A Equipe do Blog Comenta: Game of Thrones S08E06 – The Iron Throne (2019, de David Benioff e D.B. Weiss)

AVISO: Esta crítica contém spoilers

E, por fim, o fim. Oito anos da jornada de nossos amados personagens pelas terras de Westeros e Essos terminou no domingo passado, deixando-nos órfãos de uma das maiores séries de todos os tempos, mas também com alguns gostos estranhos na boca que não somente representam saudades. Com a temporada de avaliações mais baixas na história do seriado, o encerramento parece manter a linha das críticas anteriores, colocando os fãs em uma onda de insatisfação. Por isso, alguns membros da equipe do blog comentaram suas impressões e opiniões sobre o sexto episódio.

Se você ainda não leu as críticas anteriores, corra aqui nos links de Winterfell; A Knight of The Seven Kingdoms; The Long Night; The Last of The Starks e The Bells, para aproveitar e rever a opinião da equipe sobre o desenrolar da temporada.

 


Guilherme Amado comenta: 

Foi com certa tristeza que acompanhei o número absurdo de teorias e apostas sobre o último episódio de Game of Thrones. Fãs desesperados tentavam encontrar algum sentido, algum senso mínimo de profundidade, misturando profecias antigas com promessas feitas em temporadas anteriores e indicações que nunca levariam a lugar algum. A expectativa dava lugar à frustração e finalmente à uma indiferença que dominou o episódio inteiro e sabotou os pontos emocionais que a história tentou atingir.


E o que dizer da conclusão? Ela é o que é, e todos sabíamos que seria divisiva. Entretanto, a divisão não vem propriamente dos acontecimentos, mas de um senso de que estamos vendo versões vazias e falsas dos personagens. A produção tentou de todas as formas esconder, mas cada episódio dessa temporada confirmou o fato de que Game of Thrones há muito tempo deixou de ter algo a dizer.

Devo mencionar as tentativas risíveis de conversas profundas, que acabam sendo apenas cenas longas e exageradas, sem nenhuma sutileza? Os personagens que se comportam de uma forma em um momento e de outra forma, algumas cenas depois? Acredito que se chegamos até aqui é por nossa própria habilidade de preencher os espaços deixados pela escrita e de acreditar que tudo isso teria algum propósito. Game of Thrones termina como conto de fadas que tentou subverter – e que palavra irritante, especialmente quando é usada como justificativa para surpresas sem sentido. 
 

A produção é incrível. Os visuais são bons. Não há nada de particularmente decepcionante nos acontecimentos em si. Não há nada de particularmente satisfatório, também, além de um senso de conclusão. Fico feliz pelos fãs que conseguiram apreciar o final, realmente. No fim das contas, tudo faz sentido, e nada importa. 



Igor Motta comenta:
 

The Iron Throne foi a consequência de uma temporada cheia de falhas, buracos, inconsistências e preguiça dos roteiristas. Olhando a temporada como um todo, percebemos que, de fato, D&D não sabiam o que estavam fazendo.


Foi um episódio bem produzido, assim como uma temporada bem produzida, mas, como o clichê dessa própria série de críticas, o problema está no roteiro. Mas, vamos antes comentar de outros aspectos do episódio. Preciso deixar um elogio à Emilia Clarke, pois sua atuação melhorou muito. Não, ela não era uma péssima atriz, mas ela conseguiu dar uma maior margem de emoções para Daenerys, mostrando uma grande evolução desde o início de Game of Thrones até agora, coisa que me faz querer ver o rosto da atriz em mais coisas.

As cenas de Daenerys e Drogon podem, facilmente, serem consideradas as melhores do episódio, dando aquele ar de maquiavelismo (no sentido mais perto da raiz da palavra) e poderio que conseguimos sentir, em especial aquela com as asas. Pontuaram bem aquela velha dúvida de Viserys de quem era o dragão, afinal. Mas, claro, as coisas boas praticamente acabam por aqui. 



O final fora uma coisa tão “é o que tem para hoje”, que talvez o cansaço deste que lhes escreve possa ser sentido. Acho que qualquer coisa que eu comente sobre esse derradeiro encerramento será repetitivo. A sensação que deixa é a de que anos e anos de preparação foram cortados por um fim abrupto e medíocre, nada comparado ao início do programa. E assim como disse em minha crítica sobre The Bells, a culpa está completamente nos showrunners.

A morte de Daenerys possui cortes horríveis, que comparo ao mar de memes de novelas de baixa produção que podemos encontrar pela internet. Foi uma cena sem emoção, sem fôlego, apenas deixando a irritação da falta de sentido do que ver uma das protagonistas sendo morta. Pior ainda foi o caminho de Jon até lá e a facilidade de matar uma rainha ainda em um território de guerra, mesmo que devastado. Mas nada se compara ao dragão que, ao ver sua mãe morta, teve um lapso de consciência que magicamente o fez compreender estruturas e signos de poder e, em um ato de raiva completamente racional, destruiu o trono de ferro. Sério mesmo?

A cena do julgamento foi patética. Não há nenhuma lógica em um prisioneiro poder indicar um novo rei, ou criar uma monarco-democracia com praticamente uma casa e seus aliados compondo a maioria dos ali presentes, que no final saíram com um reino próprio. O nome disso na realidade é nepotismo. Qual foi o propósito dos arcos de vários personagens? Votar no Bran como novo rei? 

A maioria dos personagens pareceu ter um fim quase que ilustrativo, e não algum encerramento conciso e verossímil. Mortes anteriores nas temporadas passadas foram melhor elaboradas do que o final de Sam, por exemplo, de um meistre nunca formado ao principal cargo da profissão junto à corte. Não quero reduzir meu comentário ao mero desconto de frustrações em cena enumeradas, mas algumas coisas precisavam ser apontadas. Apenas o final de Sansa fora bom. Vê-la como a rainha do norte fora recompensador, tanto para mim como fã, tanto para ela como personagem e todos os seus sofrimentos. E deixo Arya como aquele meio termo, com algumas dúvidas.

Mas, pelo menos, de todos os males desse final jogado e menos construído do que uma fanfic, tivemos a redenção de Jon Snow. Sim, estou falando do carinho em Fantasma. Mas, sinto em dizer, ele não fez mais que a obrigação dele.

Foi um final abaixo da média, de uma temporada abaixo da média. Game of Thrones encerrou uma era da televisão mundial deixando muito a desejar. Talvez o final dos livros seja diferente, talvez igual, mas provavelmente melhor trabalhado. O que nos resta, como fãs, é viver com os grandes momentos da série que mudaram nossas vidas em nossas memórias, e talvez ignorar toda essa temporada final.





Título Original: Game of Thrones



Direção: David Benioff e D.B. Weiss


Episódios: 6


Duração: 80 minutos em média


Elenco: Emilia Clarke, Kit Harinton, Peter Dinklage, Lena Headey, Sophie Tuner e Nicolaj Coster-Waldau e outros.



Sinopse: Após os intensos acontecimentos de The Bells, Daenerys agora precisa encarar os sobreviventes e novos inimigos de seu mais novo reino.



Trailer da temporada:
Gostaram do episódio? Ficaram satisfeitos com o encerramento? Deixem nos comentários o que acharam e continuem acompanhando a programação do MVDC.

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