Guilherme Kaizer
Talvez a pior seja a Christine. Quero dizer, ela é um carro e você não pode sair de casa, então… Mas isso é só uma conjectura, eu escolho a Annie.
Porém, no caso de um São Bernardo raivoso e violento como o Cujo, isto já é outra história. Um cão enorme que poderia dar aconchego, vindo de um São Bernardo que foi imortalizado em filmes infantis como a cine-série Beethoven, mas como um cão raivoso que pode te caçar a cada segundo, aí ficaria assustado.
Primeiro, não conseguiria ficar num mesmo local com ele, pois ele poderia me morder a cada segundo e iria ficar me caçando a cada momento na casa. Possivelmente me trancaria no meu quarto e esperaria o cachorro dormir para conseguir ir à cozinha e cozinhar algo para me alimentar, e rápido, senão o Cujo me pegaria e me estraçalharia de maneira cruel.
Talvez saísse de casa em alguns momentos em busca de uma vacina contra raiva, mas teria que lutar contra o Cujo para conseguir escapar e assim sobreviver.
Amanda Sperandio
Personagem escolhido: Al Marsh (IT – A Coisa)
Refletindo sobre essa pergunta eu pensei quase instantaneamente na Annie e no Jack, pois ambas histórias se passam em ambientes relativamente fechados e com um número bem restrito de pessoas. A questão a ser considerada para a escolha definitiva era qual Jack eu levaria em conta, o do Kubrick ou do King. O Jack Nicholson trouxe uma essência sombria e beirando à loucura para o personagem desde o início, que me lembrou muito seu trabalho em Um Estranho no Ninho. Com esse Jack não tem muita conversa, ele era uma bomba relógio prestes a explodir.
O Jack que King construiu, no entanto, e que Steven Weber conseguiu traduzir muito bem em tela, — na minissérie de televisão roteirizada pelo próprio King — é um homem que claramente está enfrentando uma série de problemas e conflitos internos, mas de modo geral é uma boa pessoa tentando voltar a ser um bom pai e marido para sua família. Inclusive o ator me surpreendeu bastante, afinal depois de ver todo o brilhantismo de Nicholson em cena as expectativas são altas, mas é a transformação progressiva do personagem e seu lado humano que tornam o trabalho ainda mais desafiador e cativante.
De todo modo, fugir de Nicholson ou Weber em um grande hotel parece bem mais fácil do que tentar escapar de uma psicopata estando presa a uma cama, sendo dopada com remédios e tendo meus pés cortados/esmagados (depende se estamos falando do livro ou do filme aqui). E vamos combinar que Kathy Bates dá uma aula de atuação incrível nesse filme? Uma boa opção também seria o Louis, de Pet Sematary. Ele não é vilão nem nada, mas com o jeito desligado e meio impulsivo dele é capaz de deixar todos morrerem e ainda nos reviver de uma forma nada agradável. Não, muito obrigada! Acho que dá para perceber que são as personagens humanas de King que sempre me deram mais arrepios e foi aí que cheguei na minha resposta: o pai da Bev.
Quando se é uma garota/mulher o que pode ser mais assustador do que um homem? Aliás, o que é pior do que temer o homem que mais deveria nos amar e proteger? Beverly não se sente segura em casa e não é para menos. Os indícios de abuso estão ali para qualquer um com o mínimo de bom senso, além da agressão física, verbal e psicológica constante a qual ele submete a garota. Francamente, com homens como Al no mundo, eu preferia entrar no bueiro com Pennywise. Aliás, não à toa ele toma a forma do sr. Marsh para assustar Bev, o pai é a coisa que a menina mais teme na vida e acho que isso já é dizer bastante sobre nossa sociedade como um todo.
Igor Motta
Personagem escolhido: Annie Wilkes (Misery – Louca Obsessão)
Confesso que não tive dúvida alguma na escolha da personagem, afinal o nome do filme diz muito sobre ela. Louca Obsessão nos apresenta uma enfermeira solícita que, com o passar do tempo, vai se transformando. Imagine você estar preso em uma quarentena com alguém que só segue as próprias regras e ainda te obriga a fazer o mesmo? Anne parece aquelas pessoas que dizem que é importante seguir a lei desde que a lei seja imposta por ela (se é que você me entende). Seria aquele tipo de pessoa que te obriga a usar máscara, mas não faz o mesmo e não teria o mínimo de educação com os outros. Ter ela e pessoas como ela de companhia seria, a meu ver, um grande desastre.
“Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, eles vencem” – Stephen King