Crítica: Somos o que Somos (remake 2013, de Jim Mickle)




Em uma ótima temporada de terror do ano de 2013 – que em tempos não ocorria uma tão boa e neste ano de 2014 também não ocorreu – vários títulos ganharam destaque. E um título menor acabou surpreendendo. Este remake não muito conhecido é a regravação de um filme mexicano nada conhecido, de mesmo nome. Não assisti ao original, mas pesquisei sobre ele e vi que parece ser um interessante terror alternativo, porém precário. Com a direção do promissor Jim Mickle, que surpreendeu a todos com o ótimo Stake Land – Anoitecer Violento – filme vampírico pós-apocalíptico – agora o cineasta adentra mais afundo no terror psicológico. Narrando o conto de maneira lenta, meticulosamente detalhada através da direção de arte e figurino, o filme é surpreendentemente bom, e chocante!

Como já mencionado, a narrativa é lenta, o que não atrapalha o desenrolar dos fatos. A primorosa direção de arte encanta pelos detalhes da casa velha, roupas desbotadas e de época, objetos e todo tipo de detalhe belamente pensado e colocado. A maquiagem e o figurino são condizentes com o clima do longa. O roteiro razoavelmente bom surpreende por fazer um filme de terror genuíno, não com sustos baratos e efeitos especiais de câmera trêmula. Não, aqui o terror fica por conta dos diálogos densos, atuações frias e criação de uma atmosfera pesada. Há uma melancolia nas personagens poucas vezes vistas no gênero. O elenco está todo assustadoramente bem, principalmente a menina mais jovem. E este tipo, meus amigos leitores, são os filmes de terror de verdade.

Aqui, o tema canibalismo é retratado aos poucos, o horror ocorre sutilmente e há uma forte crítica social e até mesmo religiosa impregnada, mostrando até onde o controle em nome de algo pode ir. Com uma direção invejável de Jim Mickle, o longa caminha aos poucos para dois caminhos: a liberdade e redenção das jovens filhas, ou a perdição total em um mundo sombrio, regado a sangue. Então recebemos um golpe, um final chocante, cru e sufocante, que fica doendo na mente por horas, talvez dias. Dentre tantos filmes de terror com fantasminhas que não aparecem, torturas intermináveis e sustos baratos, Somos o que Somos surge surpreendendo, fazendo-nos refletir sobre nossa cultura de criação, nosso legado de família e nossos instinto mais selvagens. Um filme de tirar o fôlego, um final perturbador. O melhor terror de 2013. E eis que fica a questão: quais são nossos instintos, qual nossa verdadeira natureza, somos o que somos?




Direção: Jim Mickle

Elenco: Ambyr Childers, Julia Garner, Bill Sage, Michael Parks, Kelly McGillis.

Sinopse: em sua pequena cidade, os Parker são conhecidos por sua discrição e reclusão. Dentro de casa, o pai Frank cria a família com extrema severidade. Depois da morte brutal e inesperada da mãe, as irmãs adolescentes Iris e Rose precisam cuidar do irmão mais novo, Rory. Logo, porém, elas vão carregar um peso ainda maior, conforme se deparam com novas responsabilidades. Sob o comando do pai, precisam levar adiante e a todo custo uma tradição ancestral.






                                   Trailer:






















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