Kardec (2011, Wagner de Assis) – um cientista e também um espírita?



O filme retrata os estudos sobre os espíritos realizado por Allan Kardec, que na verdade se chama Leon. Ele era um cientista, um cético, mas na Paris do século 18 começou a acontecer fenômenos inexplicáveis e, aos poucos, ele foi convencido que o sobrenatural existia e inclusive por isso ele adotou o nome Kardec, pois esse era o eu nome que ele supostamente teria tido em outra vida. 
O longa dá a entender que o espiritismo não era visto como uma religião no seu início, e sim como um portal de comunicação dos vivos com os mortos, para aqueles que acreditavam. E realmente, torna-se difícil não acreditar se aquelas coisas de fato aconteceram, como por exemplo, mesas flutuantes, canetas que escrevem sozinhas e mediums que incorporam espíritos. Para leigos, assim como eu, vai ser um mergulho bem interessante assistir esse filme, mesmo que você possa não crer, a experiência por si só já vale. Talvez a coisa mais incrível e sem explicação racional é quando as mediums escrevem cartas de olhos fechados, e incorporam letras que são de pessoas mortas de fato. Inclusive a assinatura. 

      Para quem tem receio de assistir filmes espíritas por questões de medo, garanto que não há momentos tensos assim, apenas fenômenos impressionantes. Mas impressionante mesmo é a técnica utilizada no filme. Com certeza é um dos melhores filmes brasileiros que já vi (no quesito fotografia e arte). Aliás, um dos filmes mais bonitos esteticamente que eu vi (do mundo todo). O que, infelizmente, enfraquece o longa são os diálogos, que são muito falsos, forçados, ensaiados demais, “perfeitos” demais. O diálogo fica entre literatura e teatro, e essas são linguagens e interpretações que não cabem no cinema. Podem se inspirar umas nas outras e até conversarem entre si, mas não devem se misturar na prática, pois são linguagens diferentes mesmo. E por isso, apesar de toda a atmosfera visual ser maravilhosa e sem defeitos, o roteiro estraga a credibilidade e verossimilhança que deveria entregar. Passei o filme todo entrando e saindo da narrativa, pois com aqueles diálogos literários, não era convencida. 

      Esperava mais do enredo também, pois na verdade acabou sendo um filme bem parado e cansativo, mas com certeza é uma escola em termos de fotografia, arte e figurino, que representam fielmente a vida na época. 


      A fotografia é algo que encanta, chama muito a atenção, já que possui sempre um quê de sobrenatural, que deve ter sido o conceito do filme já que conversa com a proposta. E digo sobrenatural no sentido de que, apesar dos ambientes serem escuros e trazerem um caráter sóbrio por conta das pequenas chamas de velas amareladas, as janelas e portas são sempre lindos destaques, e parecem promover um simbolismo de esperança, mesmo que naqueles cômodos predomine a escuridão. Por vezes nem podemos enxergar o rosto dos atores, mas isso não fez falta alguma. É uma aposta arriscada, no entanto, que pode incomodar e cansar algumas pessoas, embora esteja apenas reproduzindo a realidade daquela época.

Título Original: Kardec

Direção: Wagner de Assis

Duração: 110 minutos


Sinopse: O filme retrata os estudos sobre os espíritos realizado por Allan Kardec. Ele era um cientista, um cético, mas na Paris do século 18 começou a acontecer fenômenos inexplicáveis e, aos poucos, ele foi convencido que o sobrenatural existia. 


Trailer:

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