A Equipe Comenta: O Homem Invisível (2020, de Leigh Whannell)



João França:

Confesso que num primeiro momento achei que O Homem Invisível se aproximaria de O Homem sem Sombra de Paul Verhoeven, mas, para minha felicidade isso não aconteceu. O primeiro tem seu lugar guardado, mas, aquela mesma história não colaria, e essa é a grata surpresa que temos por aqui. Um roteiro que acerta no como e principalmente no tema que debate. O fato de acharmos, em dados momentos, absurdo não acreditarem naquela mulher, mostra como isso de fato é cansativo e desestimulador para vítimas de abuso, que simplesmente podem desistir e se deixar levar por uma vida de mais abusos e mais controles.

Leigh Whannell tem a seu favor a experiência de roteirista dos três primeiros Jogos Mortais, utilizados aqui para criar tensão ao extremo, utilizando-se além do som, de uma atuação irretocável da Elisabeth Moss. Para não dizer que o filme é perfeito, fica aqui o registro dos efeitos especiais a lá Power Rangers em determinado momento do longa. No mais, a conclusão é de tirar o chapéu!

Nota: 7



Rodrigo Zanateli:

O Homem Invisível é mais um acerto da BlumHouse. A primeira coisa que podemos notar é a incrível capacidade da produtora de conseguir dar outra roupagem para a história já conhecida, principalmente pelo filme O Homem Sem Sombra, de 2000. A história de ficção científica megalomaníaca de Paul Verhoeven dá lugar a uma releitura mais minimalista e com inúmeras camadas, que torna o filme, principalmente em sua primeira metade, muito gostoso de assistir. A nova forma de contar a história, ressalta o abuso de poder que tem um homem que não pode ser responsabilizado por suas ações, e enquanto o filme faz esse paralelo sobre as duas maneiras que isso têm influência sobre a sua personagem principal (o homem muito rico que a controla numa casa isolada, ou o homem invisível que consegue controlá-la em qualquer lugar), a história é contada de maneira revoltante, na mesma medida que instiga o espectador a cada filha-da-(censurar putagem), cometida pelo abusador.

Porém, após uma cena específica na prisão no segundo ato, o filme banaliza um pouco e o peso das ações dos personagens perdem importância. O que pode tirar o espectador da vibe proposta pelo diretor Leigh Whannell por alguns minutos. Claro que a atuação da sempre sensacional Elisabeth Moss ainda não permite que quem assiste deixe de se importar com a sua personagem, mas é fato que ao tentar trazer uma conclusão um pouco mais espalhafatosa ao filme, ele se perde um pouco e permite-se as comparações com o seu irmão menos querido de 2000 protagonizado por Kevin Bacon e Elisabeth Shue. 

Nota: 7,5



Lucas Silveira:

Em seu primeiro ato, O Homem Invisível se favorece de clichês do gênero horror e mantém um suspense dentro do esperado. Em seus derradeiros segundo e terceiro ato, no entanto, o longa subverte expectativas e entrega uma experiência memorável, com twists (em sua maioria) bem orquestrados e desenvolvidos.

Elizabeth Moss brilha em seu papel, enquanto o restante do elenco  é mero coadjuvante de sua interpretação. O design de produção se destaca, note que foram apenas 7 milhões de dólares levantados para realização da fita, que se prova, então, um excelente filme de baixo orçamento e que vale a pena ser conferido.

Nota: 8,5


Leonardo Costa:

Ao trazer as alegorias sobre agressão física, comportamento masculino tóxico, repressão contra a mulher (não somente física, mas mental), o filme traz um comentário social atual e forte, algo que precisa ser debatido. Numa América onde os crimes contra as mulheres aumentam conforme a política e sociedade tendem a ser mais conservadoras, é vital debater este patriarcado cego. Note como o filme todo, toda culpa recai sobre ela. Mesmo ele sendo um agressor, as pessoas indiretamente a culpam pelo suicídio dele, o admiram por ele ser um brilhante cientista óptico e quando ela começa a dizer que ele está vivo, a tratam como louca. 

Infelizmente é assim que a sociedade trata a mulher num contexto geral, parece que ela sempre está errada ou é louca, mesmo sendo a vítima. E isso se agrava se o homem tiver alguma forma de poder ou status. É uma ameaça invisível, que muitos não enxergam, só a mulher que passa por aquilo. Daí é interessante notar que mesmo não vendo propriamente, ela “enxerga” ele, sentindo que ele está vivo, enquanto os outros duvidam. Uma alegoria ao fato da sociedade “não enxergar”, desacreditar no perigo e no horror que o machismo e os agressores representam. Tanto mais quando essa “ameaça invisível” dorme ao lado. Crítica completa aqui!



Nota: 8,5

Nota média geral da equipe:




Título Original:  The Invisible Man

Direção: Leigh Whannell

Duração: 125 minutos

Elenco: Elisabeth Moss, Oliver Jackson-Cohen, Harriet Dyer.

Sinopse: Presa em uma violenta e controladora relação com um cientista brilhante, Cecilia Kass (Elisabeth Moss) escapa na calada da noite e desaparece, escondendo-se junto com sua irmã (Harriet Dyer), seu amigo de infância (Aldis Hodge) e a filha adolescente (Storm Reid) dele. Mas quando seu ex abusivo (Oliver Jackson-Cohen) comete suicídio e lhe deixa uma generosa parte da fortuna, Cecilia começa a suspeitar que a morte foi forjada. À medida que uma série de coincidências arrepiantes se tornam muito letais, ameaçando a vida daqueles que ela ama, a sanidade de Cecilia começa a enganá-la – e ela desesperadamente tenta provar que está sendo caçada por alguém que ninguém pode ver.

Trailer:



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