‘The Boys’ Continua Incrível e Atual – Análise Parcial da 2° Temporada (2020, de Eric Kripke)

 

Um dos maiores sucessos de 2019 e o maior fenômeno da Amazon Prime até então, a 1° temporada de The Boys surpreendeu a todos com uma abordagem diferente dos “super-heróis”, não tão heroicos assim. Eis que no último 4 de Setembro a plataforma liberou os 3 primeiros capítulos da 2° temporada e de lá pra cá, um novo episódio toda sexta-feira. Até a data dessa postagem já estamos na reta final com 6 capítulos lançados e somente 2 por vir, portanto nossa matéria não é uma crítica completa da temporada, mas um comentário parcial da mesma e dos motivos que a colocam entre uma das obras mais atuais do momento. 

‘The Boys’ pega carona na tendência para depois desfragmentar a mitologia do super-herói

Um fato: super-herói virou um subgênero no cinema, TV e cultura POP. É praticamente impossível acompanhar esses meios sem chegar nisso em algum momento. Marvel e seus Vingadores e X-Mens ou a DC e sua Liga da Justiça – fora outros – são um enorme sucesso financeiro e às vezes de crítica. Mas isso representa apenas uma pequenina parcela do que a arte realmente tem a oferecer. De olho nisso, os produtores, apoiados na HQ de origem, entregam em The Boys um programa que usa sim das vertentes típicas do gênero, mas que desconstroem tais conceitos numa auto sátira, nunca se levando a sério demais, trazendo uma pegada insana, violenta, ousada, politicamente incorreta e zoeira. The Boys desmistifica, debocha do grande circo em cima da imagem supostamente irretocável de um ser com poderes especiais. Ao fazer isso, mesmo que com humor ou nojeiras dignas de um filme trash, também carrega-se assim um pouco de realismo e humanismo, pois é muito mais concreto que alguém com poderes especiais seja egoísta e se autopromova, do que ser um “santo” bem intencionado. Nisso, chegamos no próximo ponto …

‘The Boys’ é uma metáfora social e política aos supostos heróis e “mitos” presentes na mídia e governos

O grande vilão da obra é o Capitão Pátria, aparentemente o maior e mais poderoso herói da América, mas na verdade é um assassino doentio e sádico. Ele é praticamente o Bolsonaro ou o Trump, uma figura pública supostamente de coragem e bem intencionada, mas cheia de podres nos bastidores, racista, agressor sexual, articulador, assassino, com um cérebro deturpado. Sua postura heroica causa um frenesi e um fervor público, uma verdadeira idolatria em cima da imagem que a empresa que está por trás de tudo vende. Seus fãs são basicamente massa de manobra, tais quais os seguidores das seitas dos políticos citados ali em cima. Esse circo e manipulação midiática elaborados para vender uma imagem cutuca não apenas as táticas dos políticos, mas também a cultura das celebridades e influencers, seguidas e por vezes idolatradas cegamente na mesma velocidade que as informações e fake news se esparramam pelas redes. Nós meros mortais temos uma tendência de “necessitar” que pessoas de “poder” assumam posturas heroicas, e muitas vezes elas assumem essa postura, mas por dinheiro e sucesso, e não por ser o certo a fazer. E quando os conhecemos pessoalmente ou olhamos mais atentamente por fora da bolha, nos decepcionamos e percebemos a podridão impregnada neles. Mais atual do que isso, impossível. 

Pautas sociais presentes, ao mesmo tempo em as mesmas são criticadas e debatidas

The Boys traz uma gama de debates envolvendo racismo, feminismo, misoginia, homofobia, mas faz isso de forma irreverente e esperta. Ainda mais, traz uma complexidade ao ousadamente criticar as indústrias que são hipócritas. Tais indústrias ou figuras que abraçam uma causa social por motivos financeiros ou tendenciosos, em vez de fazer isso por ser o certo. Pegue por exemplo o feminismo. As mulheres tem um “destaque” nos comerciais e filmes nos quais os heróis participam, mas tudo é jogada de marketing dos homens que estão por trás de tudo, inclusive o terrível Capitão Pátria. Desde as roupas sexy que elas usam, até mesmo com quem elas se relacionam, tudo é orquestrado para vender uma imagem que alcance o maior público possível. Mas se o feminismo dos “supers” é hipócrita, o da série em si não, pois sabiamente as personagens femininas sempre brilham com diálogos e cenas incríveis, sejam elas mocinhas ou vilãs. De alguma forma elas sempre se sobressaem sobre eles.

Com super-heróis cruéis, os verdadeiros mocinhos são pessoas comuns problemáticas, criminosas e desajustadas

Ok, há “supers do bem”, curiosamente mulheres na maioria das vezes. Mas o grupo de resistência começa com os garotos (os tais boys), caras comuns e fracassados, que viram foras da lei com o intuito de desmantelar essa imagem “perfeita” que os super-heróis e a empresa por trás deles possuem. Eles são o ponto fora da curva, que enxergam o quão nocivos esses “mitos” são. E obviamente tal opinião nada popular os colocam em perigo e colisão com os poderosos por trás disso tudo.

The Boys é POP, é social e é política pura. E também é divertida, surtada e tecnicamente bem executada. Estamos ansiosos pelo final dessa temporada e as próximas que virão. Do jeito que o mundo tá, The Boys tem muito material e relevância pela frente! 



Título Original: The Boys

Direção: Phil Sgriccia, Liz Friedlander, Steve Boyum, Fred Toye, Batan Silva, Sarah Boyd

Episódios: 8

Duração: 60 min. aprox.

Elenco: Karl Urban, Jack Quaid,Antony Starr,Erin Moriarty, Dominique McElligott, Jessie T. Usher, Laz Alonso, Chace Crawford, Tomer Kapon, Karen Fukuhara, Nathan Mitchell, Elisabeth Shue, Colby Minifie, Aya Cash.

Sinopse: Caçados pelos Supers e tentando se ajustar a nova vida sob o radar, os Rapazes precisam reunir forças para combater Vought, que se capitaliza da paranoia da nação quando uma nova ameaça bate na porta.

Trailer:

Em breve traremos a crítica completa. Está curtindo a 2° temporada?

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