Crítica: Homem de Ferro 3 (2013)



Direção: Shane Black


Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Guy Pearce, Rebecca Hall, Jon Favreau, Ben Kingsley, James Badge Dale, Stephanie Szostak, Paul Bettany, William Sadler, Dale Dickey, Ty Simpkins, Miguel Ferrer, Xueqi Wang.


Sinopse: Em Homem de Ferro 3, o industrial, arrogante, porém brilhante, Tony Stark/Homem de Ferro luta contra um inimigo cujo alcance não tem limites. Quando Stark vê seu mundo pessoal destruído pelas mãos de seu inimigo, ele embarca em uma angustiante jornada para encontrar os responsáveis. Uma jornada que a cada reviravolta seus brios serão testados. Pressionado, Stark terá que sobreviver lançando mão de seus próprios dispositivos, contando com sua engenhosidade e instintos para proteger aqueles que lhe são mais próximos. Em sua luta para retornar, Stark descobre a resposta para a pergunta que o atormenta em segredo: o homem faz o traje ou é o traje que faz o homem?



Trailer:



Hoje eu quebrei um “jejum” de alguns meses sem ir ao cinema. A mistura de falta de tempo com falta de interesse em assistir algo na telona nos últimos meses fez com que eu visse alguns títulos em casa mesmo. Mas para quebrar este tempo, fui logo conferir o novo filme do super herói mais amado de 2008  para cá. Homem de Ferro 3 veio com uma missão complicada. Após a investida em Homem de Ferro, O Incrível Hulk, Homem de Ferro 2, Thor e Capitão América, a Marvel Studios lançou seu sonho nerd megalomaníaco, chamado Os Vingadores. O filme que reuniu a equipe de heróis surpreendeu a todos, ganhou aprovação de críticos e público; arrebatou bilhões em bilheteria e se tornou a terceira mais vista e lucrativa obra de Hollywood em todos os tempos. Nesta enorme responsabilidade, a nova aventura de Iron Man vem com a missão de agradar ao mundo. Conseguiu?

Saí da sala de cinema estasiado após todo o final do filme. Sem falar na fila gigantesca tanto de quem saia como de quem estava para ver a próxima sessão. No geral gostei muito do filme, embora não seja o máximo que todos esperavam. A direção de Shane Black é boa. O cara que dirigiu o divertido Beijos e Tiros faz aqui umas melhoras na direção. Mas como é comum nos filmes de heróis, a inspiração vem nas cenas de ação. Várias tomadas estilizadas são executadas de forma correta. Alguns ângulos de câmera estão passando uma mensagem sem que você perceba. Nas cenas em que Tony Stark está arruinado, apanhando ou perdido (quase todo filme), a câmera fica por cima, focando o herói abaixo. Os vilões e as cenas em que o caos opera, a câmera fica mais abaixo, mostrando o estrago e as maldades por cima. E no final, na grande batalha, sempre quem está batendo mais também fica por cima. Isto facilita na leitura visual e caracterização da situação das personagens. Pena que eu senti que ele teve pressa em alguns momentos. Há cenas bem rápidas, onde a câmera não fica nem 5 segundos e aí vem o corte. Mesmo que com 2 horas e 10 minutos de duração, há momentos rápidos e bem apressados no filme. Poderia ter 2 horas e 30 fácil!

As piadas e trejeitos de Tony continuam sendo um ótimo tempero para trama. Mas desta vez ele fez menos piadas e o Mandarim rouba as cenas com um jeito hilário. O roteiro nos mostra um herói mais frágil, sujeito à falhas e quase perdido por completo. Neste quesito o roteiro foca no herói, tapando as falhas que possui. Há muitas personagens, e a maioria é mal desenvolvida. Claro que estamos falando de um filme de super herói e efeitos especiais, então não se foque em roteiro. Temos que “quebrar” estas barreiras que os críticos colocam em relação aos blockbusters.  Mas claro que um roteiro bem amarrado ajuda. E aqui há uns truques para burlar as falhas. Um acerto no roteiro é a “pegada” política, que aliás toda a saga teve. Vivemos em tempos loucos, de terrorismo e testes nucleares. Homem de Ferro 3 captura um pouco disso em alguns momentos, sem deixar seu lado científico; claro. Aliás, Tony é um homem da ciência, fazendo uma homenagem ao pessoal ligado nesta área e aos eletrônicos. Tenho um grande amigo que é eletrônico e programador. Qual o herói favorito dele? Pois é, e ele sempre diz que apesar de caro, o herói mais plausível de se tornar é Iron Man.

No elenco, Robert Downey Jr é o cara. Carisma, aquele ar de “eu sou o gênio que salva o mundo”, seu humor negro genial, tudo vem do ótimo ator. Robert Downey Jr. é Tony Stark, Tony Stark é o Homem de Ferro e o Homem de Ferro é Robert Downey Jr.  Gwyneth Paltrow aqui ganha um destaque a mais. Gostei da atitude dela no final, era o que estava faltando na personagem. Don Cheadle é usado basicamente, como amigo e segundo herói da saga. Jon Favreau (que era o diretor do dois primeiros) volta no seu papel de segurança. Aparece menos, mas é um papel importante no início da trama. Guy Pearce e Rebecca Hall são as surpresas do filme, tanto na atuação que está boa, como nas reviravoltas. Ben Kingsley está genial e hilário na pele de Mandarim, embora apareça pouco e não é nada do que está na HQ. 

