A prática de se contar histórias é bem antiga. Muito antes de se pensar em idiomas, ou sequer em escrita, o homem primitivo já contava sobre o seu cotidiano por meio das pinturas rupestres.
Já a forma de se contar histórias por meio da escrita, como é usada hoje, só foi possível a partir do século XV com a criação da prensa móvel pelo alemão Johannes Guttenberg.
Os livros permitem que cada um mergulhe numa experiência única, tendo sua própria e exclusiva versão de como seriam os personagens, os lugares, com base em sua vivência. Mas isso não quer dizer que as adaptações de livros para séries ou filmes sejam ruins, se tratam apenas de experiências diferentes.
Você sabe qual foi o primeiro livro que foi adaptado para o cinema? Foi uma cena de um livro de nome Trilby e o Pequeno Billee, escrito em 1894, do autor francês Gerald du Maurier. A adaptação consistiu num curta de apenas 22 segundos , lançado em 1896 e que foi suficiente para abrir portas para novas adaptações nos anos seguintes, prática que perdura até os dias atuais.
Mas existem muitas adaptações que merecem ser aclamadas. Que fazem jus à obra original e encantam tanto os leitores dos livros pelo qual foram inspirados, quanto aqueles que só conhecem a obra adaptada para o audiovisual.
Karoline Melo:
Escritora: Jenny Han
Adaptada pelo streaming Netflix
Gênero: Comédia dramática/Romance
Amanda Shinohara:
Escritora: Gillian Flynn
Adaptada em formato de minissérie pela HBO
Gênero: Drama/Policial/Romance
Apesar da pouca idade, Eliza Scanlen (Amma), a irmã de Camille, também nos entrega um show de atuação. O elenco foi escolhido a dedo e com certeza, isso é um ponto fundamental para a qualidade de uma obra.
Escritora: Lionel Shriver
Adaptado e distribuído pela Paris Filmes
Gênero: Drama/Suspense
Um criminoso já nasce com essa “condição”, ou torna-se assim devido a experiências que vivencia e influência do meio que em vive?
Precisamos Falar Sobre Kevin é uma obra de ficção, escrito pela jornalista e autora de vários bestsellers, Lionel Shriver e publicado em 2003.
A obra conta a história de Kevin, um garoto com sérios problemas de relacionamento com sua mãe, Eva, e que desde criança apresenta comportamentos um tanto preocupantes, e culmina em cometer um violento massacre numa escola.
O livro foi transformado em filme no ano de 2011, tendo sido dirigido pela escocesa Lynne Ramsai. A versão audiovisual é bastante fiel ao livro, e a escolha dos atores principais, Tilda Swinton e Ezra Miller, foi certeira. Não é à toa que a interpretação de Tilda lhe rendeu indicações ao Globo de Ouro, BAFTA, e ela levou o prêmio de melhor atriz nos Prêmios de Cinema Europeu.
O filme não é para quem tem estômago fraco. Além de abordar um tema que embora seja necessário de ser conversado ainda é um tabu: a violência nas escolas, a obra traz um recorte psicológico da natureza de um psicopata. Devido ao tema central do filme, sua exibição durante o Festival de Cannes de 2011 causou muito falatório, e até um certo desconforto no público que o assistia.
Precisamos falar sobre Kevin (Ezra Miller) nos apresenta primeiramente a sua mãe, Eva (Tilda Swinton). Ela não estava preparada para se tornar mãe naquele momento, mas mesmo assim resolveu seguir adiante com a gravidez. Eva era uma socialite que estava acostumada a ser um espírito livre, se dedicar ao futuro profissional e viver novas experiências. Para ela, ter um filho significaria ficar presa e ter que estabelecer raízes num lugar que ela não gostaria.
