Crítica: As Vozes (2015, de Marjane Satrapi)


Determinadas misturas no cinema podem causar verdadeiros fiascos. As Vozes, já estava ciente disso e mesmo assim optou por mesclar comédia, terror e drama psicológico, mas de tão bem executada, se torna uma surpresa. Talvez, seja pelo fato de ser assistido pretensiosamente, mas de qualquer maneira o filme cai no ar da graça dos telespectadores. 

A história concentra-se numa pequena cidade chamada Milton, onde Jerry (Ryan Reynolds) é um operário numa fábrica de banheiras, na qual ele tem acompanhamento psiquiátrico e ainda possui uma paixão secreta por Fiona (Gemma Artenon) uma colega de trabalho. Tudo começa a dar errado, quando ele tem um encontro amoroso com ela, e o rumo desse encontro sai totalmente do controle do protagonista, tudo isso pelo fato dele não tomar seus remédios periodicamente.

Acho que para continuar deveria alertar que quanto menos tu souber do filme, melhor sua experiência com ele será. O início do filme parece ser bem convencional, até parece uma comédia romântica, com algumas trivialidades do gênero, mas isso é apenas uma “máscara”, e essa transição da comédia para o horror acontece rapidamente, e surpreende pela facilidade com que isso é implementado. 



Dada a proporção do problema do personagem, ele recorre às “vozes” que escuta, atribuídas ao seu cachorro e ao seu gato, que a propósito é o próprio Ryan Reynolds que faz a voz dos mesmos.  De uma personalidade inofensiva, ele acaba se tornando um serial killer, mas que acabamos tendo empatia.

Os diálogos funcionam mais como uma linha de pensamento do que uma conversa real, mas que entendemos que tudo isso faz parte de um monólogo dentro da cabeça do intérprete. Um dos triunfos do longa passa também pelo narrador não confiável, fazendo com que você não saiba o que é real e o que é ação da cabeça do figurante. 




Talvez o mais interessante do filme seja a forma como ele é apresentado, do jeito que o visual é inofensivo, e dá a impressão de que essa será a estética até o final. Mas isso é meramente um grande triunfo da diretora Marjane Satrapi, que para quem não conhece, ficou conhecida como a primeira iraniana a escrever uma história em quadrinhos que virou um desenho animado, chamado Persépolis e foi indicada ao Oscar. 

Com uma ótima desenvoltura de montagem e visual que vai modificando com a característica do personagem, o longa te prende principalmente pela fusão dos gêneros implementados e é super agradável. Outro destaque positivo é a atuação de Ryan Reynolds, que com certeza é uma das melhores de sua carreira. 


O filme conta com uma proposta bem longe do convencional e a forma como a doença do personagem é contada, é um dos pontos altos da trama. O fato de não ser contado de uma forma clichê e muito menos de forma dramática, ajuda e é estabelecido no seu tom. A linha comédia/terror/drama funciona muito bem quase durante todo o filme, apesar do final talvez ter exagerado no tom cômico, podendo caber algo mais dramático, porém não tira o brilho da produção.

Título Original: The Voices

Direção: Marjane Satrapi

Duração: 103 minutos

Elenco: Anna Kendrick, Gemma Arterton, Ryan Reynolds, Adi Shankar, Alessa Kordeck, Ella Smith, Gretel Ashzinger, Gulliver McGrath, Jacki Weaver, Michael Pink, Sam Spruell, Stephanie Vogt. 

Sinopse: Jerry é um cara bacana que chama a atenção das garotas. Mas há um problema: ele conversa com o gato e o cachorro da casa. Mr. Whiskers, o felino, convence o protagonista a matar as mulheres com quem sai.

Trailer:
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