Crítica: O Gambito da Rainha (2020, de Scott Frank)

Em uma época em que as produções feministas e femininas da Netflix estão cada vez mais em alta, a estreia da série O Gambito da Rainha na plataforma não ficou de fora desta regra, de forma que desde sua estreia em outubro de 2020, a série prevalece no top 10 da plataforma e tem gerado muita repercussão entre os espectadores. 

A minissérie de 7 episódios conta a história da personagem fictícia Elizabeth Harmon, uma garota que fica órfã de pai e mãe aos sete anos e vai parar em um orfanato para meninas, onde acaba por desenvolver um amor extremo por xadrez e uma dependência por tranquilizantes e calmantes.

Desde o início, a história de Beth Harmon não é da mais tranquilas, porém, a garotinha simples acaba por se mostrar um prodígio do xadrez, fato que acaba fascinando tanto aos demais personagens da série como aos espectadores, uma mulher que antes mesmo dos 30 pode se tornar a melhor xadrezista do mundo.

O Gambito da Rainha acaba por agradar a todos os públicos, mesmo os que não conhecem muito do jogo xadrez, que acabam por conhecê-lo um pouco mais após assistir a série, porém, apesar do nome da série fazer referência a uma jogada de xadrez, não é preciso conhecê-la para compreender a trama.

Desde o início, a trama de drama nos é apresentada, porém, logo nos primeiros episódios nos deparamos com o caráter feminista da obra, tanto pela protagonista ser uma mulher, como por grande parte das pessoas que acabam se aproximando dela e saindo de papeis apenas secundários também são mulheres, salvas raras exceções.

Além disso, um grande caráter feminista é o fato de que na trama que se passa nas décadas de 60 e 70, momento em que o xadrez era considerado um esporte excepcionalmente masculino, de forma que grande parte dos oponentes de Elisabeth Harmon são homens.

Porém, esse extremismo de feminismo e machismo também é criticado na série de forma magnifica, ao sair em uma reportagem em que todos do mundo do xadrez e todos ao redor da protagonista se espantam com sua habilidade, a mesma reclama que foi exaltada na reportagem, mas não pelas táticas que usou ou pela sua habilidade ao jogar, mas sim, por ser uma mulher jogando xadrez, e se saindo tão bem derrotando homens.

O Gambito da Rainha, não é apenas uma trama sobre xadrez apesar de tudo, é muito mais complexa do que isso, Elisabeth Harmon que é interpretada por Anya Taylor-Joy domina completamente a tela e nos encanta desde o primeiro momento, a série nos prende tanto para torcer pelo sucesso da protagonista, como para acompanhar sua trajetória cheia de reviravoltas e nem um pouco fácil.

Um dos aspectos que a série trata por exemplo é a vida no orfanato, a carga emocional e psicológica que isso gera nas crianças, a transição para um lar adotivo, a adaptação na escola, a repressão social taxada até pela remuneração da família, e tudo que isso gera em uma jovem adulta, como vícios diversos, erros, acertos e a necessidade de se adaptar ao novo mundo para sobreviver, independente da idade que tenha.


Para uma trama que se passa nas décadas de 60 e 70, além de ser fascinante a transição da protagonista, é notável sua mudança de estilo e de classe social ao longo da trama, de forma que seria impossível não ressaltar a direção de arte, o cenário e os figurinos para a minissérie, que encantam os olhares com sua perfeição nos detalhes e seu estilo que torna Harmon uma verdadeira celebridade do mundo do xadrez.

A produção, fotografia e montagem não poderiam ficar de fora, com uma produção minimalista, com diversos cenários e países, ilustra uma produção com um alto orçamento e uma grande aposta na série pela plataforma de streaming da Netflix, apesar de grande parte dos lugares poder ser produzido em estúdio, a perfeição e o tratamento são perfeitos, prendendo ao público e mostrando toda a veracidade das situações por onde a protagonista passa.

A história de Elisabeth Harmon acabou por se tornar tão fascinante e tão conhecida pelo público da Netflix, que é difícil encontrar uma pessoa que não tenha assistido a série e se perguntado se esta mulher prodígio realmente existiu. E a resposta é não, Elisabeth Harmon é uma personagem fictícia, que nos encanta tanto pela performance de Anya Taylor-Joy que ampliou consideravelmente seu sucesso após a série, já sendo considerada uma das atrizes mais promissoras de Hollywood, como pela perfeição de detalhes do mundo do xadrez a qual somos apresentados, com tamanho detalhamento que seria estranho se não duvidássemos de sua veracidade.

Porém, de acordo com pesquisas, Elisabeth Harmon é na verdade uma personagem de um livro de Walter Tevis, de 1983, com o mesmo nome. E a minissérie é a adaptação do livro, em que na trama, a protagonista foi inspirada pela vida do próprio Walter e seus jogos profissionais de xadrez, inclusive, algumas das situações ao longo da trama também são baseadas na vida do escritor.

Agora porque o autor transformou a si mesmo em uma protagonista feminina e como a Netflix conseguiu realizar uma trama feminista e ao mesmo tempo antifeminista, afinal… xadrez e títulos de xadrezista são para todos… Vale a pena refletir.

A série está disponível hoje na plataforma na Netflix. 


Título Original: The Queen’s Gambit

Direção: Scott Frank

Episódios: 7 episódios

Duração: 50 minutos

Elenco: Anya Taylor-Joy, Jacob Fortune-Lloyd, Frederick Schmidt

Sinopse: O Gambito da Rainha conta a história de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma menina órfã que se revela um prodígio do xadrez. Mas agora, aos 22 anos, ela precisa enfrentar seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo. E quanto mais Beth aprimora suas habilidades no tabuleiro, mais a ideia de uma fuga lhe parece tentadora.


Trailer:

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