Especial: Dia da Consciência Negra



     Olá, queridos leitores, sejam bem-vindos ao nosso especial do Dia da Consciência Negra! É importante destacarmos filmes que tenham protagonistas negros e que a representatividade esteja sempre em alta, independentemente se são histórias baseadas em fatos reais, ou mesmo a mais pura ficção. Alguns escritores e escritoras do nosso site separaram, então, boas recomendações de séries e filmes que se destacaram neste quesito. Esperemos que gostem e que deem chance para esses filmes e essas séries! 
Infiltrado na Klan


Comentado por: Antonio Gustavo
     “Todo poder para todo o povo”. Dirigido por Spike Lee, Infiltrado na Klan (2018) vencedor do Óscar de melhor roteiro adaptado, nos leva para os Estados Unidos na década de 1970, onde acompanhamos a absurda, mas real história de Ron Stallworth, o recém primeiro policial negro do Colorado que, consegue se infiltrar na Ku Klux Klan, o maior grupo racista do país.

     A direção de Spike Lee é precisa, sabendo dosar muito bem o tom do filme, que consegue ser divertido, mesmo tratando temas delicados. Além disso, o longa conta com boas atuações e, John David Washington entrega um protagonista carismático que passa pelo conflito de ser negro e policial num sistema racista. Esse conflito rege toda a história, que é o ponto alto do filme. Imprevisível e surpreendente, o roteiro vai nos levando cada vez mais para dentro da Klan, mas deixando claro que a organização é apenas uma representação das atitudes racistas vistas no país inteiro e, no fim, Spike Lee nos presenteia com talvez, os melhores 5 minutos de sua carreira, relacionando toda a história do longa com o cenário político atual. 



O Ódio que Você Semeia

Comentado por: Leonardo Costa

      Ao lado de Infiltrado na Klan, O Ódio que Você Semeia torna-se um filme obrigatório. Os dois formam uma espécie de dobradinha, que deveria ser passada em escolas, instituições e empresas. Aqui nesta trama, Starr é uma jovem que mora em um bairro problemático, mas que graças aos esforços dos pais, estuda em uma escola de privilegiados brancos. Ela namora um rapaz branco e ambos sofrem preconceitos. Alguns a tratam exageradamente bem ou como coitada, outros acham que ele está com ela por pena ou para ser descolado e não parecer racista. Mas isso é só a ponta do iceberg. 

     Quando o melhor amigo e primeiro amor de Starr, um menino negro, é morto por um policial branco, ela enfrentará uma jornada de autodescoberta, tornando-se uma voz contra as barreiras e injustiças sociais. Mas tudo é muito emaranhado de tal forma que todos contribuem para a proliferação do ódio. A “amiga” que defende o policial pois ele estava a serviço, os traficantes do bairro, a mãe superprotetora que não quer a filha protestando. É aí que o roteiro se aprofunda naquilo que prolonga os preconceitos no cotidiano. Que deixar de clamar por justiça é deixar sua voz ser calada. E como o pai diz, não deixe ninguém lhe calar. São 2 horas e 10 minutos onde cada cena é pensada afim de provocar, não há uma cena sequer que seja banal. 

     Da primeira tomada, com o pai ensinando os filhos a como se portar se forem parados por um policial branco, até os instantes finais, são golpes na mente, que provocam diversas reações, que buscam conscientizar que não é vitimismo e polemização, mas é a realidade e que quanto mais for abafada, mais opressora será para pessoas que sofrem determinada rotulação. O ódio que você semeia marca as crianças, e crianças com sementes de ódio “ferram” com todos nós. Direção segura, belas atuações e competente na dissertação do assunto, filmaço que todos deveriam assistir. Mas infelizmente, por tratar de assuntos que tiram da zona de conforto, a maioria vai apenas ignorar, como já andam fazendo no dia a dia, muitos chegando a ser preconceituosos ou apoiando pessoas de poder que são racistas.

A Princesa e o Sapo
Comentado por: Amanda Mergari

    Somente em 2009 a Disney criou uma princesa negra para integrar o universo de suas animações. Cada vez mais é cobrada a representatividade. E embora a Disney esteja deixando de lado as animações 2D, Tiana, a protagonista, teve o privilégio de ser um dos desenhos mais recentes do estúdio que utilizam essa técnica. 

