Crítica 3: X-Men: Apocalipse (2016, de Bryan Singer)





Mais uma superprodução chegou aos cinemas e o ‘Minha Visão do Cinema’ foi logo conferir. ‘X-Men: Apocalipse’ veio envolto de muitas expectativas tanto por abordar um dos maiores conflitos do universo mutante quanto por concorrer de frente com grandes outros filmes baseados em super heróis e HQ’s neste ano. E de fato este estilo está muito bem representado em 2016. ‘Deadpool’ foi insano, o injustiçado ‘Batman vs Superman’ foi sólido e sombrio e ‘Capitão América: Guerra Civil’ foi divertido e emocionante. Bem, o que dizer deste novo capítulo mutante?



Após o complexo ‘Dias de Um Futuro Esquecido’ em 2014, onde os heróis tiveram uma nova linha do tempo escrita, as coisas ficaram um tanto confusas. Mas na verdade esta viajem no tempo serviu para ajeitar alguns erros temporais na saga (como em ‘X-Men Origens: Wolverine’) e alguns acontecimentos que fechavam as portas para alguns personagens mortos (como em ‘X-Men 3: O Confronto Final’). Nesta nova saga com alguns icônicos mutantes mais jovens, tivemos o excelente ‘Primeira Classe’ se passando nos anos 60 e o bom ‘Dias de Um Futuro Esquecido’ nos anos 70. Agora ‘Apocalipse’ chega nos anos 80, aproveitando a cultura punk e rock’n and roll e o visual colorido. Embora esta ambientação seja rápida, temos na trilha sonora músicas marcantes da década e alguns penteados bem malucos. Além da utilização da TV como maior fonte de informação, numa época pré internet.


Após uma abertura tensa e arrepiante no antigo Egito, o vilão Apocalipse é ressuscitado nos anos 80 e começa a recrutar seus novos 4 cavaleiros do apocalipse. Além de ter poderes que lembram muito o vilão de ‘A Múmia’, ele realmente é mau e um adversário forte, algo que anda faltando nos filmes de heróis. Dentre os cavaleiros, temos um violento Anjo, uma implacável Psycho, uma jovem e inexperiente Tempestade e um amargurado Magneto. Com um time superpoderoso de vilões prestes a trazer o fim do mundo, uma nova equipe de mutantes liderados por Charles Xavier e Mística devem encarar o desafio de salvar o mundo.

Nas atuações, o destaque mais uma vez vai para James McAvoy como Xavier e Michael Fassbender como Magneto. Os dois guardam os momentos mais humanos e dramáticos do longa, além de sempre trocarem os melhores diálogos, carregados de reflexões e questões político-sociais e de lições morais. A linha tênue entre bem e mal é discutida mais uma vez e ambos tem grandes decisões. Magneto sofre uma grande perda e isto o coloca mais uma vez em trilhos perigosos, porém humanos e isso o põe numa difícil decisão de que lado tomar. Já Xavier perde a ingenuidade de que humanos e mutantes podem coexistir em paz e finalmente vê a necessidade dos jovens mutantes saberem lutar. Com relação à ele o final ainda guarda momentos emocionantes e de importância dentro da trama central da franquia. Sophie Turner (a Sansa de ‘Game of Thrones’) interpreta uma Jean Grey muito bem e já podemos ver como seu lado incontrolável, a Fênix, será importante em filmes futuros. Dentre os jovens atores, Kodi Smit-McPhee se sai melhor, mesmo com toda aquela maquiagem como Noturno (muito boa por sinal). Ele é engraçado e carismático. Tye Sheridan interpreta um Ciclope ok, sem nada de especial mas melhor e menos chato que o antigo. Evan Peters retorna como o Mercúrio e de novo é o melhor personagem e tem a melhor cena. Com sua supervelocidade, deixando todo resto em slow motion, os efeitos especiais mágicos da cena, o carisma do ator, as situações engraçadas e a canção ‘Sweet Dreams’  tornam esta parte específica melhor que o próprio filme.


Jennifer Lawrence está bem como Mística, embora boa parte do filme ela apareça como atriz e sem maquiagem, possivelmente por questões de contrato. Mas ao menos isto é inserido dentro da trama de um jeito convincente, em um dilema pessoal da personagem. Nicholas Hoult como Fera, Alexandra Shipp como Tempestade e Olivia Munn como Psycho estão ok no papel. No caso de Olivia Munn teve todo um marketing em torno da atriz e embora ela não apareça tanto assim, possivelmente sua vilã será mais utilizada em futuras produções. Podemos notar o preparo físico e o comprometimento da atriz para com o papel. Já Rose Byrne como Moira é pouco utilizada. Embora boa atriz, parece que está ali só para fazer ligações com o ‘Primeira Classe’. E a “bola fora” do elenco é o ator Oscar Isaac. Ele é bom ator, mas suas emoções são tapadas pela maquiagem do vilão Apocalipse. O roteiro também não aprofunda suas motivações. Ele apenas quer ser um deus, destruir os humanos e governar o mundo, simples assim. Faltou um melhor desenvolvimento neste sentido. Sem falar que o combate contra ele é resolvido rápido demais.

