Crítica: Sem Dor, Sem Ganho (2013, de Michael Bay)


 


Baseado em um artigo de Pete Collins, do ‘Miami New Times’, esta é a nova
obra de Michael Bay. O diretor mais megalomaníaco da atualidade, responsável
por montanhas russas intituladas trilogia ‘Transformers’, responsável por ‘Perl
Harbor’, ‘A Ilha’, ‘A Rocha’, ‘Armageddon’ e os dois ‘Bad Boys’; agora entrega
o seu projeto mais inusitado. Definir ‘Sem Dor, Sem Ganho’ é muito difícil. O
trabalho mais autoral, simples e “humilde” de Bay é ao mesmo tempo o
mais estranho. Na trama que é baseada nesta reportagem verídica dos anos 90,
três fisiculturistas querem ter dinheiro, mulheres e o corpo perfeito. Para
alcançar o “sonho americano” se envolvem numa trama de sequestro,
assassinato e extorsão, onde tudo dá extremamente errado. Mas tudo acontece de
maneira ridiculamente engraçada e inacreditável.





Este é um filme que facilmente divide a opinião da maioria. Ao mesmo tempo que tem seus momentos cômicos e bem executados, a ideia e a proposta em si são “sem pé e sem cabeça”. Um dos problemas é você definitivamente não acreditar que isto é um fato verídico, tamanha estupidez e bizarrice dos indivíduos envolvidos. O roteiro não é dos piores (se tratando de Bay, este roteiro segue uma interessante linha “comédia adulta com críticas ácidas”). Mesmo assim, o longo tempo de duração e as várias cenas desnecessárias fazem da obra exagerada. E aí entra a primeira característica de Michael Bay: levar tudo ao extremo sempre. Em ‘Armageddon’ o diretor pega pesado com destruições em massa e sentimentalismo no final, adicionando inclusive a famosa canção I Don’t Want To Miss A Thing’ do Aerosmith. Em ‘Bad Boys 2’ a cidade toda e todos seus carros são destruídos em uma única sequência de perseguição, com direito à cadáveres do caminhão do necrotério voando. Na trilogia ‘Transformers’; a ação, a adrenalina e os efeitos especiais são levados ao extremo com gigantescas e grandiosas sequências de batalha e destruição. Aqui em ‘Sem Dor, Sem Ganho’, que custou míseros 20 milhões de dólares (‘Transformers’ ficaram na base de 250 milhões cada filme), o diretor consegue exagerar.


Seu exagero desta vez fica por conta de situações chulas e do colorido visual. Como ponto extremamente positivo, Bay mais uma vez entrega um filme chamativo. A direção de arte e o pessoal da iluminação utilizaram cenas muito bem nítidas, claras e interessantes. O design das academias e das casas é limpo e transmite uma ideia de “sonho americano”. Interessante estes ambientes limpos contrastarem com as mentes sujas. Este é o filme mais “pesado” e descontraído de Bay. Mesmo assim há momentos que ele tenta ser comprometido com uma mensagem ácida, mas não tem base sólida para manter a ideia. Os fatos são tão bizarros que impedem que você creia e leve em conta alguma mensagem que a obra possa ressaltar. Isto compromete o andamento da trama e sua capacidade de divertir. Parece que em certos momentos o filme agride sua mente, tratando o expectador como burro, igualzinho às personagens centrais.


O elenco é muito bom.  Mark Wahlberg e Dwayne Johnson são dois caras que dispensam apresentações, sem falar que mais uma vez eles divertem e seguram as pontas. Anthony Mackie (‘Guerra ao Terror’) não é tão conhecido, mas também se sai bem no seu papel, embora sua personagem seja rebaixada. Tony Shalhoub (o eterno ‘Monk’) é muito divertido e tem uma das melhores cenas do filme. A modelo israelense Bar Paly é estonteantemente linda e sexy, mas como já é clichê nos filmes de Bay, só serve para encher os olhos dos marmanjos. Sua atuação é péssima, mas quem liga se você já sabe o que esperar de um filme deste diretor? Além dela, o que mais há neste filme são garotas de biquíni, roupa de malhar ou sem roupa alguma, sensualizando muito. Ainda temos Rebel Wilson e Ken Jeong mais uma vez tentando serem engraçados, sem muitos frutos desta vez. E por fim temos Ed Harris como o típico “cara da lei e do governo”, em mais um papel sério e de importância apenas para o final do filme, onde os “ganhos” são pagos com “dor”.


A tentativa de alguma seriedade faz do filme impossível de se dar credibilidade. Alguns diálogos e boas sacadas que lembram o estilo de Quentin Tarantino são sufocados por coisas desmioladas. Há momentos em que a ação pega, com câmera lenta e efeitos típicos deste diretor. Em outros a comédia de humo negro é que comandam, com cenas como a de um cão com um dedo humano na boca ou  Dwayne Johnson totalmente surtado. É uma obra muito instável, com tudo muito louco e estranho. Visualmente bacana, no geral o filme irá agradar aos amantes do fitness, do humor negro e principalmente dos marmanjos de plantão, que irão curtir um ou outro corpinho bonito. Foi o filme de Michael Bay que mais ri, mas foi o menos interessante de se aguentar. O final lança questões sobre o estilo de vida perfeito e o que se pode fazer para alcançá-lo. O final dos hilários “bombados” poderá desagradar alguns, mas foi o que aconteceu. Fico imaginando o seguinte: do que é apresentado no filme, o que será que realmente aconteceu? Por que se alguns fatos ali realmente ocorreram, passei a ter mais medo de quem faz academia e cultua o corpo. Michael Bay, que de tanto ser malhado e detonado pela crítica especializada, parece brincar com a situação e lançar um filme que agride a todos. E o pior é ver que às vezes se tem “dor sem ganhar absolutamente nada”.


NOTA: 6






Direção: Michael Bay


Elenco: Mark Wahlberg, Dwayne Johnson, Rebel Wilson, Anthony Mackie, Ed Harris, Ken Jeong, Rob Corddry, Tony Shalhoub, Kurt Angle, Bar Paly.


Sinopse: do diretor Michael Bay surge o filme ‘Sem Dor, Sem Ganho‘, uma nova comédia de ação estrelada por Mark Wahlberg, Dwayne Johnson e Anthony Mackie. O filme é baseado na incrível história verdadeira de um grupo de personal trainers da Miami dos anos 90 que, em busca do “sonho americano”, se envolve em uma série de crimes em que tudo dá terrivelmente errado.




Trailer:









Bônus – A beleza da israelense Bar Paly:


























Mais fotos e cartazes do filme:

































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