A Mulher na Janela: o mais novo fracasso de Joe Wright

Baseado no elogiado livro de A. J. Finn, A Mulher na Janela traz uma proposta parecida com a de A Garota no Trem, adaptação literária lançada em 2016: uma mulher que tem seus problemas vê algo estranho através de uma janela e começa a investigar por si mesma. Histórias de suspense nesse estilo ganharam o gosto do público nos últimos anos, e após se tornarem best-sellers, viraram filmes; até aí, nada de novo. O problema é que a obra de Finn foi tão mal trabalhada que qualquer vontade que eu pudesse ter de ler o livro foi também por água abaixo.

Anna Fox (Amy Adams) passa os dias sozinha em sua casa, sempre com uma taça de vinho na mão e observando a vida de seus vizinhos pela janela. Recentemente divorciada, ela fala com seu marido e filha todos os dias, mas não sai para vê-los – e nem para fazer qualquer outra coisa – por sofrer agorafobia, uma doença psicológica que a impede de viver normalmente.

Quando a família Russell se muda para a casa em frente à sua, começa a observar a vida da família perfeita e até cria laços momentâneos com o filho e a mãe, que vão visitá-la. Todavia, tudo muda quando ela vê, por sua janela, a mulher sendo morta, mas quando ela chama a polícia, dizem que tudo é coisa da cabeça dela e até a apresentam à Jane Russell. Só há um problema: aquela não é a mulher que ela conheceu.

Embora eu não seja muito fã de filmes de suspense policial nesse estilo, decidi ver A Mulher na Janela por alguns motivos. Primeiro, eu não queria ler o livro – além de o autor ser muito problemático, o tipo de história não me atrai tanto assim –, mas todos falavam sobre e eu sou uma baita de uma curiosa. Segundo, o elenco é composto por nomes como Amy Adams, Julianne Moore, Anthony Mackie e Jennifer Jason Leigh. E terceiro, mas não menos importante, a direção do filme ficou por conta de Joe Wright, responsável por adaptar os livros Orgulho e Preconceito (2005), de Jane Austen, e Anna Karenina (2012), de Liev Tolstói, para o cinema. E, ironicamente, foram as escolhas desse mesmo diretor que fizeram o filme ser tão abaixo da média.

O filme caminha por diversos caminhos e traz diversas propostas de uma forma bagunçada até chegar ao final. Wright tentou fazer um filme conceitual de suspense psicológico, mas acabou criando algo que parece não saber para onde caminhar. No final, passamos por momentos que são tentativas de jump scare amedrontadores e plot twists fascinantes, mas ficaram só na tentativa. Qualquer um que assistir ao filme prestando atenção e usando dois neurônios consegue desvendar a história em um estalar de dedos, tornando o filme pacato, sem emoção e previsível.

Embora a fotografia seja boa, apenas isso se salvou. A trilha sonora não foi muito marcante, apesar de não ter sido ruim, assim como o figurino, que só parece se destacar no minuto final do longa. Contudo, o que se destaca por ser ruim é, para além da direção da narrativa, a direção de elenco, que escalou atores maravilhosos que foram muito mal aproveitados. Qualquer um deles poderia ter feito muito melhor, e sabemos disso porque eles já fizeram inúmeras vezes. Assim, ver todo aquele potencial em tela sendo desperdiçado a cada segundo se tornou lamentável.