Crítica: O Passageiro (2018, de Jaume Collet-Serra)

Filmes de ação geram duas coisas em mim: decepção ou surpresa. E por mais infeliz que seja admitir, ter surpresas boas não são comum nesse gênero, tão calejado de roteiros fracos e medianos. Onde pelo fato de ter ação se esquece do essencial, que no mínimo, seria contar com boas atuações. 
Recentemente tiver o prazer de assistir O Passageiro, estrelado por Liam Neeson, conhecido por filmes como Busca Implacável e mais recentemente Vingança a Sangue Frio. Já podemos notar que o ator tem uma preferência pelo gênero que o deixou conhecido em Hollywood. Em todo caso, temos um filme raro em mãos, que além de cenas de ação bem encaixadas e necessárias, temos um roteiro interessante e atuações além do esperado. Continue lendo e saiba o que achamos do filme.
A história aparentemente é simples. Um ex-policial que agora vive de vender seguros, Michael MacCauley (Neeson) é abordado durante uma viagem de trem por uma mulher misteriosa (Vera Farmiga), que faz uma pergunta supostamente hipotética a ele: Você seria capaz de se beneficiar sabendo que prejudicou uma pessoa ímpar, da qual você não sabe quem é e não conhece? Como recompensa, isso te levaria a ganhar cem mil dólares. Sem acreditar muito na legitimidade dessa estranha conversa, Michael recebe um bônus de dez mil reais para aceitar a oferta: Encontrar Prynne dentro desse trem. 
Da mesma forma que ela aparece a personagem sai de cena, deixando para trás um homem confuso e um tanto perdido. Mal sabia ele que, ao aceitar o dinheiro, também aceitaria as consequências. E em pouco tempo ele percebe que entrou de gaiato em uma história que ia muito além do que lhe foi contado.
 
Logo de cara, o filme nos traz pequenos detalhes dignos de um suspense muito bem elaborado. A cada nova pista, o cerco fecha em torno do personagem que se sente obrigado a descobrir quem é a pessoa em questão, não mais pelo dinheiro, mas para salvar a vida de sua família. Ao longo do filme, os personagens vão se definindo e se refinando, conforme as buscas (lembre-se que tudo acontece em um vagão de trem) vão levando o personagem mais próximo de seu alvo. Suspeitos é o que vemos em todos os rostos. A paranoia do personagem nos faz ver os demais personagens na sua visão e começamos a desconfiar de todos. 
Uma coisa interessante de se notar é que a direção faz de tudo para apresentar Michael como um homem comum e de rotina pacata. Os primeiros minutos mostram seu dia a dia e a interação com sua esposa e filho, conforme passa vemos uma diferença grotesca entre estações no ano e fotografia, mas os locais são sempre os mesmos, criando uma rotina fixa e sem delongas sobre a vida desse homem, contrastando e muito com a realidade que vemos dentro do trem.   
A parte técnica do filme é outro detalhe a ser citado, mesclando lutas corporais com efeitos em sequência eletrizantes, o talentoso diretor já é conhecido por seus trabalhos como Águas Rasas e mostra mais uma vez que sabe o que faz. Graças à essa incessante busca, o mistério aos poucos vai criando forma e acabamos descobrindo junto com Michael o real motivo que a misteriosa mulher quer achar Prynne. E mais uma vez, ele tem uma escolha para fazer. Apesar de no fim, já sermos capazes de deduzir os reais vilões da história, todas as peças desse quebra-cabeças se encaixam perfeitamente, e não deixa brechas para furos ou dúvidas. O filme não é perfeito mas entrega algo muito bom de ser assistido, gerando curiosidade e uma pulga atrás da orelha do telespectador. Revive os bons tempos de Liam e mostra que ele ainda sabe o que faz. 
Título Original: The Commuter

Direção: Jaume Collet-Serra

Duração: 105 minutos

Elenco: Liam Neeson, Vera Farmiga, Patrick Wilson, Sam Neil, Jonathan Banks, Florence Pugh, Letitia Wright, Ella-Rae Smith, Clara Lago
Sinopse: Em um trem, uma mulher misteriosa oferece 100.000 dólares a um
homem de negócios para ele ajudá-la a encontrar um passageiro escondido
antes da última parada.
Trailer:  
 


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