente do posto se vê no meio de uma disputa por sua vida ao ter que jogar cara ou coroa. Se ele acertar qual lado a moeda caiu ele sobrevive.



Tudo nele é um tanto peculiar. O jeito de andar, o olhar e a voz são um ponto forte desse personagem. A forma como ele mata, o comprometimento que ele tem com isso é bem bizarro. Pois lá para o fim do filme, não se trata mais sobre recuperar o dinheiro e sim manter sua palavra. Durante os diálogos percebemos que sempre tem alguma coisa que ele não está dizendo que nos deixa tensos. As conversas em geral são quase todas assim. O filme em si tem uma pitada de humor negro marcante mas que quase passa desapercebido. Como em uma das cenas que perguntam quão perigoso Chigurh pode ser, respondem “Comparado com a peste bubônica?”. Por essas e outras podemos ir construindo a imagem dele sem necessariamente ver o que ele está fazendo. 

A
polícia mesmo sabendo de todo o desfecho da história desde o começo,
parece ser incapaz de pegá-lo, pois sempre está a cinco passos
atrasados. Sobre a fotografia, diria que é impecável. As cenas mudam
conforme as lutas ou o ambiente que passam. Como a iluminação do quarto
depois de quebrar o abajur em uma briga. Sem contar que acreditamos que
estamos mesmo nos anos 80.







Direção:
Ethan Coen, Joel Coen.

Elenco:
Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, Kelly Macdonald, Garret Dillahunt, Tess Harper, Barry Corbin.

Sinopse:
Texas, década de 80. Um traficante de drogas é encontrado no deserto por um caçador pouco esperto, Llewelyn Moss (Josh Brolin), que pega uma valise cheia de dinheiro mesmo sabendo que em breve alguém irá procurá-lo devido a isso. Logo Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino psicótico sem senso de humor e piedade, é enviado em seu encalço. Porém para alcançar Moss ele precisará passar pelo xerife local, Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones).

Trailer:





PREMIAÇÕES



OSCAR




Ganhou: Melhor Filme, Melhor Diretor – Joel e Ethan Coen, Melhor Ator Coadjuvante – Javier Bardem e Melhor Roteiro Adaptado


Indicações: Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som e Melhor Edição de Som




GLOBO DE OURO




Ganhou: Melhor Ator Coadjuvante – Javier Bardem e Melhor Roteiro


Indicações: Melhor Filme – Drama e Melhor Diretor – Joel e Ethan Coen



BAFTA


Ganhou: Melhor Diretor – Joel e Ethan Coen, Melhor Ator Coadjuvante – Javier Bardem e Melhor Fotografia


Indicações: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante – Tommy Lee Jones, Melhor Atriz Coadjuvante – Kelly Macdonald, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Som
E você? O que achou?

2 thoughts on “Crítica: Onde Os Fracos Não Tem Vez (Ethan Coen, Joel Coen, 2007)”

  1. Esse filme é maravilhoso! Eu adoro como o Tommy Lee Jones encarna seu personagem. Além disso, ele consegue ser versátil e trabalhar bem em qualquer genero. Comédia é meu gênero favorito, sempre tem boas histórias que nos entretém e, nesse caso, ainda tem um elenco divino. Nos últimos tempos, vi um outro também do genero, chamado Apenas o Começo, com ele e o Morgan Freeman. Ele é um homem muito carismático e profissional, se entrega a cada um dos seus projetos. Quando vi na grade da hbo online , corri para assistir. O filme é divertido e acho que o papel que ele interpreta caiu como uma luva, sem dúvida vou ver este filme novamente. Recomendo a todos.

Deixe uma resposta