Crítica: O Regresso (2015, de Alejandro González Iñárritu) – Leonardo DiCaprio e o Oscar!


Desde que Leonardo DiCaprio deixou de ser apenas um rostinho que mexia com o público feminino em filmes como Titanic e Romeu + Julieta, o ator começou a apresentar papéis sérios e de respeito. Ele e seu agente devem escolher a dedo os filmes a fazer, pois desde A Praia o astro só encara filmes realmente bons. Na sua longa parceria com o diretor Martin Scorsese, entregou papéis viscerais em Gangues de Nova York, O Aviador, Os Infiltrados, Ilha do Medo e O Lobo de Wall Street. Com outros cineastas já fez outros bons papéis como J. Edgar e O Grande Gatsby. Destes papéis, algumas vezes chegou a ser indicado ao Oscar, sempre batendo na trave mas nunca levando. Virou motivo de chacota na internet. Mas ao que tudo indica, no Oscar 2016 quem vai rir é ele.
O cineasta Alejandro González Iñárritu, que ano passado saiu vitorioso no Oscar 2015 levando os principais prêmios pelo filme Birdman, agora entrega uma luta selvagem pela vida. O Regresso traz duas horas e meia focando na vingança e sobrevivência de um homem. Leonardo DiCaprio aceita o desafio com maestria, tendo o grande personagem de sua vida. Diante o sofrimento que ele passa no filme todo, vemos suas lembranças, sua dor, seu ódio e sede de vingança, sua mente perturbada, sua fé e sua determinação. Em diversas cenas extremas, algumas de revirar o estômago, sentimos a força do protagonista.


Tudo é muito forte, violento, visceral e selvagem. O frio da neve, o cortar dos dentes do urso, tudo retratado muito de perto e de modo bem realista. A já clássica cena do ataque do urso é feroz, explícita e sufocante. Quando o animal caminha por cima do herói, que já está sangrando jogado ao chão, nos sentimos sem fôlego, chocados e exaustos. A câmera foca no rosto de dor de DiCaprio, enquanto o animal o dilacera. A pata com longas unhas no rosto do homem, que com o peso do animal começa a afundar na lama, é muito claustrofóbico. Intenso, deixa-nos com os nervos à flor da pele e coração na boca.

Cheio de longas cenas sem cortes e silenciosas, o ator consegue ter um desempenho invejável apenas com o olhar, com o já conhecido enrugar de sua testa e expressões faciais, algo que só artistas experientes conseguem. Desta vez o Oscar é do Leonardo DiCaprio, não tem como não ser. Todo o resto do elenco está muito bem, incluindo o terrível Tom Hardy (o novo Mad Max), que concorre a Melhor Ator Coadjuvante. Will Poulter e Domhnall Gleeson (que só fez filmaço em 2015, quatro filmes dele estão no Oscar 2016, incluindo Star Wars) também se saem bem.


A direção de Alejandro González Iñárritu é majestosa, com cenas ininterruptas, sem cortes, violentas e com ângulos de câmera espetaculares. Os efeitos especiais são incríveis, como o do urso e a queda de um cavalo. Há várias cenas que causam impacto e tensão, com perseguições eletrizantes, mortes terríveis e situações extremas de desafiar o corpo e a alma de qualquer pessoa. Os efeitos sonoros e de mixagem de som são incríveis. A belíssima fotografia privilegia o clima sombrio, gelado e pálido, ao mesmo tempo que mostra a bela natureza, o sol, grandes árvores a alguns animais. Neste ponto o filme se revela contemplativo, filosófico e com uma pegada espiritual, flertando com o complexo A Árvore da Vida.

O único ponto que me impede de dar nota máxima é que o filme é longo, poderiam ter tirado 15 minutinhos que o tornariam freneticamente perfeito. Salvo este detalhe, não há o que reclamar. O Regresso é uma viagem alucinógena extrema, testa os limites dos seus nervos, nos jogando a grande jornada deste homem. É um filme extraordinário, inesquecível, daqueles que já nasceu clássico. Mesmo o longo tempo de duração não nos impede de ficarmos eletrificados diante a tela. Parabéns Iñárritu por esta difícil e ousada história. Parabéns Léo por esta belíssima e forte atuação. Um filme simplesmente obrigatório para todos cinéfilos e a quem procura uma obra de qualidade. Que venha o Oscar 2016, pois certamente sairá vitorioso em algumas categorias. Este é no mínimo, um dos três melhores filmes de 2015. Agora fica difícil dizer se torço para Mad Max ou O Regresso.

O filme concorre em 12 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Maquiagem, Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhores Efeitos Visuais.




Direção: Alejandro González Iñárritu

Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter, Paul Anderson, Brendan Fletcher, Brad Carter.

Sinopse: inspirado em fatos reais, O Regresso é uma experiência cinematográfica imersiva e visceral que capta a épica aventura de um homem por sobrevivência e o extraordinário poder do espírito humano. Em uma expedição pelo desconhecido deserto americano, o lendário explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é brutalmente atacado por um urso e deixado como morto pelos membros de sua própria equipe de caça. Em uma luta para sobreviver, Glass resiste à dor inimaginável, bem como à traição de seu confidente, John Fitzgerald (Tom Hardy). Guiado pela força de vontade e pelo amor de sua família, Glass deve navegar um inverno brutal em uma incessante busca por sobrevivência e redenção.

Trailer:




Mais imagens:







Deixe seu comentário:


Deixe uma resposta