Desde muito novo, Kevin mostra possíveis traços de sua psicopatia, e aí que a obra busca explorar até onde o meio pode influenciar na formação da personalidade de um ser humano. O questionamento levantado ali no início, sobre a ideia de criminoso nato, não foi à toa. Teria sido Kevin uma pessoa má desde o ventre por simplesmente ter sido formado com essa índole, ou o fato de não ter sido desejado e ter uma relação perturbada com a própria mãe o enveredou para um caminho sombrio?
Kevin é extremamente manipulador, principalmente ao colocar seu pai Franklin (John C. Reilly) contra sua mãe, fazendo-o acreditar que Eva é abusiva e impõe castigos físicos ao menino. Eva não consegue estabelecer um vínculo amoroso com seu próprio filho, o que torna a relação dos dois um tanto quanto amargurada e destrutiva.
O filme/livro é muito mais do que só uma história de um psicopata e os motivos que o levaram a ter tal atitude (se é que existe algum motivo que justifique um ou vários homicídios). A história busca explorar sobre o papel de uma mulher como mãe na sociedade, sobre o peso que é imposto a ela. Eva se sente culpada por toda a vida pelas atitudes de Kevin, se questionando se teria sido ela a responsável por quem o filho se tornou.
No final, Kevin conseguiu o que sempre quis: a atenção de sua mãe e marcá-la por toda a vida, fazendo ela sentir uma culpa que não lhe pertence.
Escritor: Ariano Suassuna
Adaptado e distribuído pela Globo Filmes e Tristar Pictures
Gênero: Comédia/Drama

Igor Motta:
Game of Thrones
Escritor: George R. R. Martin
Adaptado em formato de série com 8 temporadas pela HBO
Gênero: Fantasia/Drama
Por mais que hoje só temos em nossa mente o fracasso da oitava temporada, é necessário relembrar que Game of Thrones, em seus áureos primórdios, era uma excelente adaptação. O desafio de transcrever a obra de George R.R. Martin da literatura para o audiovisual é nítido, principalmente na quantidade de narrativas e personagens que se entrelaçam na trama como um todo (e sempre resultando em um plot twist mais intenso que um trem em movimento chocando-se com uma parede). São peças de um quebra-cabeça que, avulsas, possuem algum sentido, mas somente ganham força quando colocadas em uma perceptiva concatenada que revela o todo.
Tão complexas que só showrunners realmente talentosos, e uma equipe de roteiristas igualmente incrível, seriam capazes de tornar Game of Thrones o fenômeno mundial que se tornou. Ouso aqui dizer que alguns momentos na série, como o julgamento de Tyrion Lannister quando acusado de envenenar Joffrey “Baratheon”, foi até melhor que nos livros; ainda, alguns elementos modificados deram até um gostinho a mais para alguns desfechos.
Mas há uma tristeza em saber que, após o fim do material-base, quando a habilidade adaptativa foi trocada pela habilidade criativa, tudo desandou. A quinta temporada marca esse virar de mesa para a série, assim como o malabarismo infelizmente levou ao final desastroso que todos nós conhecemos. O que nos resta é esperar George Martin terminar sua saga e nos dar o tão sonhado final canônico.
As Vantagens de Ser Invisível
Escritor: Stephen Chbosky
Adaptado e distribuído pela Summit Entertainment
Gênero: Drama/Comédia/Romance
Quer algo mais incrível do que uma adaptação consegue dizer exatamente o que a obra original significa mesmo com linguagens diferentes? Esse é o caso de As Vantagens de Ser Invisível.
Tanto o livro quanto o filme são obras voltadas para o mundo adolescente, retratando a vida no ensino médio. Geralmente, tal estilo não é famoso por tramas complexas ou mesmo trabalhadas, expressam questões que todo nós um dia passamos. Mas As Vantagens de Ser Invisível consegue atingir elementos desse debate que realmente impressionam
A história trata das dificuldades de ser um adolescente que não obedece a norma, seja isso da maneira que for. Melhor de tudo, é como os enredos transparecem a máxima de que todas essas diferenças são o elo de amizade entre todos os aqueles invisíveis. O andar desértico e sem cor que é a vida dos excluídos na escola, ganha cores vivas e se tornam relações fortes e duradouras. É a afinidade eletiva daqueles invisíveis tentando sobreviver no ambiente inóspito que pode ser o ensino médio, descobrindo que em grupos, são mais fortes.
