SAM PECKINPAH DESTROÇADO!


Juramento de vingança (Major Dundee) é o terceiro filme de Sam Peckinpah. Foi realizado dois anos após Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country, 1962), olhar nostálgico, melancólico e compassado sobre o ocaso do cowboy e o fechamento da fronteira. Agora, o ponto de vista é outro, marcadamente brutal e desesperançado. Juramento de vingança serve de prelúdio a Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch, 1969), western-testamento do diretor. Infelizmente, por imposição dos produtores, terminou criminosamente desfigurado na montagem. Mesmo assim, é uma realização vigorosa, fascinante e hipnótica.





                                        Juramento de vingança
                                                Major Dundee

Direção:
Sam Peckinpah

Produção:
Jerry Bressler

Columbia Pictures Corporation, Jerry Bresler Productions

EUA — 1964


Elenco: Charlton Heston, Richard Harris, James Coburn, Jim Hutton, Senta Berger, Slim Pickens, Michael Anderson Jr., James Colwin, Mario Adorf, Brock Peters, L. Q. Jones, Emilio Fernandez, Begonia Palacios, Michael Pate, Ben Johnson, Warren Oates, R. G. Armstrong, Karl Swenson, John Davis Chandler, Dub Taylor, Albert Carrier, José Carlos Ruiz, Aurora Clavell, Begonia Palacios, Enrique Lucero, Francisco Reyguera, os não creditados Whitey Hughes, Cliff Lyon, Jody McCrea, Marvin Miller, Dennis Patrick e Rockne Tarkington.

Em 1962 Sam Peckinpah realizou Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country). É uma das mais belas e nostálgicas evocações cinematográficas sobre o fim de uma era conformada aos feitos históricos e míticos dos cowboys que abriram a fronteira Oeste dos Estados Unidos às suas iniciativas expansionistas e colonizadoras. O filme testemunha o ostracismo a que foram relegados os exploradores pioneiros, após desbravar e conquistar, de modo nada pacífico, o território povoado por índios e bisões, integrando-o à marcha ocidental de civilização e progresso. Steve Judd (Joel McCrea) e Gil Westrum (Randolph Scott), sobreviventes dessas épocas heróicas, estão velhos e esquecidos. Assistem, entre a perplexidade e a resignação, ao encerramento de seu mundo. Resistem como incômodos anacronismos a perturbar o nascimento de um tempo novo, que desponta trocando o cavalo pelo automóvel; aposentando cinturões, revólveres, alforjes e chapéus, substituindo-os por livros, pastas, leis, ternos e cartolas.

Judd e Westrum são surpreendidos num ponto de inflexão da história, momento em que o velho e o novo, em nítida diferenciação, estranham-se mutuamente. Conscientes da nova situação, mas incapazes de readaptação, gostariam somente de uma honrosa saída de cena. Peckinpah os observa com o carinho revestido de reverência, lirismo e contemplação. Pistoleiros do entardecer nem parece um filme do diretor, principalmente se comparado aos brados desesperados, carregados de niilismo e desesperança dos westerns que lhe seguiram, pavorosamente intitulados, no Brasil, como Juramento de Vingança e Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch, 1969).


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