Eli Roth pode ser considerado uma espécie de Quentin Tarantino do terror. Isto porque traz um humor negro e duras críticas à sociedade, em filmes estilosos e violentos proporcionalmente. No primeiro Cabana do Inferno ele fez uma história simples tornar-se um terrível filme de humor e terror. Quando ele lançou seus melhores filmes, os dois primeiro O Albergue, trouxe cenas chocantes poucas vezes vistas no cinema, aliadas à um roteiro ácido, que cutuca a sociedade europeia rica, que usa a fortuna à favor dos seus desejos, sejam eles os mais macabros. Um tempo longe da direção, produziu diversos filmes médios ou bons, onde jovens cineastas foram estimulados por Roth. Agora em 2015 na temporada de filmes de terror para o Halloween, Roth lança dois filmes sob sua direção, os pesados Canibais e Bata Antes de Entrar. Nesta crítica dupla, vamos conhecer um pouquinho dos dois filmes deste cara tido como “uma mente doentia”.
O nome é o mais genérico e clichê possível, o que desestimula assistir ao filme. Mas o título original The Green Inferno (traduzindo, “O Inferno Verde”) faz mais sentido. Embora não seja tão marcante quantos os já citados O Albergue, mesmo assim é um entretenimento barra pesada para amantes de filmes fortes. Aqui Eli Roth ataca de dois lados. Por um, ele faz uma crítica a estes jovens ativistas, que se manifestam só por estar na moda. Os jovens são burros, insuportáveis, drogados e acham que se metendo na mata e protestando, simplesmente os problemas serão solucionados. De maneira caricata, mas pesada, os ativistas descobrem que nunca deveriam se meter desavisadamente em território selvagem. Por outro lado, Roth faz uma homenagem aos filmes exploitations de canibalismo, a maioria produções italianas dos anos 70 e 80, como o clássico e perverso Holocausto Canibal, o filme mais repulsivo que tive o desprivilegio de assistir.
O que tira um pouco a tensão do filme são as atitudes burras dos jovens, além de alguns clichês e algumas cenas toscas, fazendo assim com que não seja um terror tão memorável. Porém ao menos o filme funciona quase como que uma bizarra comédia de terror sangrenta. A bela protagonista Lorenza Izzo (que também está em Bata Antes de Entrar) não atua muito bem, devido ao roteiro do filme, mas mantém o filme até o fim, principalmente nas cenas decisivas. Sua preocupação com o costume de alguns indígenas mutilarem as genitais femininas é um ativismo mais sincero que o do resto dos jovens, mas ainda assim ela percebe que há coisas que não devem ser mudadas. A trilha sonora quase disfuncional lembra os filmes exploitations antigos, com sons e trilhas simples e quase amadoras. As cenas de morte e gore são na maioria com efeitos plásticos e de maquiagem bem nojentos e pesados. Há quase todo tipo de horror, desmembramentos etc. Tudo visualmente chocante e provocante. Mas o que mais impressiona é realmente o fato que de certa forma, aqueles jovens burros merecerem o que acontece.
A reviravolta final pode incomodar alguns, mas eu particularmente gostei, ficando uma “pulga atrás da orelha”. Talvez haja continuação. Relativamente bem dirigido e filmado por Eli Roth, não é o melhor filme dele nem o melhor terror do ano, mas é um entretenimento rápido, engraçado e pesado para quem procura uma aventura realmente selvagem e chocante. No fim das contas, Canibais funciona como uma pesada comédia, onde metaforicamente se fala que o “inferno” é o homem branco quem cria.
Direção: Eli Roth
Elenco: Lorenza Izzo, Ariel Levy, Daryl Sabara, Kirby Bliss Blanton, Magda Apanowicz, Nicolás Martínez, Aaron Burns.
Sinopse: estudantes ativistas de Nova York viajam para as remotas florestas do Peru com o objetivo de fazer um protesto que visa impedir a derrubada de árvores nativas da selva sul-americana, mas em vez disso acabam encontrando uma tribo de canibais quando seu avião cai no meio da floresta.
Bata Antes de Entrar
Trailer: