Crítica: Titãs – 1º Temporada (2018, de Alex Kalymnios e mais)

Parece que o mundo sombrio das telonas “invadiu” as telinhas. Essa é mais uma vez a aposta da DC em narrar suas novas histórias em seu inédito serviço de streaming, DC Universe. Se nos cinemas o método ficou mais que saturado, em Titãs a medida é extremamente favorável e muda completamente a montagem de enredo que leva as séries da DC no Arrowerso (Arrow, The Flash, Supergirl e Legends Of Tomorrow) dando mais liberdade à obra sem as restrições impostas. Mesmo com as expectativas negativas nas primeiras imagens divulgadas, Titãs surpreendeu e deixou os críticos cheios de empatia.

A violência explícita é o que dita o ritmo da série que explora extremamente o lado mais sombrio dos personagens, seja física ou psicológica. Conforme os episódios vão se passando, os mistérios que os envolvem vão ganhando carga para o desenvolvimento da trama. Titãs percorre o caminho de não se apegar em algo substancial solitário e constrói diversos arcos que permitem à narrativa navegar tranquilamente na desenvoltura dos seus personagens. O enfoque de autodescobrimento e as origens dão o patamar necessário para que em onze episódios não seja algo cansativo, mesmo havendo os famosos “episódios barriga”.

Ainda assim, manter o equilíbrio dessas ações deixam alguns furos dentro da narrativa temporal, como o caso de Ravena (Teagan Croft), o pilar principal da história e elo de ligação do grupo que, mesmo gerando boas tramas em seu arco dramático, tem certo declínio na profundidade de sua história. Diferentemente de Dick Grayson/Robin (Brenton Thwaites) e Estelar (Anna Diop) em suas respectivas fases de autodescobrimento. A evolução dessas personagens os colocam em uma resiliência de emoções, que proporcionam o seu crescimento e destaque dentro da trama. Enquanto Robin tenta deixar de lado todo o seu passado e largar de vez o manto do menino prodígio, Estelar tenta resgatar sua memória ao mesmo tempo em que tenta descobrir sua missão na Terra. Já Mutano (Ryan Potter), é o que tem menos tempo de tela, porém não deixa de também ter as suas vocações ocultas serem dominadas pela “escuridão”.




Com isso, Titãs apresenta o formato que a DC deve seguir daqui pra frente na DC Universe, um prelúdio que extrai o máximo de semelhança das HQs e criar uma linha próxima que agrade o fan-service, mas para isso ter total eficácia é necessário que alguns pontos sejam reavaliados. As caracterizações foram altamente criticadas (e com razão) antes mesmo da veiculação da série. Quem mais sofreu com toda essa situação foi Anna Diop com sua Estelar totalmente “brega” que remete aos anos 80 (ou um bombom sonho de valsa ambulante). Entretanto a atriz convence em sua excelente atuação, um dos pontos mais altos da trama, deixando de lado toda essa discussão durante os capítulos.




Se por um lado a caracterização peca em sua apresentação, o roteiro, mesmo que, às vezes, haja mudanças no foco dos episódios, cadencia a jornada dos aspirantes a heróis. De certa forma, a escolha de criar um ritmo encarcerado de violência destoa um pouco do andamento das histórias, que vão caminhando lentamente dentro dos episódios, facilitando o compreendimento da estrutura sem criar ansiedade de resolução. Exemplo disso é a própria turma que só aparece reunida quase na metade da temporada. O que torna Titãs, de certo ponto negativo, é a real eminência de um antagonista. No meio desse turbilhão de socos, pontapés e sangue, só sabemos quem realmente é o vilão no último episódio e os seus reais motivos, dando aquele gancho para a segunda temporada.


Aproveitando em ser o primeiro projeto da DC Universe, Titãs apresentou alguns dos personagens que contribuíram para o entendimento da obra, como Rapina (Minka Kelly), Columba (Alan Ritchson) e a Patrulha do Destino, que também virá a ser uma série do serviço de streaming. Além deles, outras boas aparições culminam nas percepções que os Titãs devam seguir como conselheiros ou até mesmo desafetos.


Com uma season finale sem clímax algum, Titãs consegue entregar todo o prometido mesmo tendo um certo desequilíbrio de suas escolhas de roteiro. A busca de autodescobrimento é algo favorável que faz menção até mesmo para essa nova fase da DC no seu serviço streaming, que adota um novo tom, mais escuro, prometendo se adequar fielmente às HQs, trazendo uma “evolução” de direção.




Título Original: Titans

Direção: Alex Kalymnios, Brad Anderson, Carol Banker, David Frazee, John Fawcett, Kevin Rodney Sullivan e Meera Menon


Episódios: 11


Duração: 45 minutos por episódio
Elenco: Brenton Thwaites, Anna Diop, Teagan Croft, Ryan Potter, Curran Walters, Conor Leslie, Alan Ritchson, Minka Kelly, Tomaso Sanelli e Rachel Nichols
Sinopse: Titãs acompanha jovens heróis de todo o Universo DC assim que atingem a maioridade em uma abordagem mais enérgica sobre a clássica franquia dos Jovens Titãs. Dick Grayson e Rachel Roth, uma jovem especial possuída por uma estranha escuridão, se envolvem em uma conspiração que pode trazer o inferno à Terra. Juntando-se a eles estão a temperamental Estelar e o adorável Mutano. Juntos, eles se tornam uma família e uma equipe de heróis.
Trailer:

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