Falando em HQ, aí está um dos problemas. Não acompanho quadrinhos, mas pesquiso sobre e as HQ’s Extremis do Iron Man, onde ele enfrenta seus piores demônios, e luta contra o Mandarim, é uma das linhas mais conceituadas. Aqui no filme, muita coisa é mudada. Por isso, fãs dos quadrinhos e aqueles nerd’s mas exigentes estão torcendo o nariz para o filme. Realmente o que fazem com o Mandarim, quando comparado com o original da Marvel, é um sarro. Ficou engraçado, e por eu não cultuar os quadrinhos, gostei. Mas isto é um fator que tem feito muitos reclamarem. Outra coisa é que o filme não tem tanta ação. É bastante enrolado no início e meio. Li comentários de alguns que não gostaram do final, pois esperavam algo maior, e também de que o filme não liga ao Vingadores 2, que está vindo aí. Mas esta parte aqui eu defendo o filme.

Os Vingadores era algo maior e revolucionário. Por isso era necessário preparar o público com histórias individuais amarradas entre si. Agora não é mais preciso. Assim como cada um dos heróis terão suas aventuras, ocasionalmente terão estas reuniões “maiores” para salvar toda humanidade. Este Homem de Ferro 3 é totalmente centrado no herói. É pura e instintivamente Tony Stark. Até o tempo em que ele usa a armadura é pouco. Confesso que gostei de ver ele lutar como humano, sendo o Tony, mas como o final indica, não deixando de ser um herói, um ideal, afinal podem tirar tudo dele, mas ele é o Homem de Ferro. 

A trilha sonora está correta. Nada especial, mas cumpre seu papel. Os efeitos especiais estão excelentes. Não há o que reclamar. Tudo é feito com primeira linha. O filme adota alguns tons de imagem e cenários puxando pro mecânico: cenas cinzas, azul escuros, sombrias. E em alguns momentos parte para o dourado e amarelo: referências ao traje e às chamas de fogo presentes nos estragos da batalha. As cenas de ação são cheias de tensão. A cena da destruição da casa do Stark é de dar pena. A sequência do avião é boa e de roer as unhas. O final é bem eletrizante e há bastante pancadaria, com direitos à surpresas.

Não devo deixar de falar: que campanha de marketing! Os cartazes, os trailers, as entrevistas e  notícias. Foi uma grande campanha, e bastante enganosa. Falaram que o Mandarim seria um dos maiores vilões do cinema, mas isto foi uma grande jogada. Até porque o Mandarim é relativo. Não é quem pensamos ser. A personagem de Rebecca Hall também engana. Os trailers grandiosos prometiam algo gigantesco. Era um dos filmes que muitos apostavam ser nota 10. O que não acontece! O filme é o oposto dos trailers. Nada é o que parece e o filme toma um rumo diferente do que pensávamos. A maioria tem visto isso com maus olhos. Eu não, gostei do filme, embora não seja o nota 10 prometido.

Enfim, embora pudesse ser mais do que foi, e ficar aquele ar de que faltou algo; o filme diverte. Traz cenas eletrizantes, um elenco coerente e Robert Downey Jr, que vale o ingresso. Está fazendo um estrondoso sucesso: em menos de 2 semanas já soma mais de 600 milhões de dólares. Já é o mais visto de 2013 e grandes chances de ser o mais visto até fim do ano. Pelo jeito, chegará fácil ao seleto grupo dos filmes que alcançam 1 bilhão arrecadado. Talvez se torne uma das 5 produções mais vistas da história. Será que bate Os Vingadores? Há chances. Não que seja melhor, mas porque o público ama tanto este excelente universo Marvel, que o que vier dali vira ouro. Aos menos exigentes fica a dica: desligue o cérebro, compre o tamanho família da pipoca, compre um refrigerante e afunde na poltrona. Irá curtir uma divertida superprodução de 200 milhões de dólares. Estaremos no aguardo de Thor – Mundo Sombrio (ainda em 2013), Capitão América 2 (ano que vem) e já estão em produção o Homem-Formiga, Dr. Estranho e o aguardadíssimo Os Vingadores 2. Como cinéfilo, sou obrigado a defender a iniciativa da Marvel. Suas produções não visam fazer pensar e chegar até o Oscar. Estão aqui para te levar a universos fantasiosos, te distrair e subir sua adrenalina nas cenas de ação. E isso tem sido feito com louvor. Mesmo não sendo o melhor filme do ano, como prometido, Homem de Ferro 3 agradará grande parte do público, tendo como grande trunfo o ótimo Robert Downey Jr como o herói pretensioso e badboy que tanto gostamos.

NOTA: 8,5



  

  

   

  

  

  


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