o diretor Zoe Berriatúa mescla um drama social com elementos fantásticos, traços de comédia e uma linda homenagem à sétima arte.
especiais que, ao tentar realizar seus próprios longa-metragens, pena para conseguir tirá-los do papel. Após o
suicídio de sua esposa, Victor passou a carregar uma tristeza e culpa consigo; não por
acaso, o personagem alcoólatra bebe para fugir de si e de sua dura realidade.
Juntamente com seu filho, Ingmar, Victor planeja e tenta gravar seu próximo
filme, encontrando vários empecilhos pelo caminho.
passado. Ele nega a si mesmo durante quase o filme inteiro. E
da mesma forma, as metáforas servem também para a realidade social em que vivem
Victor e Ingmar. A situação para ambos é árdua: as dificuldades financeiras, a falta de recursos e suporte e, com isso, Victor ainda tem que entrar em um acordo com a assistência social, que é chamada para resguardar pelas condições de vida de Ingmar. Para todas essas questões, o olhar fantástico e o
cinema atuam como um escape.
último filme feito havia sido mudo pelo fato de ele não ter consigo um sonoplasta,
dando a entender que, talvez, as escolhas artísticas do pai tenham se dado por
necessidade, não por opção. Isso abre ao espectador uma grande discussão. Na situação
social em que Victor se encontra, não há grandes oportunidades para que ele
pudesse realizar ou fazer o que realmente gostaria – para que ele pudesse genuinamente dar asas à sua imaginação. Novamente, a fuga da realidade se dá
por meio dos contos e do imaginário de pai e filho, que, através da ficção, ficam mais próximos.
Na relação entre os dois, há algo de Dom Quixote. Enquanto Victor vive bebendo para esquecer de seus problemas e divaga em suas ideias, Ingmar chama a atenção do pai para que ele “caia na realidade” e procure um emprego. Entretanto, ainda assim, de uma forma ou de outra, ambos se entusiasmam com a ficção.
Na cena final, o espectador se depara com o choque do
fantástico com o real. Enquanto Ingmar observa um antigo cenário
cinematográfico, – que está todo abandonado e tem diversos elementos em ruínas – ele imagina aquele cenário tomando vida. Em pouco tempo, toda a
magia se desfaz. Novamente, semelhante ao que aparece em Dom Quixote, eles são obrigados a voltar a enfrentar a realidade.
O filme mostra como é duro enfrentar uma situação de vida tão custosa como a de Victor e Ingmar. Simultaneamente, mostra também as dificuldades de se fazer um filme fantástico e/ou uma ficção científica, assim como promove uma homenagem aos que mantém seus sonhos vivos apesar do mundo desolador.
Zoe
Berriatúa
Luis
Callejo, Jorge Andreu, Macarena Gómez e outros
Já assistiu ao filme? Conte para a gente o que achou! 🙂