Crítica: Não Me Toque (2018, de Adina Pintilie)


O que é o cinema experimental? Em uma busca rápida no Wikipédia, nós encontramos a seguinte explicação: “Cinema experimental é um termo que abrange diversos estilos cinematográficos que têm em comum o fato de se diferenciar, e muitas vezes de se opôr, às práticas e ao estilo do cinema dito comercial“. Ok. Não Me Toque realmente foge do estilo tradicional de se fazer cinema, mas a sua estrutura de monkedocumentary – ou seja, “falso documentário” – também não é nenhuma novidade. 



Borat e até Eduardo Coutinho já exploraram esse campo. Ou seja, Não Me Toque não tem nada de novo a oferecer. O último vencedor do Festival de Berlim é uma obra que pretende falar sobre: Autoestima? Depressão? Aceitação do próprio corpo? Amor ao próximo? O filme acha que está falando sobre tudo, mas, na verdade, não está falando sobre nada. É só um blá, blá, blá eterno sobre problemas e reflexões de pessoas com quem a gente pouco consegue se importar.


Uma mulher que paga homens para se masturbarem na frente dela, um transsexual que dá nome aos próprios seios, um deficiente físico  que descobre o sexo (…) Por alto, esses personagens até parecem interessantes, mas não são. É tudo tão friamente jogado na tela, eles não possuem uma apresentação prévia, você não consegue criar vínculo emotivo algum, você não se identifica ou torce por eles. Você só torce pro filme terminar mesmo.


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E que batalha! Por mais que a diretora preencha a obra com algumas cenas “polêmicas” – propositalmente feitas para incomodar – a única coisa que perturba o espectador é a prepotência do filme mesmo. É como se ela estivesse gravando a sessão de terapia daquelas pessoas, mas você não se importa com elas. Você não quer saber da vida delas. Ninguém se importa. Aliás, essas pessoas são tão forjadas que elas só sabem balbuciar frases de efeitos. Frases de livro de autoajuda. É um tormento e uma chatice acompanhá-los.


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Um eterno clima melancólico domina o filme inteiro e algumas cenas são visivelmente forjadas. Não tem nada de espontâneo ou genuíno ali. É irritante. Tão irritante que a debandada do público foi enorme. Muitos se levantaram e saíram da sala. Muitos! Uma das maiores rejeições que eu já presenciei em minha vida. 


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E aí fica a pergunta: se nem o público de festivais abraça uma obra “intelectual”, “experimental” e “incômoda” como essa, quem vai abraçar? O  Festival de Berlim abraçou e lhe deu o prêmio máximo da competição, mas eu duvido que esse filme entre em circuito comercial por aqui. Eu duvido. No final das contas, pra quem fica  a sua mensagem? Se o filme tenta incomodar o espectador com cenas visivelmente forjadas, o Festival de Berlim incomodou ainda mais ao laurear uma obra pretensiosa como essa. Esse foi o maior causo mesmo. Só não digo que o filme é completamente esquecível porque ele, com certeza, foi uma das minhas piores experiências cinematográficas. Um filme tortura.


Título Original: Touch Me Not

Direção: Adina Pintilie

Elenco: Laura Benson, Tomas Lemarquis, Christian Bayerlein. 

Sinopse: Laura (Laura Benson) trabalha há anos na mesma fábrica de manequins. Ela decide contratar jovens meninos para tocá-la e criar uma ilusão de intimidade. Tudor (Tómas Lemarquis) é um ator massagista em busca de uma mulher que rejeita suas tentativas de contato físico. Paul (Hermann Müller) é um ator preso em um relacionamento problemático. Laura fica fascinada por uma peça interativa deles e volta frequentemente para rever a apresentação, o que libera seus sentimentos reprimidos e lhe dá prazer sexual.



                                               Trailer:

                           
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