Crítica: Game of Thrones S08E02 – A Knight of the Seven Kingdoms (2019, de David Benioff e D.B. Weiss)


Mais um domingo, mais um episódio. A reta final para a série mais aclamada dos últimos tempos está, finalmente, tomando forma. No segundo episódio da temporada, tivemos o tão desejado crescimento de tensão, a sensação de cerco em Winterfell, que desmonta a anterior percepção de um paraíso de reencontros e amores, junto com o intenso arrepio na espinha causado pelos frios ventos do inverno. 


Em vista do episódio anterior, tivemos uma considerável melhora. Talvez o caráter arrastado de uma introdução de temporada tenha ficado justamente no primeiro episódio. O segundo tomou rumos mais definidos, agora delineando alguns propósitos para futuros problemas. Ainda não justifica o passeio romântico de dragão pelo Norte, mas é inegável que algumas coisas ficaram mais claras.

O episódio fora marcado por mais algumas sessões de reencontros, de personagens que não se viam desde o início da primeira temporada e de outros velhos conhecidos. Este episódio, ao contrário de seu antecessor, parece seguir sua proposta de forma encadeada com seus posteriores. Os personagens, aqui, estão se preparando para a morte, sabem que a batalha contra o Rei da Noite e seu exército incansável é praticamente suicida, seguirá a máxima da série dita por Cersei em seu famoso diálogo com Ned Stark: quando você joga o jogo dos tronos, ou você ganha, ou você morre; não há meio termo. Se há algo para ser feito, confessado e desejado, essa é a hora.

Isso acarreta no tão sonhado peso dramático necessário para a temporada final que disse em minha crítica ao primeiro episódio. As meras conversas em frente ao fogo, os romances adormecidos e os atos de heroísmo, mesmo das crianças, ficam mais emotivos, visto o provável destino de todos eles. A Knight of the Seven Kingdoms é a calmaria antes da tempestade. Winterfell poderia ser
resumido e subsumido ao segundo episódio sem o menor problema, faria seu
conteúdo ganhar maior importância, inclusive. Como, por exemplo, na tensão entre Sansa e Daenerys, que saiu de uma mera troca de farpas para uma concreta inimizade política com um futuro espinhoso, mesmo se ambas sobreviverem ao Rei da Noite.


Essa emoção que cito, em alguns momentos, devo dizer, atingira altos patamares. Ao contrário do que se esperava, cenas entre Bran e Jaime, Tyrion e Jaime… foram boas, mas foram excepcionalmente superadas pelo reencontro de Sansa e Theon. Uma cena de curta duração que significou muito para o desenvolvimento de ambos os personagens. Vemos um Theon decidido que, finalmente, deixara para trás qualquer vestígio de Fedor, seu alter ego de tempos de cativeiro; e Sansa, relembrando alguma delicadeza e carinho, sentimentos que a tempos pareciam perdidos.

Em um lado mais cômico, tivemos ainda o reencontro do casal mais popular dos sete reinos, que ainda sequer pode ser considerado um casal. Uma das primeiras reações de Tormmund é perguntar da “mulher grande”, levando os fãs ao delírio. Desde já reitero que, com apenas cenas de flertes desconfortáveis e mais do que absurdos, Tormmund e Brienne parecem um casal bem mais apreciado pelo público do que Jon e Daenerys.


Falando em Brienne, o ponto alto do episódio foi o pequeno desfecho da competição entre Tormmund e Jaime. Entre diálogos cômicos sobre leite de gigante e qual dos dois se mostrava mais apto para o coração da mulher, tivemos a realização do grande sonho da, agora, cavaleira. Desde que Brienne fora introduzida ao enredo, lá na longínqua segunda temporada, seu maior desejo sempre fora tornar-se uma honrada e respeita cavaleira condecorada. 

Apesar das peripécias do destino em cumprir seus votos, suas ações sempre seguiram a linha de tal filosofia, e ainda seguem. Um dia prometera proteger as filhas de Catelyn Stark , e podemos dizer que jamais fez o contrário. Foi uma cena linda, e a atuação de Gwendoline Christie tão boa quanto. A chance da personagem morrer no episódio seguinte existe? Existe, mas ao menos morrerá com seu grande sonho realizado (o autor desta crítica é fã declarado de Brienne de Tarth).

Não poderia deixar de comentar sobre a famigerada cena da Arya. Mas, na realidade, tal cena ganhou uma comoção além do necessário. Como dito anteriormente, e até pela própria personagem durante o episódio, todos ali estão potencialmente em seus momentos finais. Não há mais nada a perder, e essa é a melhor hora para, no termo mais popular possível, chegar no crush de longa data. Já existiram cenas de sexo (e estupro) em que os atores mal haviam passado da maioridade e que, eu aposto, não motivaram tal questionamento sobre suas idades e teor das cenas (como entre Sansa e Ramsay, e Tommen e Margaery). É uma cena de sexo,
consentida, em Game of Thrones, com personagens e atores maiores de
idade. Qual é a grande questão aqui? Nenhuma.
Westeros, apesar de mágico, não é uma Terra do Nunca. As pessoas crescem, personagens também.



Com planos traçados, inocentes guardados nas criptas e espadas valirianas em punho, o episódio termina com a (FINALMENTE) chegada dos caminhantes brancos a Winterfell. A segurada de acontecimentos parece não mais ser possível com isso, deixando a expectativa para o terceiro episódio tão alta quanto a série costuma ter.

A Knight of the Seven Kingdoms foi um bom episódio. Recuperou algum fôlego perdido pelo primeiro e deixou vestígios de “quero mais” para o restante da temporada. Conquistou com cenas belíssimas e quebrou o gelo com momentos engraçados. Mas, ainda sim, tratando-se de uma temporada final,  as coisas precisam engatar mais para fechar toda a história nos 4 episódios restantes. O que resta, agora, é rezarmos para os deuses antigos e esperar pelo melhor, pois o inverno está aqui.


Título Original: Game of Thrones



Direção: David Benioff e D.B. Weiss


Episódios: 6


Duração: 60 minutos em média


Elenco: Emilia Clarke, Kit Harinton, Peter Dinklage, Lena Headey, Sophie Tuner e Nicolaj Coster-Waldau, Gwendoline Christie e outros.



Sinopse: O Rei da Noite se aproxima. A tensão entre Sansa e Daenerys fica latente. Os personagens se preparam para a batalha por Winterfell, assim como suas prováveis mortes. Segredos do passados assombram já incerto futuro do Sete Reinos.


Trailer da temporada:
  
Promo do terceiro episódio:
O que você sabe sobre o medo? O medo é para as longas noites, para a neve metros e metros acima do solo. O medo, minha doce criança do verão, é para o inverno.

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