Crítica: Superman: Entre a Foice e o Martelo (2020, de Sam Liu)


Não é de hoje que a Warner tem feito as melhores animações da DC, tanto em qualidade gráfica, quanto em relação das releituras das histórias, sem poupar a violência e vilões bem interessantes, como é a marca da DC. 

Também não é a primeira vez que vemos o Superman em uma outra óptica daquelas que conhecemos, como o grande salvador criado no Kansas. Mais uma vez ele é usado em uma realidade paralela onde ao invés de ser criado nos Estados Unidos, ele cresce na Rússia, no tempo em que Stalin ainda estava no poder. A União Soviética usa e abusa do seu novo trunfo, mas até que ponto Superman é levado como o certo e errado, até que ponto ele pode ou é manipulado sem perceber e quando percebe, será mesmo ele o grande salvador que todos precisam?
Como já podemos supor, o regime comunista sofre grande oposição dos americanos e quando finalmente o laço é quebrado, não é bem como eles imaginaram que aconteceria. Kal-El não é exatamente o poço de inocência e bondade que temos definidos na mente, ele é capaz de se impor de uma forma da qual nunca vimos antes e isso é bom, dá uma nova linha para o raciocínio e nos faz pensar no que aconteceria se um dia ele se voltasse contra a Terra e é pensando nisso que Lex Luthor tenta de diversas formas criar uma resistência contra ele, mas falha em todas as suas tentativas. 

Lex aqui é a mesma pessoa de sempre, com algumas pequenas diferenças, ele não é o insano cientista que aparenta, mas sim alguém verdadeiramente preocupado com as consequências que o poder do Superman pode trazer aos humanos e plano após plano ele é vencido, mas nunca desiste.

  
Apesar de ambíguo o princípio que Superman tenta criar, com uma sociedade recíproca em que todos ganham, já que, segundo ele, seus poderes são para ajudar a sociedade e melhorar a vida dos humanos; muitos vão contra ele, já que aqueles que tentam se rebelar acabam sofrendo uma mudança brusca, sem autorização seus cérebros são mexidos para que eles “entendam” que a mudança é benéfica. E o líder dos rebeldes não poderia ser ninguém menos que o próprio Batman, também trazendo uma nova versão muito mais pesada, já que seus escrúpulos não tem limites, passando por cima de quem for para fazer suas ideias serem vistas. 

Não conseguimos criar o laço do “bem” e do “mal” já que todos tem seus meio termos, todos acreditam estar fazendo o certo, mesmo isso sendo moralmente questionável, e é isso que a animação trás, uma nova visão daqueles que, tecnicamente, tinham sua moral intacta. E nisso vemos a história evoluir por 40 anos até que finalmente, todos encontram sua paz.

Os efeitos e traços da animação, bem como a dublagem é de uma excelência já conhecida de trabalhos antigos de Sam Liu e Jason Isaacs (The OA, Harry Potter) como Superman, foi capaz de demonstrar toda a confusão que o personagem sentia em determinados momentos assim como sua determinação em outras. A Mulher Maravilha de Vanessa Marshall é eloquente e Diedrich Bader nos apresenta um Lex Luthor muito menos vilanesco do que estamos acostumados, muito diferente de Batman onde Roger Craig Smith consegue transpassar toda a raiva e brutalidade que o personagem sente.
 
Apesar de algumas coisas um pouco desnecessárias, como a relação um tanto restrita de amizade entre Diana e Superman, que por fim, acaba; e sobre os lanternas verdes, que do jeito que apareceram, somem sem deixar rastros, o filme ainda vale e muito a pena, assim como todas as animações até então, elas são impecáveis nos traços e tudo nos faz voltar a época da União Soviética, com vestimentas, o regime comunista, Stalin e as próprias menções aos presidentes americanos que atuaram na época. Por fim tudo o que realmente importa é a interação Lex Luthor – capitalismo – e Superman – comunismo – se transformando ao longo dos anos assim como a relação pessoal deles.  

Título Original: Superman: Red Son

Direção: Sam Liu

Duração: 84 minutos

Elenco: Amy Acker, Diedrich Bader, Jason Isaacs, Phil LaMarr, Roger Craig Smith

Sinopse: Nessa surpreendente releitura de um conto mais que familiar, uma certa nave kryptoniana cai na Terra, trazendo um infante que um dia se tornará o ser mais poderoso do planeta. Mas seu veículo não caiu nos Estados Unidos. Ele não foi criado em Smallville, Kansas. Em vez disso, encontrou um novo lar em uma fazenda coletiva na União Soviética! Da mente de Mark Millar, elogiado roteirista de Authority e O Procurado, chega esta estranha e genial reinterpretação do mito do Superman.

Trailer:


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