Bolshoi (2016, de Valery Todorovsky) – 1º Festival de Cinema Russo

 

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Assistido previamente em cabine de imprensa, trazemos hoje a crítica de Bolshoi, filme que está em cartaz no Festival de Cinema Russo, online e que ficará disponível de forma gratuita até 30 de Dezembro.

Bolshoi acompanha a trajetória de Yulia, que sonha em ser bailarina na cobiçada academia de Bolshoi, maior do seu país e uma das mais lendárias atrações de balé do mundo. Porém, sua jornada não será a beleza e o glamour que ela imaginava. Diferente das lindas apresentações do palco, a vida dos bastidores é difícil, onde treinos intensos, regras, problemas de ciúmes e intrigas entre bailarinas, ameaçam o psicológico dela e de ouras bailarinas. 
O roteiro do filme é em partes bem estruturado ao não exagerar no melodrama, mas tratar de alguns assuntos de forma sutil e natural, tal qual a vida é. Mas por outro lado, ao mesmo tempo o roteiro se contenta em ser contido demais, não explorando a fundo cenas e problemáticas que estão ali, mas somente citadas, nunca aprofundando-se. Com uma classificação indicativa mais leve, o filme se retrai de mostrar cenas e problemas mais fortes, que dariam mais madureza e força à obra. Nisso, se esperava mais, pois tinha-se aqui a chance de se fazer algo mais próximo do maravilhoso Cisne Negro. Mas tentando não comparar obras, aprecia-se essa daqui ao aceitar que a proposta era ser um drama mais sutil, um tanto agridoce, mesclando com as belas cenas de dança.
Nisso, a direção do longa comandado por Valery Todorovsky acerta ao mostrar pouco de início, focando mais no treino e no psicológico da protagonista, para que na metade final tenhamos mais cenas de balé, lindamente coreografadas e enquadradas pelas lentes das câmeras. Se de início existe uma certa morosidade na primeira metade da obra, a metade seguinte entrega excelentes cenas tanto de dança, quanto de atuações, quanto também de aspectos visuais atraentes. Figurino e direção de arte entregam aspectos de uma mise-en-scène bem elaborada, atraente visualmente, mas nunca carregada demais ou forçada e engessada. A coreografia das cenas finais é poderosa, embora nunca glamourizada demais, o que condiz com o roteiro cuja mensagem é trazer o mundo do balé de forma mais crua e real. 
Margarita Simonova entrega uma excelente atuação, em uma personagem complexa e turbulenta, cujo foco é alcançar o ápice de seu talento e sonho. Mas a coadjuvante e rival Anna Isaeva também entrega uma excelente atuação, onde vê-se a complexidade e o preço da fama, muitas vezes permeada de sacrifícios. Bolshoi é um filme simples e belo, que poderia ser mais se ousasse, mas que possui coreografia, visual, direção e atuações fortes o suficientes para que fiquemos engajados com a jornada dessas bailarinas. É uma boa vitrine e porta de entrada para o cinema russo, país muitas vezes culturalmente ignorado aqui nas américas. Um filme onde é possível ver um pouco de alguns costumes locais, conhecer um pouco do seu famoso balé e percebermos que as pessoas de lá são como as de cá, cheias de sonhos, desilusões e desafios. 

Título Original: The Bolshoi

Direção: Valery Todorovsky

Duração: 132 minutos

Elenco: Margarita Simonova, Anna Isaeva, Alisa Freindlich

Sinopse: Oriunda de uma pequena cidade mineradora, a jovem e excepcionalmente talentosa dançarina Yulia Olshanskaya tira a sorte grande: o ex-bailarino Pototsky a descobre e prevê um futuro brilhante para ela como bailarina, digna do palco principal do país. No entanto, mesmo os diamantes mais incríveis precisam ser lapidados, e o caminho para Yulia ao lendário palco do Teatro Bolshoi passa por uma escola de balé, onde a resiliente provinciana fica sob a tutela de uma professora ainda mais obstinada. A carreira de primeira bailarina requer uma incrível abnegação, e Yulia entenderá que o grande balé não se resume apenas aos tutus brancos, teatros deslumbrantes e sapatilhas de ponta. Mas nenhum obstáculo impede quem sonha grande.

Trailer:


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