Crítica: Nosferatu – O Vampiro da Noite (1979, Werner Herzog)

 

Apesar de não ter sido lançado na época de ouro dos filmes de terror (década de 1930), este filme dirigido por Werner Herzog (diretor de outros filmes importantes na história do cinema como: Aguirre – a Cólera dos Deuses, Fitzcarraldo e O Enigma de Kaspar Hauser, pra início de conversa) uma das figuras mais primordiais da cultura do horror: Drácula. Estrelando Klaus Kinski na figura do conde da Transilvânia, Nosferatu é uma reimaginação ainda mais macabra da criatura criada por Bram Stoker e já encenada diversas vezes no cinema desde a sua criação, na Inglaterra vitoriana do século XIX. O nome difere de Drácula, pois, Herzog não conseguiu comprar os direitos da história original, mas, curiosamente, à época de lançamento do filme, o livro já se encontrava em domínio público, logo, o personagem de Kinski é chamado de “Conde Drácula”.

Algumas imaginações de Drácula prévias a este filme de Herzog incluem: o pioneiro filme mudo Nosferatu (1922) de F.W. Murnau, Drácula de 1931, dirigido por Tod Browning, conta com a inesquecível atuação de Bela Lugosi, que ele viria a reprisar em outros filmes e que viraria marca registrada de sua carreira, literalmente uma sombra que o acompanhava; O Vampiro da Noite, de 1958, lançado pela Hammer Films, estrelando Christopher Lee, também com inúmeras sequências; Sangue para Drácula (1974) de Paul Morrissey, estrelando Udo Kier como uma versão contracultura do conde. A Wikipedia lista 91 títulos de filmes com a palavra “Drácula”, sem falar nas obras em que a figura é referenciada, parodiada ou homenageada, logo, percebe-se que se trata de uma das figuras mais viscerais do cinema de horror, tendo inspirado todo um subgênero de filmes de vampiro que ainda tem uma longa vida pela frente.


Apesar de possuir algumas pequenas diferenças em relação à obra de Bram Stoker, Nosferatu de Herzog conserva a maior parte de informações da história original, podendo ser considerada uma adaptação do livro, mas é, sobretudo, uma homenagem ao filme de F.W. Murnau, que quase não sobreviveu à nossa época. Entretanto, acredito que seu ponto mais forte seja justamente a visão do diretor, o estilo sombrio e deslumbrante que ele dá à ambientação do filme, a trilha sonora composta pela banda Popol Vuh (que também construiu a trilha sonora de outros filmes do diretor), os cenários naturais isolados dos Países Baixos e da Checoslováquia que complementam as atuações de forma genial. 

Mesmo tendo sido filmado com extremo baixo orçamento e uma equipe de apenas 16 pessoas, as atuações principais de Isabelle Adjani, Bruno Ganz e, principalmente, Klaus Kinski, são fenomenais e fazem com que mergulhemos totalmente dentro da atmosfera do filme. A maquiagem e vestuário de Klaus Kinski, que era um ator dificílimo de trabalhar, foram completamente inspiradas no clássico de Murnau, sendo que sua transformação em Conde Drácula levava em torno de 4 horas, nas mãos do artista japonês Reiko Kruk. 


No entanto, há que se destacar a polêmica envolvendo maus-tratos de animais, conta um biólogo holandês envolvido na produção do filme que resolveu sair da equipe quando percebeu o quanto os ratos que foram trazidos para as filmagens estavam sendo tratados de forma cruel. Segundo seu relato, foram encomendados ratos brancos importados da Hungria, e que para além das condições insalubres do próprio deslocamento, Herzog ordenou que todos os ratos fossem pintados de marrom para aparecer em frente às câmeras, logo, os animais foram mergulhados em água fervente, o que ocasionou a morte de grande parte. Para além desse episódio quase tão macabro quanto o filme em si, não se pode dizer também que o restante dos animais teve um tratamento melhor daquele dispensado aos ratos.

Trazendo para a discussão diversas questões éticas relacionadas ao tratamento de animais em filmes, que hoje felizmente está bem diferente, ao lado disto, Herzog conseguiu realizar com êxito sua homenagem ao expressionismo alemão da década de 1920, conferindo um tom de melancolia e enfatizando o isolamento e a solidão do personagem Nosferatu, ao invés de focar apenas na sua qualidade sanguinária e assassina. Se você está procurando por uma ambientação perfeita em filmes de horror, deixe que este filme o/a envolva em sua melodia que ecoam pelas profundas florestas da Transilvânia. 



Título Original: Nosferatu: Phantom der Nacht

Direção: Werner Herzog

Duração: 107 minutos

Elenco: Klaus Kinski, Bruno Ganz, Isabelle Adjani, Roland Topor, Walter Ladengast, Dan van Husen, Jan Groth

Sinopse: Baseando-se no livro ”Drácula”, de Bram Stoker, Herzog, conta a
jornada de Jonathan Harker, pelo reino de horror do Conde Drácula, um
maligno vampiro obcecado pela esposa de Harker, a bela Lucy. Remake, do
clássico expressionista do mestre W. F. Murnau.

Trailer



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1 thoughts on “Crítica: Nosferatu – O Vampiro da Noite (1979, Werner Herzog)”

  1. Até hj como dizia o chaves me dá calos frios kkkkkkkk.assisti pela primeira vez na escola e tinha anoitecido e ventava muito meus pais eram zeladores de uma escola e não tinha ninguém na rua e no quintal tinha muitas árvores,quem disse que entrei no quintal sozinho chamei um amigo para me acompanhar até a porta de casa foi hilário só que ele guardou segredo até hj sobre esta situação kkkkkkkkk

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