    

    Tiana não nasceu princesa, e este nem era seu objetivo. Seu maior sonho nunca teve a ver com qualquer romance, mas sim a sua autor realização na sua carreira de chef e a criação de seu próprio restaurante. Tiana é uma personagem que traz não só representatividade para as crianças negras, mas também para o gênero feminino, pois possui imensa independência emanando seu girl power


Acesse o link para ler a versão mais completa da matéria:

Cara Gente Branca

Comentada por: Karoline Melo


         Três anos após o lançamento do filme homônimo, a série Cara Gente Branca teve sua estreia na Netflix com um lançamento conturbado na época, marcado por revoltas online devido ao seu trailer polêmico, que, para alguns, soava como “racismo reverso”. A história gira ao redor de Sam White, uma mulher negra estudante da Universidade de Winchester, e de seu ciclo de amizades dentro do ambiente acadêmico. Ao contrário do que muitos acreditaram, a série não veio para condenar a existência de pessoas brancas. Ao criar na rádio da Universidade o programa Cara Gente Branca, Sam explicita casos de racismo que presencia, e utiliza o meio de comunicação como uma ferramenta de luta para além dos grupos de movimento negro dos quais participa. Justin Simien, criador da série, não se limita ao falar sobre racismo, muito pelo contrário; também dialoga o tema com sexualidade, feminismo, violência policial e diversos outros assuntos importantes e presentes nas discussões da atualidade. Com três volumes, cada um com dez episódios de 30 minutos, Cara Gente Branca já teve sua quarta e última temporada confirmada pela Netflix, e deverá sair entre 2020 e 2021.



Olhos que Condenam
Comentado por: Yago Tanaka
      Olhos que Condenam é uma minissérie aclamada da Netflix, baseada em fatos, onde um dos erros mais repugnantes do judiciário estadunidense é retratado à partir das histórias de cinco adolescentes, que foram pressionados pela polícia a confessar um crime que não cometeram.

      Havia muito tempo que uma obra não mexia tanto comigo e existem três elementos que são tão fortes e primordiais para a minissérie ser bem executada e causar esse impacto tão gigantesco. O roteiro, a edição e o elenco. A edição não-linear funciona bem e os episódios nunca perdem o vigor. O roteiro é bem escrito, têm diálogos rápidos e que consegue abordar inúmeros temas sem deixar nada ser tratado com superficialidade (racismo, abuso de autoridade, transfobia, a dificuldade de inserção de um ex-presidiário no mercado de trabalho, etc). E o elenco, que consegue gerar empatia logo no início e que cresce ao longo dos episódios, tendo um trabalho excepcional e decisivo de Jharrel Jerome no último episódio. 

      A direção milimetricamente assertiva da Ava DuVernay e o lançamento estratégico da Netflix estão de parabéns, já que lançaram a melhor minissérie do ano.

Bem-Vindo a Marly-Gomont

Comentado por: Amanda Mergari


     Seyolo é um médico do Congo que se muda para a França com sua família esperando dar uma vida melhor para eles, mas ser aceito numa cidade racista não vai ser muito fácil. Eles são os primeiro negros a morar na cidadezinha rural de Marli-Gomont. 

     Um daqueles “achados” na Netflix, Bem-Vindo a Marly-Gomont é um filme francês que vale muito a pena e que está disponível no catálogo. É um longa-metragem baseado numa história real, e isso deixa a narrativa ainda mais intrigante e apaixonante. Para saber mais sobre o filme, vocês podem ler a análise completa do filme que está disponível aqui no site! Ela não contém spoilers! 




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Corra!
Comentado por: Amanda Sperandio

      Corra!, do diretor de Nós, Jordan Peele, é o terror no seu propósito original de crítica social. O longa conta a história de Chris, um jovem que viaja com a namorada Rose para conhecer os sogros. De início pode parecer uma premissa comum, como em O Pai da Noiva, no entanto traz questionamentos extremamente relevantes e atuais, como a visão que é empregada do negro na sociedade, o papel que lhe é conferido e o preconceito velado de uma sociedade que não chegou nem perto de superar sua cultura escravagista, quando muito colocou alguns panos quentes na situação. É um retrato de como, a todo momento, se tenta apagar toda uma história de sofrimento, abusos e exploração por trás de cada negro que ainda é agredido constantemente, além de invisibilizado. O fato de, finalmente, termos uma representatividade negra no cinema – não apenas no elenco, mas na direção – talvez seja um ponto de esperança para que eles finalmente tenham voz, e uma que não seja forjada por mais um roteirista ou diretor branco. 

