CRÍTICA: O Homem de Aço (2013)

Eu assisti ontem essa esperada produção no cinema com um amigo. 
Eu não queria assistir. Antes eu não me interessei nem mesmo em saber nada sobre esse filme (e olha que procuro pesquisar sobre todos os filmes). Só vi o cartaz por acaso, mas nem o trailer me animei para conferir. Daí esse “amigo maravilhoso” me arrasta para dentro da sala de cinema – lotada por sinal – e com aquele óculos 3D enorme na minha cara, o que esperar afinal?…

Não se trata de nenhuma trama que eu precise detalhar. TODOS conhecem o Superman e uma vez que eu admito que QUASE TODOS assistiram ao filme do super herói de 1978… Esse filme chega muito perto de ser um remake do filme da década de 70, então vocês já podem imaginar perfeitamente o que terão pela frente.
A cena que abre o filme é a da mãe do nosso pequeno herói dando luz à ele e daí rola toda aquela destruição do seu planeta e o momento em que ele é enviado para a Terra. Coisas importantes e indiscutíveis são notadas já nesse prólogo:
1 – Os efeitos visuais são o melhor que poderiam ser;
2 – As tentativas de criar cenas com algum sentimento, alguma tristeza honesta, não é tão eficiente e
3 – Epa! Alguma coisa está errada aqui!
Depois que o pequeno chega na Terra, esperamos toda aquela sequência do menino que se torna adolescente nos mostrando como ele vai descobrindo os seus poderes, mas o que temos em seguida já é o Superman marmanjo e barbudo salvando gente em uma plataforma de petróleo no alto mar em chamas (mas ele sem o icônico uniforme, ainda tentando se esconder do mundo). Eu só olhei para o meu amigo ao meu lado e trocamos olhares que questionavam “Mas o quê?!”.
Logo essa ordem se explica. O que esse novo roteiro faz é intercalar a sua adolescência e vida adulta em flashbacks (naquele mesmo esquema de tentativas de emocionar que nunca funcionam). 
Aparece Amy Adams fazendo o papel de Lois Lane e as sequências que vão acontecendo, Clark Kent salvando gente nas situações mais forçadas que incluem um ônibus caindo do alto de uma ponte em um lago e até mesmo um tornado, nos dão a quarta conclusão que tiramos do filme:
4 – Reduziram o Superman a um personagem inteiramente “dos quadrinhos” em um filme que não passa de uma colagem de atos heroicos para exibir os mais caros efeitos especiais.
Christopher Nolan (o gênio por trás da mais nova trilogia Batman) escreveu o roteiro e eu juro que a primeira coisa que disse para o meu amigo quando a luz na sala se acendeu e eu levantei foi “Eu não acredito que Nolan escreveu isso.”
Nolan tenta. Sua especialidade em humanizar super heróis está visível aqui mesmo que fraquinha como nunca antes, quando vemos um Superman que rouba, se vinga e até mata. Mas logo chegamos ao coração do problema central do filme:
5 – Ele nunca se decide! É só um blockbuster de 225 milhões de dólares cheio de explosões e nenhum cérebro? É uma tentativa de criar algo cheio de ação e ao mesmo tempo algo que tem condições de virar clássico como aconteceu com o “novo” Batman? É pra honrar o status do personagem e a memória do filme clássico (que sim, era igualmente bobo, mas o que é aceitável para aquela época, não hoje)? Ou é mesmo só um exercício de futilidade?
Essa indecisão é o que pulveriza o filme, porque ele não acaba sendo eficaz em nenhuma dessas ambições ao tentar alcançar todas elas ao mesmo tempo. É pra ser só ação e efeitos especias? Ok (mesmo que ainda soe como algo inadmissível quando o personagem em questão é um que atravessou gerações e é tão importante). Mas então não tente ser mais do que isso e entregue um trabalho “incompleto”.
Sinceramente não sei o que aconteceu com Nolan. O que também discuti com o meu amigo dentro do cinema mesmo foi como o filme tinha a impressão de estar “correndo”. Situações iam se ligando umas as outras de forma desleixada. Ao diretor Zack Snyder eu não dirijo nenhuma frase indignada. Seu trabalho é correto e SEMPRE a razão de um filme não ser tão bom quanto poderia ser é do ROTEIRO. O elenco está ok (também não é o tipo de filme de onde se espera que saia uma atuação digna de Oscar), mas Henry Cavill não será lembrado como Superman daqui a quinze anos. Esse filme não será lembrado daqui a dez anos! Esquecível, esquecível…
Eu sou aquele que previu bem antes que o filme Anna Karenina levaria o Oscar desse ano de melhor figurino e agora eu venho com outra previsão, então anotem: O Homem de Aço levará o prêmio de melhor som no Oscar porque é o filme mais barulhento em anos! Em um nível, na tal batalha final, que depois que era gente rolando pelo chão e destruindo uma dúzia de prédios de 100 andares e quase quarteirões inteiros, quando tinha um raro momento de quietude, meu amigo se virava para mim e dizia “Graças a Deus, silêncio”.
O desfecho me empolgou (é um filme que eu posso até ver de novo quando bater aquela vontade de simplesmente ver coisas explodindo. Eu não queria ver o filme, mas não o odeio de graça. Tentei ao máximo ser imparcial aqui) ao mesmo tempo que me encheu de questões. “É isso no que o cinema se resumiu?” Porque agora parece regra. Um filme para fazer mais de meio bilhão mundialmente tem que ter super heróis destruindo meia cidade na conclusão do filme.
Não é como se eu tivesse me arrependido do valor que foi pago no ingresso, mas eu saí da sala de cinema com dúvidas pesando. Foi possível me distrair por 2h20m… Mas se tratando do personagem já “mitológico” que é o centro desse filme, eu queria só me distrair? Todos os envolvidos do filme estavam certos em apenas fazer o mínimo (intelectualmente falando) para nos distrair?
Ao menos foi interessante pela primeira vez me dar conta de que eu não assisto mais a um filme como antes. Agora eu assisto visualizando como tal cena foi escrita e como o diretor estava posicionando a câmera em tal momento. 
No fim das contas fiquei feliz por ter visto. Não tenho outra saída a não ser classificá-lo como “mediano” e agradecer por ele ter me proporcionado uma reflexão importante à parte sobre esse nosso atual cinema que para ter sucesso parece estar atado a coisas como Thor 2 e Capitão América 2.
E até quando uma febre desse tipo dura?
Aguardando…



NOTA 6 de 10

  


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