Crítica: Querido Menino (2019, de Felix Van Groeningen)


Querido Menino era uma das grandes promessas para a temporada de premiações, mas com o seu fraco desempenho nas bilheterias e sem uma recepção calorosa dos críticos, o filme acabou sendo esquecido no Oscar 2019, mesmo que Timothée Chalamet esteja excepcional. É uma pena, pois o filme que estreia nos cinemas nacionais essa semana é ótimo!


O filme é visto da perspectiva de David Sheff (Steve Carrell), um jornalista bem sucedido, que está em seu segundo casamento e vê sua vida desmoronar quando seu filho mais velho (Timothée Chalamet) começa a se viciar em metanfetamina.

A direção do Felix van Groeningen (do excelente Alabama Monroe) é sensível, consegue extrair bons momentos do elenco, mas a edição prejudica a fluidez da narrativa e a falta de aprofundamento em alguns arcos empobrecem o filme, que mesmo falando de temas pesados, fica com um ar leve em vários momentos. A sensibilidade do Felix van Groeningen fica nítida em uma das melhores cenas do filme, onde a madrasta (Maura Tierney) vai com o carro atrás do Nic e sem dizer uma palavra, conseguimos sentir a dor e o desespero que um usuário de metanfetamina pode trazer para a família.

A edição do filme opta por ir e vir em vários momentos da infância e adolescência de Nic, não chega a ser confusa, mas incomoda um pouco, já que insere em momentos errados alguns flashbacks, quebrando totalmente o clímax que algumas cenas constroem.

O roteiro acerta na relação de pai e filho que o filme mostra, em muitos momentos sutis, o silêncio se faz presente, mostrando a impotência de um pai que não sabe o que fazer, de um filho que se afunda mais e mais, de uma mãe distante que não pôde cumprir bem seu papel materno e de uma madrasta que ama seu enteado, mas que precisa proteger seus filhos. Os diálogos emocionam e a construção dos personagens é bem feita, mas o que vale mesmo aqui, é o silêncio.

Steve Carell (David) está bem em algumas cenas, mas em outras falta carga dramática. Quando fica no melancólico consegue transmitir os sentimentos necessários, mas se a cena exige um pouco mais de força, ele falha. Timothée Chalamet (Nic) é o destaque, ele consegue passar exatamente a sensação e os efeitos que cada droga que experimenta causa, têm umas duas ou três cenas que ele desaba e é de um talento admirável. Maura Tierney (madrasta do Nic) precisou de uma cena só para encantar, a cena da perseguição citada acima, ela não precisa falar nada, em sua expressão facial conseguimos sentir a dor e o desespero dpersonagem. Amy Ryan (mãe do Nic) aparece pouco, o que é uma pena, pois ela está ótima no pouco que aparece.

Querido Menino é um longa sensível, com ótimas atuações e uma trilha sonora linda. Peca por não se aprofundar mais em alguns temas e pela edição desastrada, mas ainda assim é um bom filme, que mostra com realidade como um usuário de metanfetamina pode desalentar uma família.



Título Original: Beautiful Boy


Direção: Felix Van Groeningen


Duração: 120 minutos


Elenco: Steve Carell, Timothée Chalamet, Maura Tierney, Jack Dylan Grazer, Amy Ryan, Kaitlyn Dever, Andre Royo, Amy Forsyth, Timothy Hutton e LisaGay Hamilton.


Sinopse: David Sheff (Steve Carell) é um conceituado jornalista e escritor que vive com a segunda esposa e os filhos. O mais velho deles, Nic Sheff (Timothée Chalamet), é viciado em metanfetamina e abala completamente a rotina da família e do lar. David tenta entender o que acontece com Nic, que teve uma infância de carinho e suporte, ao mesmo tempo em que estuda a droga e sua dependência. Nic, por sua vez, passa por diversos ciclos da vida de um dependente químico, lutando para se recuperar, mas volta e meia se entrega ao vício.


Trailer:


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