     Falas como “o negro está na moda” e “é mesmo melhor?”, ao se referir às relações sexuais de Rose com o namorado negro, juntamente com cenas como de uma moça analisando e tocando Chris como se ele fosse um pedaço de carne e todos parando de falar e seguindo Chris com o olhar quando ele sobe para o segundo andar da casa, só reforçam a ideia de que o negro ainda é visto como o outro, como alguém que não pertence a certos lugares e, é tratado do mesmo modo como os escravos eram tratados séculos atrás. O questionamento principal que nos assola após os créditos é: o quanto de fato melhoramos ao longo de todos esses séculos? 


Pantera Negra


Comentado por Ettore Migliorança


      De todos os últimos lançamentos do gênero de super-herói, poucos tiveram impacto cultural nos Estados Unidos tão forte como foi com a produção da Marvel Studios, Pantera Negra. O primeiro filme de super-herói com um elenco predominante negro, conta a história de T’Challa, príncipe da nação tecnológica, secreta e africana chamada Wakanda, onde após o seu pai ter sido assassinado, passa a assumir o trono e deve enfrentar os desafios que possam ameaçar a paz de Wakanda e do mundo. 


O filme possuí elementos muito transgressores na proposta padrão do gênero, na qual ao retratar uma nação africana com uma tecnologia avançada, o filme resgata o tema do afro-futurismo, sub-gênero da ficção cientifica com a proposta de sugerir um exercício de pensamento sobre como funcionaria o continente africano sem influência da colonização que surgiu ao longo da história, debatendo o conceito de progressão da humanidade ao longo da história só que num ponto de vista da população negra, além de sugerir uma discussão social complexa sobre minorias e o lugar dos negros num mundo tão hostil por conta do preconceito social, expressado pelo vilão do filme Killmonger, base do conflito do herói e vilão que relembra a dualidade da luta pelos direitos do Negros de Martin Luther King e Malcom X.

Branco Sai, Preto Fica (de Adirley Queirós, 2014)

Comentado por: Isabella Thebas


Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós, é um filme que mescla o documentário e a ficção científica para, com um roteiro ficcional, recontar o passado e escancarar o racismo enraizado de um país que prospera a partir da legitimação da violência.


A obra de Adirley, além de trazer sua cidade natal, Ceilândia, como a grande protagonista, constantemente desafia as fronteiras entre documentário e ficção, e constitui-se como um protesto por espaço, identidade e representação social. O diretor evidencia uma dívida histórica, colocando em foco aqueles que não costumam ser representados e, com eles, uma narrativa extra-oficial. O resultado é um cinema que se afirma em todos os aspectos como resistência aos padrões de representação audiovisual.

     Em Branco Sai, Preto Fica, um agente do futuro é enviado a um presente distópico para reunir provas dos crimes cometidos pelo Estado brasileiro contra a população negra e marginalizada. Mais especificamente, sobre um acontecimento traumático e real: o violento fechamento do Quarentão, antigo baile black da Ceilândia, por policiais militares em 1986. No episódio, a polícia entrou no local, separou pretos e brancos (“branco sai, preto fica”), e então reprimiu, feriu e mutilou jovens negros. Inclusive os protagonistas do filme.

A Outra História Americana
Comentado por: Natália Joaquim

     Edward Norton, como sempre impecável, dá vida a um jovem branco, que é neonazista e que claro, odeia tudo que lhe é diferente. O filme nos mostra a sociedade da época que, se pararmos para pensar um pouco, não mudou muito em 21 anos, isso mesmo, desde 1998.

     O filme é notável por diversos pontos apresentados, sua alta violência, que em parte é apresentada pelo personagem de Norton, que parece se vangloriar dos atos cometidos contra negros e latinos, como se isso o inflasse e o fizesse ser melhor só pelo fato dele poder fazer tal coisa, entretanto, ao entrar na prisão ele conhece um mundo do qual jamais pensou viver, e por incrível que pareça, a única pessoa que se transformou em seu amigo foi um negro.

    O filme coloca não o racismo contra afrodescendentes mas também com latinos e imigrantes, parece bem comum né? O filme em si deixa muito em aberto para elaborarmos perguntas e também para as respondermos conforme nossas opiniões. Toda radicalidade trás consequências, e aqui vimos elas expostas deste o começo da vida de Derek até os dias atuais de sua vida.

Aproveite essas dicas, leitor, e depois diga pra gente a sua opinião!
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