Crítica: Good Girls – 2ª e 3ª Temporadas (2019 – 2020, de Michael Weaver, Sara Zandieh e outros)


Muita coisa aconteceu desde a primeira temporada, quando as três inocentes donas de casa resolvem assaltar o mercado do bairro e acabam devendo uma grana alta para um traficante que mudaria suas vidas para sempre. 

Caso você não goste de spoilers, sugiro que sua leitura pare por aqui, porque logo mais vou citar alguns! Fica a dica. 
Preciso dizer o quanto a série me lembrou a carga dramática vista em outras séries de sucesso e com muito mais nome, como Breaking Bad e Ozark, que a princípio, as personagens tinham boas intenções ao começar no mundo do crime, mas que com o tempo, ou mostraram quem realmente são ou simplesmente estão cada vez mais afundados nesse meio que, é impossível deixar tudo para trás. No caso dessa série, temos três pontos de vista a serem analisados. 
Claro que vou começar com a Beth (Christina Hendriks) que foi a que mais mudou com tudo o que aconteceu, passou a ser mais independente e empoderada, ao mesmo tempo que aprendeu a gostar de roubar, porém ela é ambígua quanto a isso, já que, quando a coisa aperta mesmo, ela não consegue ir até o fim. Demonstrando medo e receio que antes, ela não deixava transparecer. Seu principal elo e ponto fraco nessa história é o bandido charmoso, conhecido como Rio (Manny Montana).

Manny Montana criou um personagem tão carismático que às vezes esquecemos de que lado estamos. Apesar que na segunda temporada isso mudou. Nunca entendi bem o porque dele dar tanta atenção a Beth, talvez ele veja algo nela que ninguém tivesse visto até então, ou simplesmente não passa de uma diversão. 

Felizmente, ou infelizmente para as protagonistas, a terceira temporada mostra de fato quem ele é, e diga-se de passagem, se ficou alguma dúvida sobre sua personalidade, então você assistiu errado. A evolução de um personagem carismático para um assassino não era tão óbvia, por incrível que pareça, o roteiro apesar de tudo, colocava certa leveza em suas ações, ações essas que mudaram completamente após ele quase ser morto. Conhecemos seu lado calculista e tenho dó de quem ficou no seu caminho. Acredito que sua nova atitude, fez Beth refletir um pouco sobre si mesma e suas escolhas, mas apesar de tudo, o dinheiro fácil e a adrenalina, ainda falam mais alto. 
Ruby (Retta) é a personagem que ao meu ver, mais foi influenciada pelas circunstâncias de sua vida a se tornar uma criminosa. Não suportou a ideia de perder sua filha para uma doença, sendo que os remédios estavam ali, o único problema era o dinheiro. Apesar de tudo, ela ainda é uma pessoa boa e foi a única que fez o que fez por um motivo que realmente importava. 


Após envolver seu marido, Stan (Reno Wilson), muita coisa mudou na relação deles e agora, ele não vê mais as coisas preto no branco, mas sim uma grande linha cinza. Diferença gritante da primeira temporada para a terceira. 
A única que parece não ter amadurecido foi a Annie (Mae Whitman), que vive às voltas de decisões ruins e homens piores ainda. O que torna os episódios focados nela um tanto quanto chato por vezes. Sua personagem sofre mas ao mesmo tempo não se ajuda, parecendo sempre estar no limite, se não fosse por Beth, provavelmente ela já teria sido presa ou coisa pior. Sua única motivação é dinheiro e nota-se que ela não tem pretensão alguma de conseguir dinheiro de maneiras lícitas, sua personalidade preguiçosa simplesmente não a permite, sem contar que sua vida vai só ladeira a baixo.
Voltando agora à série em geral, o fato delas começarem a “fabricar” dinheiro, me lembrou muito quando, Sr. White (Bryan Cranston) finalmente encontra a perfeição com a metanfetamina que ele próprio criava. A sensação de ter se encontrado e ser bom em algo é a mesma.

A direção focou muito mais na capacidade dos atores de lidar com as cenas apenas com seus olhares e postura corporal. Muitas cenas são finalizadas dessa forma, assim como grande parte das cenas de ação – sim, de ação, já que elas são as mais estressantes para as mulheres – conseguimos sentir a tensão, o medo e o receio de ser a última vez que vão sair vivas de alguma situação. 
De fato, a série que já era boa, evoluiu imensamente na carga dramática e na qualidade. Conseguimos entender com mais clareza a personalidade dos personagens e ainda assim, não fica claro até onde elas são capazes de ir, ou se fazem o que fazem por prazer ou necessidade. 

“Somos pessoas boas fazendo coisas ruins.”



Stan Hill

2ª Temporada: 

Direção: Michael Weaver, Phil Traill 

Episódios: 13

Duração: 45 minutos aprox.


3ª Temporada:

Direção: Andrew McCarthy, Dylan K. Massin, Lee Friedlander, Phil Traill, Sara Zandieh

Episódios: 11

Duração: 45 minutos aprox.

Elenco: Christina Hendriks, Mae Whitman, Retta, Jackie Cruz, Lauren Lapkus, Manny Montana, Matthew Lillard, Reno Wilson, Rob Heaps, Zach Gilford

Trailer da 2ª Temporada:


Trailer da 3ª Temporada:

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