Duna (2021, de Denis Villeneuve) A Experiência Sensorial e Cinematográfica do Ano

Duna é uma obra-prima sensorial.

Assisti no cinema e agora está disponível na HBO MAX, e acredite, é imperdível. É o tipo de filme que faz valer a pena ser cinéfilo e amar a sétima arte, é o exemplo perfeito de pleno potencial que as superproduções possuem em mesclar arte abstrata com exercícios técnicos concretos. É o filme mais visualmente estonteante e belo do ano e facilmente um dos melhores de 2021. E é a maior experiência cinematográfica que você presenciará agora, mesmo no conforto do streaming em casa.

É aquele tipo raro que transcende o simples fato de ser um filme, se tornando uma experiência sensorial, que te permite experimentar sensações e novas realidades. Você não apenas assiste, você experimenta e vive Duna. É algo quase espiritual.

O livro clássico é um dos mais importantes na ficção científica e tido como infilmável. O filme dos anos 80 e duas minisséries dos anos 2000 foram fracassos. Mas o implacável Denis Villeneuve, de A Chegada e Blade Runner 2049 consegue se desdobrar ao trazer a mística trama de forma enigmática no conceito, mas palpável tecnicamente. Villeneuve caminha para ser o mais importante cineasta de ficção científica deste século, e sem exageros, pode o ser de fato.

A junção da esplêndida fotografia, com o ensurdecedor trabalho sonoro ajudam a dar o tom deste épico espacial, que transita entre o homérico e o profético, entre o material e o apoteótico, entre cenários grandiosos contrastando com o intimismo dos personagens. Visualmente e sonoramente rico, em uma síntese visual que permeia as personas frias e ambíguas da trama.

O filme e o roteiro se soltam de amarras dramáticas comuns, deixando os personagens ambíguos e incompletos, propositalmente cinzentos e frios, para assim focar-se na experiência audiovisual do que é esse universo. Através de uma construção minuciosa desse universo, planeta, culturas, idiomas, religiões, especiarias, políticas e intrigas, é como uma viagem a um novo mundo que realmente existe. Através de uma criação visual e sonora ultrarrealista, quase sentimos o calor, a areia áspera, o vento constante, o estrondo das naves e uma atmosfera intensa e estranha no ar. É palpável nos detalhes, e esses detalhes lentos constroem um mundo esplêndido e hostil.

Com direção, direção de arte, figurinos, efeitos especiais, efeitos sonoros, trilha sonora e fotografia espetaculares, o grande elenco e os roteiristas dão conta do recado em acompanhar essa difícil missão de complementarem toda essa perfeição técnica. Timothée Chalamet entrega um competente protagonista, excessivamente misterioso, quase vago, construído a partir das incertezas das profecias inseridas na trama. Rebecca Ferguson é a melhor em cena, com uma personagem dúbia que certamente dará o que falar nas continuações. O restante do elenco é ok, talvez construídos de forma apática propositalmente, mas eficientes na condução da narrativa, uma vez que a proposta aqui não são atuações explosivas, mas um produto que fale através do som e das imagens, como se estes fossem os verdadeiros protagonistas.

Uma obra ousada, que toma rumos que a maioria das superproduções fogem, mira alto com certa prepotência, mas que consegue cumprir com esta proposta. Duna é o tipo de obra de arte que não é para todos os gostos e nem poderia. Não é uma simples diversão, mas foi planejado como uma experiência. Místico, reflexivo e intenso, vai com tudo ao Oscar e deve trazer uma aguardada segunda parte, talvez até uma trilogia, e séries no streaming. Potencial e material para isso existe. Será uma espera e tanto. Palmas, não perca essa experiência na HBO MAX, na maior tela e no maior som possível, o impacto é fenomenal. Meu filme favorito do ano até então.

Título Original: Dune

Direção: Denis Villeneuve

Duração: 156 minutos

Elenco: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Josh Brolin, Stellan Skarsgård, Dave Bautista, Zendaya, David Dastmalchian, Stephen Henderson, Charlotte Rampling, Jason Momoa e Javier Bardem.

Sinopse: A vida do jovem Paul Atreides (Timothée Chalamet) está prestes a mudar radicalmente. Após a visita de uma mulher misteriosa, ele é obrigado a deixar seu planeta natal para sobreviver ao ambiente árido e severo de Arrakis, o Planeta Deserto. Envolvido numa intrincada teia política e religiosa, Paul divide-se entre as obrigações de herdeiro e seu treinamento nas doutrinas secretas de uma antiga irmandade, que vê nele a esperança de realização de um plano urdido há séculos. Baseado no romance homônimo de Frank Herbert.

Trailer:

Assistiu ao filme? O que achou? Será que tem chances no Oscar 2022?

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