Crítica: WiFi Ralph: Quebrando a Internet (2018, de Phil Johnston e outros)

Indicado ao Oscar de 2019, como Melhor Animação, WiFi Ralph: Quebrando a Internet, é uma continuação de Detona Ralph (2012). Nesse primeiro filme,  as referências aos jogos e aos fliperamas foram exploradas de uma forma bem estruturada. Já essa sequência foge um pouco dessa temática e explora a Internet e suas ferramentas. 


Na história, os personagens principais estão no mesmo fliperama do passado. Ralph se sente confortável, ou menos insatisfeito do que Vanellope, que ao contrário se sente inquieta com seu jogo de corrida, pois já domina todas as pistas, os atalhos, os bônus e as linhas de  chegada. Tudo muda, quando chega um roteador wifi no local. Logo depois disso, o volante do jogo de corrida estraga e para evitar o desligamento da diversão da máquina, os dois entram em uma aventura pelo mundo da Internet, buscando a compra da peça estragada.



Paralelamente, as animações de antigamente pareciam um produto fácil de entender, com construções e diálogos acessíveis e diretos, que sempre fechavam com uma boa lição de moral para as crianças. Não estou dizendo que essa fórmula mudou, ao contrário, com o avanço, esses filmes estabeleceram uma comunicação que, além de entregar uma mensagem à criança, busca trazer uma ideia mais madura para os adultosComo exemplos mais recentes dessa nova forma de filmes está o bom Divertida Mente que além de divertir, deixa questionamentos bem profundos para o público crescido. 

Esse não é exatamente o caso desse filme, pois deixa a mesma mensagem e questionamentos tanto para adultos e crianças. E sobre o que é essa lição de moral? É sobre a amizade. Mas antes de explicar isso, vamos aprofundar a história. Prometo que depois voltamos a esse tópico, ok? 

Visualmente, o universo de WiFi Ralph é lindíssimo e tem muito potencial, mas não vai além pelo fato dos caminhos que o roteiro decide tomar. É verdade que o mundo elaborado por seus criadores abriu um leque de possibilidades, trabalhando muito bem a noção do ciberespaço. É nesse mundinho que a menina se deslumbra com tantas novidades, enquanto seu amigo grandão espera o quanto antes para ir embora, para viver um mundo de mesmices.  


Na trama, temos elementos que servem para fazer a ambientação do mundo fictício que estamos entrando. Enquanto isso, existem outros mais concretos, de forma que isso é aproveitado para fazer uma propaganda malandra, de certas marcas.




Além de existirem diversas referências de cultura pop, de outros games e até  aplicativos mais famosos e diversos sites da rede mundial de computadores, o filme faz alusão e modifica o nome de certos sites, como o BuzzTube, uma “imitação” do Youtube – o que não prejudica em nada o desenvolvimento do filme. 


É nessa plataforma, que os personagens buscam fama para assim concretizar a compra do volante. Mas, com um pouco de exagero, é retratada a forma de conseguir os likes e consequentemente a monetização, ficando fora da curva do real: tempo/dinheiro.  Além disso, dá a entender que o conteúdo que faz sucesso na rede, em sua maioria, e quando faz, é de gosto duvidoso. Uma cena que chama bastante atenção é o choque que Ralph recebe ao ler os comentários de cada vídeo de conteúdo crítico e xingamentos bem pesados. Essa alusão representa de uma forma bem coerente o mundo virtual.
  



Além de tudo isso, o filme faz um alerta aos perigos das amizades tóxicas. Mas como? Pelo fato de Ralph ser um amigo super protetor que busca ajudar de todas as formas sua amiga, se preocupando com o fato dela se machucar. Então, é mostrado esse lado protetor do protagonista e de como ele pode se tornar tóxico. Todas as atividades dele ultrapassam os limites saudáveis de uma amizade sadia.  Lembrando que, as intenções dele são as melhores possíveis, é possível ver sua bondade, embora tudo isso faça com que sua melhor amiga entre em situações perigosas.


É por essas e outras que o filme apresenta uma lição bem importante. É necessário aprender a demostrar carinho sem se tornar obsessivo e interpretar que podemos ter uma amizade longa e duradoura, mas para isso é necessário a outra pessoa estar feliz e principalmente bem, sadia. Portanto, não abra mão de algo importante para você, por pressão dos seus amigos. Enfim, identifique bem uma amizade tóxica e escolha bem o tipo de pessoa com quem você se relaciona. Lembre-se que sua saúde mental sempre está em primeiro lugar.



Nessa ideia de separar os heróis dá a impressão de que o filme se reiniciou, o que faz com que perdesse o crescimento bem na hora em que era necessário. Apesar que a mensagem deixada foi muito inteligente e super agradável, mas em consequência, faz com que a história oscile muito com altos e baixos da metade para o final. 

Embora, nem tudo seja lamentos, esse separação faz com que a menina chegue ao cenário das princesas que, modéstia a parte, é simplesmente magnífica e uma das partes mais encantadoras da trama.


É nessa cena que o roteiro aproveita para falar de feminismo. Vamos recapitular os fatos: Ralph é o típico cara que não aceita mudanças e mesmo encontrando um mundo vasto como a Internet, acredita ainda que Vanellope precisa ser salva, e que precisa ser protegida. Nesse diálogo, com as princesas são levantadas questões como os vestidos que impedem o movimento, sobre esperar o príncipe que vai salvar. Não vou me delongar, para não dar certas informações que comprometem a cena, mas ela é bem importante, é muito mais do que apenas uma aparição,  foi um uso consciente e bem aproveitado no roteiro. 

Entretanto, dessa vez, quem corre perigo é justamente seu amigo. Agora, ela não é mais uma princesinha indefesa em perigo. É justamente com as princesas que ela busca uma solução para salvar o seu companheiro em vulnerabilidade. 

Enfim, para balanço final, o filme é extremamente criativo e continua com a boa fórmula Disney de animação. Mas é inegável que poderia ser melhor aproveitado no seu roteiro. Tirando esse fato, ele é um ótimo entretenimento e merece uma conferida. 


Observação: a cena pós-crédito é muito engraçada. 


Título Original: Ralph Breaks the Internet: Wreck-It Ralph 2


Direção: Phil Johnston e Rich Moore

Duração: 116 minutos

Elenco: John C. Reilly, Sarah Silverman, Jack McBrayer, Jane Lynch, Alan Tudyk, James Corden


Sinopse: Ralph, o vilão dos videogames e sua companheira desajustada Vanellope von Schweetz navegam a vasta e dinâmica world wide web em busca de uma peça sobressalente para salvar o videogame de Vanellope, Corrida Doce. 

Trailer:
Mas, e aí já assistiu? O que achou? Não deixe de acompanhar nossa programação. 

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