Ainda nos defeitos, os efeitos especiais são bons e grandiosos sim, porém são usados excessivamente. Tem um momento em que é tanto poder, tanta coisa se destruindo e desmaterializando, tantas partículas flutuando, tanta computação e CGI, que tudo soa virtual e artificial demais, parece um game. Se tivessem maneirado apenas um pouco nisso seria melhor. Às vezes menos é mais. O filme também poderia ter sido 15 minutos mais curtos. O longa teve 2 horas e 25 minutos de duração, mas com estes 15 minutos a menos poderia ter sido mais enxuto e não ter a “barriga” existente nos momentos um tanto parados no meio do filme. Mas estes defeitos pequenos não atrapalham a produção como um todo, que ainda se apresenta muito boa.


Temos uma abertura engenhosa e de impacto. A batalha final empolga e emociona. O diretor Bryan Singer parece que finalmente aprendeu a dirigir cena de ação de maneira mais eletrizante. O filme é o que mais se aproxima das HQ’s e dos quadrinhos. A Fox ainda se distancia bastante do material de origem, mas aqui temos uma aproximação com alguns fatores originais. Temos muitos easter eggs e fan service, como a excelente e violenta participação de Wolverine (Hugh Jackman). Aliás, temos várias mortes inesperadas e ferimentos mais realistas, o filme surpreende com algumas cenas mais fortes e sombrias, ficando no meio termo entre os dilemas internos e a leveza da ‘Guerra Civil’ e o peso obscuro de ‘Batman vs Superman’. Diria que se aproxima mais da DC do que da Marvel. Temos um peso na criação psicológica das personagens e nos momentos dramáticos. 

Por mais que se critique como a Fox faz os ‘X-Men’ diferentes de como a Marvel os criou, ironicamente temos uma saga que sempre se preocupou com as personagens. Seus dilemas são muito bem tratados e há metáforas que se tornam paralelas com as questões políticas e sociais de nossa sociedade, como a discussão sobre as minorias. Também merece atenção de que os ‘X-Men’ sempre tiveram uma Guerra Civil, suas semelhanças e diferenças sempre os juntaram em dois lados de uma guerra contra ou a favor dos humanos. Apesar de estar dividindo a opinião da crítica e do público, não se deixe enganar e vá ver com a mente aberta. Se tornou o meu segundo favorito, perdendo apenas para o ótimo ‘X-Men: Primeira Classe’. Talvez se o vilão fosse mais bem construído o filme fosse perfeito. Porém ainda é uma ótima produção, com discussões válidas, um elenco bem colocado e que mostra que muitas vezes, nós causamos nosso próprio Apocalipse.

NOTA: 8






O cinéfilo feliz de conferir mais um lançamento.



Direção: Bryan Singer

Elenco: Jennifer Lawrence, Rose Byrne, Sophie Turner, Olivia Munn, Michael Fassbender, Nicholas Hoult, Hugh Jackman, Evan Peters, Oscar Isaac, James McAvoyKodi Smit-McPhee, Tye Sheridan, Lucas TillAlexandra Shipp, Lana Condor.

Sinopse: Apocalipse se passa uma década depois de ‘Dias de um Futuro Esquecido’ e é uma próxima etapa na história. Desde o início da civilização, ele era adorado como um deus. Apocalipse, o primeiro e mais poderoso mutante do universo X-Men da Marvel, acumulou os poderes de muitos outros mutantes, tornando-se imortal e invencível. Ao acordar depois de milhares de anos, ele está desiludido com o mundo em que se encontra e recruta uma equipe de mutantes poderosos, incluindo um Magneto desanimado (Michael Fassbender), para purificar a humanidade e criar uma nova ordem mundial, sobre a qual ele reinará. Como o destino da Terra está na balança, Raven (Jennifer Lawrence), com a ajuda do Professor Xavier (James McAvoy) deve levar uma equipe de jovens X-Men para parar o seu maior inimigo e salvar a humanidade da destruição completa.


Trailer: 




Galeria de fotos do filme:


   

  

  

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