Crítica: Mais Uma Chance (2018, de Tamara Jenkins)

Até onde você iria para realizar um sonho?

Para muitas mulheres, ser mãe se resume em um sonho de uma vida. Para outras a carreira vem antes e quando menos esperamos, o tempo passou e nossas vontades reprimidas de uma vida moderna vão sendo deixadas de lado e aquela vontade guardada a sete chaves ressurge. O filme trata de maneira cômica e trágica as tentativas frustradas de Rachel (Kathryn Hahn) e Richard (Paul Giamatti) ingressarem na maternidade. Confira o que achamos da nova produção Netflix!




Logo de início, entramos na rotina do casal, que aparentemente é perfeito. Mas conforme o filme passa, percebemos várias incongruências entre a ideia de casal perfeito e a realidade. A tentativa de engravidar a todo custo, fazendo toda sorte de tratamento de fertilidade e de forma frustrante nunca conseguir. Por vezes ficamos pensando se, na verdade, essa tentativa de engravidar não é um osso que eles não querem largar, na tentativa de dar sentido às suas vidas sem sentido. Richard, um ex-ator e diretor de teatro talentoso e respeitado, agora trabalha com vendas e sua esposa, uma dramaturga, se vê em meio a uma crise. Parece que ter um filho é a única resposta lógica num mundo onde nada mais faz sentido para eles. Como se levar agulhadas e ir a médicos fossem o novo normal.



O filme se passa em Nova York e apesar de ter um tom leve, a crise de meia idade e matrimonial é o pano de fundo da história, juntamente com todos seus colegas e parentes se intrometendo na vida do casal, como se eles soubessem o que é melhor ou não naquele momento. Propositalmente sempre que eles discutem a céu aberto sobre mais um tratamento que falhou, eles estão rodeados de crianças, seja passando com mães em seus carrinhos de bebês, seja correndo ou simplesmente passando ao fundo. Como um lembrete constante de sua falha. O que acaba deixando meio cômico mas só até certo ponto. O filme é dramático na medida certa. Tem um humor beirando entre o desespero e o negro, mas sem nunca perder a mão.






A entrada da jovem Sadie (Kayli Carter) dá um gás ao casal que já estava perdendo as esperanças. Mas de forma sutil, elabora um problema que é: até onde forçar sua saúde para beneficiar os sonhos dos outros? Uma vez que ela é a esperança para a doação de óvulos. O que fica a questão do quanto uma mulher sofre, se degrada e anseia por isso, afim de ter um filho. Por vezes pensamos, não seria mais fácil adotar? Mas quem somos nós para julgar certo ou errado para o outro? O ponto forte do filme sem dúvida são as atuações. Percebemos o desespero do casal, como as pessoas ao redor interagem, ajudando ou criticando suas atitudes. A diferença entre como as gerações mais novas veem o mundo e como eles mesmos se veem agora. A esperança em ter um filho atrelada à uma tentativa de não falhar novamente e tentar provar para todos que eles são sim capazes. Particularmente, achei o filme ótimo, leve, dramático e com uma certa beleza que somente olhos esperançosos serão capazes de ver.

Título Original: Private Live 





Direção: Tamara Jenkins 

Duração: 127 minutos
Elenco: Kathryn Hahn, Paul Giamatti, Kayli Carter, Molly Shannon, John Carrol Lynch, Denis O’Hare, Emily Robinson
Sinopse: Na casa dos 40 anos, uma autora (Kathryn Hahn) se submete a várias fertilizações, pois deseja ser mãe. A situação acaba colocando em risco o relacionamento dela com o marido (Paul Giamatti), um produtor teatral e dono de um negócio, que está cansado de tentar ajudar a esposa a engravidar.
Trailer:

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