Crítica: Apocalipse (2015, de Miguel Ángel Vivas)


Depois do estrondoso sucesso da série The Walking Dead os zumbis voltaram a fazer sucesso e se tornaram o foco de várias outras produções que tentam pegar carona na popularização dos mortos vivos. Contudo, nem todas conseguem o mérito de serem tão boas quanto a citada série mas, sempre há exceções, como este Apocalipse (péssimo título recebido em território nacional) que se destaca em meio de tantas porcarias lançadas ultimamente.

Na história, uma infecção transforma a maior parte da humanidade em criaturas raivosas, mas acabam morrendo de frio nove anos após o surto que devastou quase toda a humanidade. Patrick (Mathew Fox), Jack (Jeffrey Donovan) e Lu (Quinn McColgan) são aparentemente os únicos sobreviventes na cidade coberta de neve e esquecida de Harmony. Quando as criaturas aparecem novamente, eles terão que juntar suas forças para sobreviver ao ataque brusco de zumbis evoluídos.

Este filme é simplesmente fantástico, foi sem sombra de dúvidas uma das maiores surpresas de 2015, pelo menos na minha opinião. Aqui o roteiro foca mais no desenvolvimento dos personagens e de seus dramas do que nos zumbis, sendo estes meros coadjuvantes, servindo apenas como plano de fundo na história, recebendo mais destaque apenas no final. Outro acerto do roteiro, foi a falta de explicações e as omissões de algumas informações que ajudam prender o expectador e criar todo um clima de mistério. Não é mostrado a origem ou dada qualquer explicação sobre o surgimento dos zumbis, a única coisa que é mencionado é o fato deles terem morrido em decorrência do frio.

Também não é jogado qualquer informação nas cenas iniciais sobre os personagens, não sabemos quem é o que de quem, criando todo um clima de suspense envolta dos personagens. Essas questões vão sendo respondidas nas cenas de flashback que são colocadas no decorrer do longa e acabam revelando certas reviravoltas até interessantes e que agregam na qualidade da produção. O roteiro além de focar mais nos personagens apresentam uma mitologia totalmente reformulada dos zumbis, não me lembro de ter assistindo algum filme que mencionava zumbis adaptados e evoluídos, só zumbis modificados geneticamente, que para mim soou bem original.

O elenco também é outro ponto positivo, o trio principal está muito bem nos seus devidos papéis, com atuações acima da média e com tramas envolventes, mérito do roteiro que soube desenvolver de forma satisfatória a relação dos personagens, o que acaba sensibilizando o público e nos fazendo torcer por suas vidas. O filme apesar de possuir um orçamento limitado, capricha nos efeitos visuais, as ambientações estão excelentes, destacando-se as cenas que mostram a cidade coberta por neve, bem como a cena em que determinado personagem entra em uma casa toda congelada, nela podemos perceber a riqueza de detalhes e o cuidado que se teve na construção do ambiente.

Os zumbis também chamam a atenção, eles são muito assustadores, me lembraram de certa forma os monstros de Abismo do Medo, só que brancos e maiores, existe um certa cena em que um deles aparece mais nitidamente pela primeira vez, que foi simplesmente espetacular, por ser inesperado e assustador. Apesar de ser uma produção sobre zumbis, aqui não temos muitas cenas de mortes, com direito a muito sangue, violência, desmembramento e tripas, visto que, o roteiro foca apenas em três personagens. Portanto, para aqueles que gostam de sangue e mortes violentas irão se decepcionar.

Talvez possa soar como ponto negativo, mas, muitos não irão gostar da maneira que a trama se desenrola, que é feito de uma forma mais lenta, justamente por ser um filme mais dramático do que um terror escrachado e sem qualquer compromisso. Visualmente o filme tem um qualidade superior, a mutias outras produções de zumbis, com um fotografia belíssima, sendo facilmente visualizada nas cenas que mostram o por do sol e nascer do sol em contraste com o gelo, porém, peca nas cenas mais escuras, que de tão escura acabam prejudicando na visualização das cenas. O final é um dos pontos altos, cheio de ação e muito bem conduzido, mérito do diretor Miguel Ángel Vivas, que faz um trabalho bom e inspirado desde o início do longa.

Enfim, para quem curte filmes pós-apocalíptico de zumbis, onde as relações humanas são o foco e não os zumbis, este filme é um excelente exemplo, pois, possui personagens bem desenvolvidos, atuações acima da média, bons efeitos visuais, monstros assustadores, bons sustos, um bom clima de suspense, um roteiro bem original e uma mitologia inovadora.


Título Original: Extinction

Diretor: Miguel Ángel Vivas

Elenco: Mathew Fox, Jeffrey Donovan, Quinn McColgan, Valeria Vereau, Clara Lago.

TRAILER:


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