Poucas são as relações entre livro&filme que resultam em uma bela e plural versão de um mesmo enredo. A cena mais marcante, aquela em que Charlie diz “me sinto infinito”, é presente em ambas as versões e igualmente sensível, igualmente marcante.
Claro que o fato de que o escritor, roteirista e diretor serem a mesma pessoa influencia todo o caso? Com toda certeza, mas não tira o talento de Stephen Chbosky em dominar os ritmos e propósitos de sua história.
2001: Uma Odisseia no Espaço
Escritor: Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke
Adaptado e distribuído por Metro-Goldwyn-Mayer e Stanley Kubrick Productions
Gênero: Ficção científica/Aventura
Existe a possibilidade de roteiristas e escritores serem sinérgicos e cooperativos? Sim, e um dos melhores filmes da história é o exemplo de um desses casos.
2001: Uma Odisseia no Espaço é famoso por muitas coisas, seja pelo melhor corte de cena da história, ou pela excelente trilha sonora, mais ainda pela abstração do enredo. Os conceitos mobilizados em 2001 são de uma quantidade surpreendente e todos são magistralmente subsumidos ao enredo da melhor forma possível. Podemos indicar como um dos fatores de sucesso do longa o trabalho em conjunto de Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke. Ambos escreveram o enredo em conjunto, trocando ideias e indicando caminhos para seguir.
Ou seja, roteiro e livro nasceram ao mesmo tempo, co-autorados. Um não existe sem o outro. Dando inclusive uma nova visão ao “quem veio primeiro, o livro ou o filme?”, assim como é expressiva e somadora a forma como uma história pode ser contada em diferentes mídias, não necessariamente sendo sempre conflitiva.
O que nos resta, na realidade, é compreender o enredo na totalidade, já que o próprio Clarke afirmou que se alguém entendeu completamente 2001, a missão dele e Kubrick falhou. Mas para aqueles que anseiam por uma resposta em meio ao vórtex colorido em meio ao espaço, Arthur escrevera outros 3 livros posteriores ao filme, deixando assim maiores explicações.
Caio Guilherme Mendes:
Coraline
Escritor: Neil Gaiman
Adaptado em formato stop-motion e distribuído pela Universal Pictures
Gênero: Animação/Família/Aventura
Que filmaço! Muito caprichado, muito bem feito. Excelente! Uma das melhores animações em Stop-Motion que já vi no cinema.
A história de Neil Gaiman no livro sempre falou muito bem e essa adaptação foi bastante elogiada pela crítica e pelo público. É divertido e tem uma bela mensagem por trás, além de muito criativo.
Sempre sonhei em ver a continuação pois valeria muito a pena essa história ter uma sequência, realmente merecia. Gosto de todos esses personagens, essa tonalidade sombria, escura da história “infantil”.
Realmente uma obra que é uma estrela da animação que jamais será esquecida. Já vi várias vezes e nunca cansa. Recomendo fortemente.
Ringu (The Ring)
Escritor: Koji Suzuki
Adaptado para filme em 1998 pela Toho Company
Gênero: Terror
Ringu – filme adaptado por: Koji Suzuki – Criador da trilogia de romances Ring
Gostei muito dessa versão original da obra de Sadako. Realmente aqui a simplicidade, ambientação e clima macabro se sobressaem e se destacam em toda a obra, como também a fascinação pelo diretor Hadaka por água, chuva e a abordagem desse artifício em todo filme.
