Vale ressaltar, antes de tudo, que o filme NÃO é uma continuação direta de Train to Busan. Por mais que se passe no mesmo espaço, inclusive a catástrofe do campo de refugiados em Busan é até citada logo no início de Península, não temos nenhuma informação ou menção dos personagens anteriores ou mesmo qual fora o destino deles. O que os filmes possuem em comum é a premissa de como os zumbis surgiram e como a Coréia do Sul enfrentou, sem sucesso, a epidemia. Ou seja, uma série antológica que se passa no mesmo universo.
Temos um filme que custou 16 milhões de dólares (quase o dobro de orçamento de seu antecessor que custara 8,5 milhões), que aposta muito em CGI para caracterizar e preencher uma Seoul devastada pelos zumbis e a queda da civilização, mas nada disso funciona. O CGI é ruim, muito ruim, mas ainda é algo que, se isolado de um todo bom, ficaria não somente relevável como até entendível, já que poderíamos cogitar a ideia de que quiseram financiar outros pontos da produção. Mas não é o caso, já que o todo cai em problemáticas parecidas e também, infelizmente, na mesma qualidade incipiente. O ponto mais baixo é a fuga de uma personagem adolescente que, ao dirigir um carro com maior habilidade que Toretto, deixa a cena mais parecendo uma propaganda da mais nova 4×4 da Ford do que qualquer outra coisa.
O que caminha para o ponto fatídico do filme: a história é ruim. É uma tentativa pífia de trazer o universo zumbinesco para uma temática pós-apocalíptica, deixando não somente os zumbis em segundo plano, mas trazendo os humanos em um estado de barbárie. Qual o problema disso? Já vimos esse tipo de enredo em outros vários, sendo grande parte deles grandes produções da atualidade. A grande sacada de todo o sucesso de Train to Busan fora a revitalização de um gênero desgastado pela massificação de clichês e sub-enredos sem aprofundamento, e Península cai exatamente nisso, sendo uma mistura desconexa de outros filmes em que pessoas lutam violentamente entre si em um mundo já desolado. O filme fica na dúvida entre mirar em seu antecessor, Mad Max ou Fuga de Los Angeles, mas acaba acertando o vazio entre eles.
O que parecia ser mais interessante, sendo toda a questão geopolítica de como o mundo reagira à epidemia cercando fronteiras e abandonando os sul-coreanos sobreviventes à própria sorte, é apenas um detalhe que meramente complementa a justificativa de quatro sobreviventes se aventurarem dentro do território abandonado. Ou até mesmo a forma como pincelaram a relação da fronteira com a Coreia do Norte visto a cisão entre os dois países e o impedimento de sobreviventes escaparem dos zumbis através da única conexão com o continente, ponto esse que apenas serve como pretexto para o título do filme. Talvez a única coisa que levante a moral do filme é a performance dos atores que, em vista de todo o resto da produção, tentam entregar caracterizações críveis e mergulhar nas desconexas lógicas que o enredo tenta trazer.
Título Original: 반도 (Peninsula)