Vice começa mostrando os sucessivos fracassos de vida de Dick Cheney, trabalhando em serviços perigosos fisicamente e se embebedando em botecos antes de voltar para casa.
Sempre existe uma pessoa que atua de forma transformadora na vida das pessoas, seja pro bem ou pro mal, e o roteiro de McKay enfatiza isso, mudando a forma da narrativa e começando de fato o longa, após uma discussão de Dick e sua esposa Lynn Cheney. A narrativa foca o período em que Cheney chegou à Casa Branca e começou a trabalhar para Donald Rumsfeld (interpretado por Steve Carell em mais um excelente trabalho do ator), e sua ascensão até ser convidado, quando já havia se retirado da política, por George W. Bush para ser seu então Vice Presidente.
McKay talvez tenha ficado refém do seu estilo ácido de contar histórias, e acaba tendo um deslize, que apesar de não comprometer o filme, compromete a genialidade do roteiro. O primeiro ponto fica por conta do corte entre a introdução do filme e posteriormente sua entrevista para Casa Branca, e é claro que aqui ele usou da criatividade para separar os dois momentos pelos créditos iniciais, dando uma sensação menor de vazio entre o buraco que Cheney se encontrava e sua primeira entrevista para um emprego relevante. Outro fica no arco dramático criado com sua filha, que incomoda por parecer mal idealizado e mal executado.
No entanto, a grandiosidade das atuações está longe de ficar concentrada nas mãos dos três atores. Amy Adams, como bem sabemos, é daquelas atrizes que roubam a cena ainda que não seja principal, e aqui não é diferente. Ela constrói uma Lynn doce, mas igualmente forte e até manipuladora. Apesar de ser, talvez, a menos favorecida no trabalho de maquiagem, adota trejeitos e uma postura assustadoramente idênticas à da Lynn Cheney.
O filme, por fim, é uma deliciosa comédia de um assunto extremamente sério, e que, para quem acompanhou bem na época, sabe a beira do caos que o mundo e as democracias estiveram envolvidas. O grande mérito do filme é justamente conseguir fazer rir a partir deste absurdo, que realmente parece apenas ficção, mas, chamando atenção para realidade e nos convidando para pensar em como neste exato momento, meia dúzias de pessoas, sabe-se lá com que intenção, estão redefinindo toda a dinâmica do mundo. Não é um filme que bata o antecessor do diretor, mas sem dúvidas, traz à tona um assunto de igual importância.
Ah! E não saiam do cinema antes da cena pós-créditos. É imperdível.
Direção: Adam McKay
Duração: 132 minutos
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Tyler Perry, Naomi Watts e outros.
Sinopse: Acompanhe a ascensão de Dick Cheney ao se tornar o homem mais poderoso do mundo. Vice presidente de George W. Bush, ele remodelou os Estados Unidos e o mundo, gerando mudanças que permanecem até os dias de hoje.
E você? Já conferiu o filme? Compartilha com a gente suas impressões, e não esquece de nos seguir nas redes sociais 😉