Crítica: A Grande Mentira (2019, de Bill Condon)

Todos os nossos atores preferidos têm uma bomba na filmografia para chamar de sua. Sir Ian McKellen e Helen Mirren não estão imunes, portanto, a juntar entre seus grandes feitos, a pequena tragédia que é A Grande Mentira, filme de Bill Condon, que para quem não lembra, tem como credenciais enquanto diretor A Saga Crepúsculo: Amanhecer: Parte 1 e Parte 2, A Bela e A Fera e Dreamgirls – Em busca de um Sonho, este último também com sua assinatura no premiado roteiro.

Devo dizer que se Bill tivesse se encarregado do roteiro desta produção, talvez um dos maiores incômodos que o filme causa poderia estar resolvido. O filme conta a história da viúva Betty McLeish (Helen Mirren) e do golpista Roy Courtnay (Ian McKellen), que acabam se conhecendo em um aplicativo online e desenvolvem uma relação a partir de então.


O roteiro prefere, portanto, desenvolver a partir de então, a história dupla de Roy Courtnay, como o mais novo namorado de Betty e como um golpista mafioso inescrupuloso. Betty, por sua vez, é retratada cuidadosamente como uma senhora viúva misteriosa e ao mesmo tempo frágil, quase como se estivéssemos a observando do ponto de vista de Roy. O filme só não é perdido por completo pela atuação de ambos, que não existe espaço para ser genial, mas, que entrega muito mais do que a obra de fato merecia.

Helen Mirren, neste ponto, sofre muito mais que seu colega em cena. A decisão de deixá-la como uma incógnita a ser revelada no terceiro ato (e não pensem aqui que estrago qualquer surpresa, a sensação é esta desde que ela surge em cena), faz com que a atuação dela seja escorada, inclusive, na de Russell Tovey, que dá vida a seu filho Steven.

Talvez estes pontos não seriam tão problemáticos, se de fato estivéssemos acompanhando apenas a história de Roy. Não é este o caso, e um golpista não se aprofundar devidamente na história de sua mais nova vítima, é outro ponto inexplicável em qualquer roteiro de filmes do gênero.

Não vou me aprofundar neste ponto para não gerar spoilers, mas, no terceiro ato, tudo que queremos saber não é o quê, mas sim porquê, e é ai que o filme cai por completo no abismo. Ao duvidar da capacidade do seu espectador, ele julga que foi incrivelmente inovador e com um plot twist digno dos melhores filmes de suspense, e se ancora em uma explicação que causa ainda mais decepção.



É de se lamentar com pesar que só se salvem as atuações de um projeto que tinha tudo para ser melhor. Aliás, o lançamento próximo ao final do ano mirava, de forma inexplicável, as premiações. Não é o pior filme do ano, sem dúvidas, mas, por enquanto, sustenta o título de longa que causou mais expectativa e não as entregou.

Em um ano com o excelente Entre Facas e Segredos (confira nossa crítica clicando aqui), um filme com um roteiro tão frágil fica ainda mais evidente e pronto para ser esquecido assim que assistido.




Título Original: The Good Liar


Direção: Bill Condon


Duração: 109 minutos


Elenco: Ian McKellen, Helen Mirren, Jim Carter, Russell Tovey, Mark Lewis Jones, Jóhannes Haukur Jóhannesson 


Sinopse: O golpista Roy Courtnay (McKellen) mal consegue acreditar em sua sorte quando conhece a viúva endinheirada Betty McLeish (Mirren) online. Quando Betty abre sua casa e vida para ele, Roy fica surpreso ao perceber que está se afeiçoando a ela, transformando o que deveria ser somente mais um golpe na corda bamba mais traiçoeira de sua vida.


Trailer:


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