Por Lugares Incríveis
Escritora: Jennifer Niven
Adaptada pelo streaming digital Netflix
Gêneros: Romance/Ficção juvenil/Drama
All the Bright Places é um filme de drama romântico adolescente americano de 2020. Dois jovens com algum tipo de problema se aproximam por motivos inusitados e eventualmente se apaixonam.
A premissa é bem comum e se popularizou nas últimas décadas, muito por conta de filmes baseados em livros de autores como John Green, que tem como foco essa temática mais teen.
Trilogia Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei
Escritor: J. R. R. Tolkien
Adaptada para o cinema por Peter Jackson
Gêneros: Fantasia
A saga O Senhor dos Anéis é um dos maiores marcos do cinema, do começo do século XXI. Eu li a trilogia do J.R.R Tolkien e é um dos meus favoritos livros de literatura inglesa, um dos melhores que li, onde Tolkien pegou influências da Mitologia Nórdica, também pegou da sua religião e das suas crenças no cristianismo para gerar a sua história.
Óbvio que nem tudo que está no livro foi para os filmes, principalmente o final onde foi cortado muita coisa. Isso ressalta no que o diretor Peter Jackson falou: “Não é como os livros do verdadeiro Senhor dos Anéis, mas é uma boa lembrança, bom exemplar para lembrar os livros”.
Ao todo, a trilogia que foi gravada na Nova Zelândia, faturou cerca de 3 bilhões de dólares. Venceu 17 Oscars entre os 30 que foram nomeados da premiação mais importante do cinema.
Sinopse: No mundo da Terra Média, os três longas contam a história do jovem Frodo Bolseiro em sua missão de destruir o “Um Anel”, que assim ocasionará a destruição do vilão, servo fiel de Morgoth, Sauron. Para que a tarefa seja executada, Frodo contará com várias ajudas ao longo do caminho, assim forma-se a Sociedade do Anel composta por humanos, hobbits, elfos e anões.
As locações, cenários e fotografia são esplêndidas, as atuações são um dos maiores destaques, pois temos um elenco de peso com: Elijah Wood (Frodo Bolseiro), Ian McKellen (Gandalf), Viggo Mortensen (Aragorn), Orlando Bloom (Legolas), Hugo Weaving (Elrond) e Christopher Lee (Saruman).
O roteiro dos três filmes adaptaram muito bem a história dos livros na minha opinião, efeitos visuais e figurino geniais retratando bem os ambientes dos livros. Principalmente o ambiente, pois Tolkien é um cara bem detalhista que revela todos os detalhes da Terra Média desde a grama, vilas, bosques, as músicas, até os pensamentos dos personagens, por isso muita gente diz que ele é cansativo na sua escrita, mas para mim ele é genial. O tempo dos filmes é de 3 horas cada, aproximadamente e passa rápido, filme bom é assim e se fosse adaptar tudo ficariam 5 horas em cada filme, com certeza.
O Diário da Princesa
Escritora: Meg Cabot
Adaptada para filme pela Walt Disney Pictures
Gêneros: Comédia Romântica/Drama
Uma menina que vive a sua vida normalmente, até que ela descobre que sua avó é uma rainha, que consequentemente, ela é uma princesa. Após isso, ela tenta aprender a ser uma princesa sendo que ela é desajeitada. Com isso, ela vai enfrentando problemas normais de uma adolescente, além dos problemas de princesa.
No total, é uma saga de onze livros românticos publicados a partir do ano de 2000 e terminando a saga no ano de 2015. As obras adaptadas são: O Diário da Princesa de 2001 dirigido por Garry Marshall, e com roteiro adaptado de Gina Wendkos e contou com a produção da cantora Whitney Houston.
No longa, a protagonista Amelia Mignonette Grimaldi é interpretada pela ótima atriz Anne Hathaway e tem no elenco também a Julie Andrews, Hector Elizondo, Heather Matarazzo. O filme ganhou uma continuação que foi lançada em 2004 mantendo o mesmo elenco.