Crítica: Como Superar um Fora (2018, de Joanna Lombardi e mais)

Como Superar um Fora, ou Soltera Codiciada no original, é um filme de comédia latino-americano da Netflix, escrito por María José Osorio e dirigido por Joanna Lombardi e Bruno Ascenzo. Aparentemente parece ser um filme bobinho, daqueles que você coloca para rodar quando só quer deixar algo rolando de fundo, ou quando quer assistir algo para pegar no sono, mas se você ler essa crítica até o fim verá que esse filme merece toda a sua atenção.


María Fe recebe de seu namorado, Matías, uma grande surpresa: o rompimento do seu namoro sem nenhum motivo aparente, e pior: pela internet. Sendo pega de supetão por tal acontecimento e ficando completamente estarrecida pela falta de consideração depois de longos 6 anos juntos, ela, para afogar as mágoas, começa a beber e acaba passando por vários estágios do sofrimento numa só noite: negação, raiva, negociação, depressão, onde ela acaba enviando inúmeros áudios por WhatsApp e, após o efeito da bebida ir passando, vai caindo em si da humilhação que se fez passar e entra na fase da aceitação, qual acompanharemos ao longo do filme. 


Um término nunca é algo fácil, pelo menos não para quem levou o pé na bunda, e é por isso que María Fe vai precisar muito da ajuda de seus amigos nessa nova fase, que envolverá muita saudade, readaptações e altos e baixos. Apesar de ser uma mulher forte, inteligente, criativa, bem estabelecida profissionalmente, divertida e linda, esse rompimento a desestabiliza muito e por mais que diga que está tudo bem, por dentro a vontade dela é correr para o ex, e os amigos entram na história para relembrá-la o quão extraordinária ela é e estava esquecendo disso. 


Os amigos de MaFe, como é chamada por eles, têm personalidades completamente diferentes da dela, mas que, de certa forma, a completam. Cada um tem uma visão do que está acontecendo, ajudando-a a lidar com a situação. Natalia tem um perfil mais sério e profissional, sendo a mais dura e a que fala as verdades não importando se irão doer ou não, pois acredita que farão bem à amiga; Carolina é a mais desprendida de todas as coisas que não elevam sua alma, então acaba ajudando a amiga com muitos desabafos e diversão; e Santiago, um cara que não julga nenhuma fase que a amiga passa, muito pelo contrário, trata de enaltecê-la e ficar do lado dela em todas as ocasiões. 


Algo em particular no personagem de Santiago, é que ele parece ser o homem perfeito existindo perto de María Fe apenas para que ela não generalize como ruim todo o gênero masculino, afinal, os outros homens não têm culpa pelo que seu ex fez. E isso, de certa forma, acaba sendo muito legal, dá uma visão diferente, pacífica e madura do feminismo: nem todo homem é “macho escroto” e independente do quão feminista uma mulher seja, ela pode chorar por causa de um homem. Então, nesse modelo de história os amigos servem de pilar para que María Fe se redescubra, enaltecendo sempre seus pontos mais fortes.


Natália, Santiago, Carolina e María Fe

Apesar de o filme ser bastante exagerado em alguns sentidos, ele está bem próximo da realidade, principalmente quando María escuta os conselhos de seus amigos, concorda, porém os deixa em segundo plano e acaba seguindo seu coração e aprendendo com seus próprios tropeços. Isso deixa seus amigos indignados, uma vez que já haviam dado à amiga o caminho mais fácil para superar o término, mas nem sempre o caminho a ser trilhado é o mais fácil, e sim, aquele que livra o seu coração de qualquer “e se…”. 


Após ir superando seu término com Matías, ela acaba criando coragem para seguir o seu maior sonho, e isso significa arriscar-se e tomar atitudes bastante ousadas, e para quem assiste, ver os trajetos da garota e o quanto ela muda bruscamente, para melhor, após se livrar de tudo que a acorrentava ao chão, é libertador na mesma medida. 




As atuações são um primor, todas as atrizes e atores conseguiram dar vida às personagens de maneira bastante verossímil – apesar de seus exageros, porém é o que faz as risadas surgirem em meio ao drama da trama. A produção também caprichou nos detalhes das locações, abusando muito no colorido e criativo do mundo em volta de María Fe, remetendo muito à sua área de profissão: publicidade. Mas mais do que isso, todo o colorido exacerbado em volta da personagem soa como se fosse para lembrá-la que o mundo não perde a cor, por mais cinza que a situação possa parecer.


Como Superar um Fora conta uma história leve, engraçada e com uma temática bastante relevante para os tempos em que estamos vivendo. É um filme que aborda algumas problemáticas, não desenvolve com complexidade nenhuma delas, mas o pouco que faz, faz bem, afinal, não podemos esquecer que o filme se trata de uma comédia, e esta é bastante saudável.




Título Original: Soltera Codiciada


Direção: Bruno Ascenzo e Joanna Lombardi


Duração: 104 minutos


Elenco: Gisela Ponce de León, Karina Jordán, Jely Reategui, Christopher Von Uckermann e mais.


Sinopse: Solteira e com o coração partido, ela começa a escrever um blog. E o sucesso do site é a oportunidade perfeita para virar a página e recomeçar a vida.


Trailer:


Me conta aqui nos comentários o que você achou do filme caso já tenha visto, ou se você sentiu vontade de assisti-lo após ler a crítica! 
Vou adorar ler você!

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