Crítica: Minha Irmã (2020, de Stéphanie Chuat e Véronique Reymond)

 


Escolhido da Suíça para representar o país em uma vaga no Oscar de Melhor Filme Internacional de 2021, Minha Irmã é um drama nu e cru que traz as características do cinema nórdico; e isso é um elogio. O cinema dos países nórdicos costuma trazer debates sociais e dilemas do cotidiano de forma simples, mas extremamente humanizada, conseguindo assim ganhar a atenção do público e geralmente da crítica. 

Aqui, a excelente atriz alemã Nina Hoss interpreta Lisa, uma mulher de meia idade que aspira a ser escritora, mas é frustrada profissionalmente, à margem do marido bem-sucedido, que está crescendo dentro da empresa em solo suíço. As coisas se complicam quando seu irmão gêmeo Sven, que sofre com a leucemia, vai passar um tempo na sua casa. Sven, ator de teatro, também vê sua carreira desmoronar por causa da doença. 

Conflitos postos em cena, o filme é um tour de force desses dois protagonistas, especialmente Lisa. Sven é muito bem atuado por Lars Eidinger, que entrega a dor e a frustração para com a sua vida, tanto na luta contra a doença, quanto no fim de sua carreira e o distanciamento do homem que ama. Mas a sua jornada é algo mais próximo do que já vimos em bons filmes de mesma temática. O destaque fica mesmo com Nina Hoss, numa atuação composta em camadas e sentimentos. Não é apenas sua carreira e suas relações com o marido e o irmão que são abaladas, Lisa também é mãe, tem ambições, opiniões e precisa lidar com tudo o que está em jogo. Há passagens em que apenas com o olhar, ela consegue passar alguma preocupação ou insegurança, ela brilha sempre que está em cena.

Mesmo que a obra possua momentos dramáticos que se espera desse tipo de produção, é notável a naturalidade para qual os roteiristas lidam com determinadas situações, como os conflitos entre marido e esposa, a homossexualidade de Sven, o estresse que Lisa passa com toda a situação e até o anticlimático final. Mesmo que com vidas e situações diferentes, ambos irmãos possuem suas lutas e o longa aprofunda muito bem a relação agridoce, mas sincera, entre ambos. 

Com fotografia fria e trilha sonora pouco presente, mas eficiente, o longa debate assuntos sérios, mas nunca cedendo à desesperança, uma vez que a missão aqui é mostrar personagens lidando com a situação enquanto estreitam os laços fraternos. Note no fato de Lisa escrever em determinado momento uma nova versão do conto Gretel e Hansel, ou João e Maria como conhecemos no Brasil, e como na história, irmãos lidam com uma situação assustadora, algo similar ao que Sven e Lisa estão passando. 

Minha Irmã é uma obra simples, mas sincera e que cativa graças às excelentes performances do elenco. Na acirrada disputa pelas cinco vagas da categoria de Filmes Internacionais, não sei se a Suíça conseguirá colocar este longa, mas não importa, o filme merece ser conferido e elogiado. Ele chega aos cinemas que já estão abertos no dia 28 de Janeiro, distribuído pela A2 Filmes, e em breve deve estar disponível para aluguel digital nas principais plataformas. Com tantos bons filmes internacionais surgindo (vide o belo Another Round), só resta dizer: viva o cinema europeu, e viva o cinema nórdico. 

Título Original: Schwesterlein

Direção: Stéphanie Chuat e Véronique Reymond

Duração: 99 minutos

Elenco: Nina Hoss, Lars Eidinger, Marthe Keller, Jens Albinus, Thomas Ostermeier

Sinopse: Lisa desistiu de suas ambições como dramaturga em Berlim e se mudou para a Suíça com os filhos e o marido, que dirige uma escola internacional lá. Quando seu irmão gêmeo Sven, um ator que é estrela do teatro em Berlim, adoece com leucemia, Lisa retorna à capital alemã. DESTAQUE NA PROGRAMAÇÃO DA 44ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO.

 

TRAILER:   

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