Crítica: Horns (O Pacto – 2014, de Alexandre Aja)



Como já mencionado aqui no blog, 2014 vem sendo um ano fraco para o terror. Mas nesta época de Halloween e inverno americano, vários títulos do gênero chegam. E dentre eles um dos mais esperados era este Horns (traduzindo seria Chifres), que no Brasil a distribuidora cometeu o crime de colocar o nome clichê O Pacto. De pacto o filme não tem nada, sem falar que devem ter uns 10 filmes com este título, literalmente. Por isso usarei o nome original do longa. Acontece que Horns não é perfeito ou extremamente assustador, mas na falta de grandes filmes, este é uma grande novidade! Baseado em um livro do escritor Joe Hill, o filho do mestre do suspense literário Stephen King, o longa surpreende por ser uma fábula obscura.


Embora seja o eterno Harry Potter, Daniel Radcliffe está se esforçando para deixar a imagem de “bruxinho” para traz. E aqui em Horns ele consegue. Com um papel maduro, pesado e irônico, o jovem entrega uma atuação boa. Sua personagem Ig tenta provar que não matou a namorada, enquanto lida com recordações felizes e tristes, descobertas chocantes e perseguição por parte da comunidade em que vive. Se não bastasse toda a dor, nascem nele chifres, literalmente! E há a suspeita dele ter levado “aqueles chifres” por parte da amada também. Bem, junto com os novos adereços, vem a habilidade de extrair a verdade das pessoas, e assim mandar nelas. Com estes poderes ocorrem uma série de bizarrices, onde os instintos mais selvagens de alguns afloram.



O roteiro de Horns mistura fantasia gótica, um suspense intrigante e um humor negro e ácido. O filme, que é para maiores de idade, acaba não assustando tanto, onde perde alguns pontos. Mas em contraste, ganha outros por arriscar em ser um filme fora do comum. Há momentos ironicamente engraçados, tamanha desgraça e situação bizarra em cena. Os chifres do rapaz acabam sendo muito mais do que uma maldição, sendo na verdade fundamental para o esclarecimento da trama. Mesclando estes elementos temos alguns flash backs, contando a história de Ig e sua amada, interpretada de maneira angelical por Juno Temple. Interessante que Juno vem fazendo uma série de pequenos mas bons papéis, sendo uma jovem atriz acima da média mas que ainda não brilhou como deveria.



O irmão de Ig é vivido pelo bom ator Joe Anderson, que tem um coadjuvante de peso. O filme também apresenta uma boa fotografia, ótima trilha sonora de rock e alguns efeitos especiais bacanas. Parte destes efeitos ajudam a tirar o terror do filme, dando um tom de fantasia. Mas no geral o longa continua interessante. E não posso deixar de comentar do diretor. Deixei ele para o final de propósito. Alexandre Aja é um dos poucos cineastas da atualidade que trabalha com gosto o terror. Já nos entregou um tenso e pesado Alta Tensão, um bom e fantasmagórico Espelhos do Medo, um debochado e agitado remake de Piranhas 3D e um dos melhores remakes já feitos, talvez melhor que o original. Falo de Viagem Maldita, remake do Quadrilha de Sádicos. Aja tem uma mão pesada na direção. Seus filmes pegam o clichê e apresentam de maneira irônica, absurda, sangrenta e sensual. Seus filmes são pesados e de alguma forma criticam algum ponto, seja na sociedade ou no mundo do entretenimento. Alexandre Aja está de parabéns até aqui.


Horns pode carecer de terror em si, de um final mais forte e de seriedade. Mas ganha pontos com uma boa produção, bom elenco, um roteiro envolvente e até certo ponto original. Sem falar na ótima direção. Algumas cenas são muito bem filmadas e há momentos alucinógenos. A meia hora final é cheia de revelações e surpresas. E em um 2014 fraco para o terror, Horns consegue ser o melhor que vi no ano. Talvez apareçam alguns melhores ou que assustem de fato. Mas desde já, Horns merece ser visto. Depois de assistir ao filme me peguei refletindo: esqueça chifres, tridente e fogo. O inferno e os demônios são as pessoas. Cada uma mais obscura ou depravada que a outra. Como diz uma música do ‘Detonautas’, “o inferno são os outros …”








Direção: Alexandre Aja



Elenco: Daniel Radcliffe, Juno Temple, James Remar, Joe Anderson, Max Minguella e Kelli Garner.

Sinopse: aqui, Radcliffe vive Ig Parrish, um homem comum suspeito de assassinar brutalmente sua antiga namorada. Todos na cidade parecem ter decidido que Ig é mesmo culpado, especialmente quando chifres diabólicos começam a crescer de sua cabeça durante a investigação. O homem percebe, por outro lado, um benefício dos adereços inexplicáveis: todos que estão por perto dele passam a dizer apenas a verdade, a verdade horrível que ninguém revelou a outra pessoa antes. Talvez, esses chifres possam ajudá-lo a descobrir quem realmente cometeu o assassinato.

                                  Trailer:






  

  

  

   

  

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