Crítica: O Mistério de Candyman (1992, de Bernard Rose)

Sempre ouvia falar de Candyman, mas nunca havia visto. Descobri então, que se trata de uma trilogia. Assisti este primeiro filme sem saber o que esperar, e me surpreendi por ser o primeiro filme de terror a abordar o tema “lenda urbana”. Na trama genialmente bolada, Helen é uma estudante que resolve embarcar no mistério que cerca esta figura, Candyman, em um bairro pobre. É aí que somos surpreendidos por um terror psicológico intenso e cheio de situações inesperadas.

A queridinha dos anos 90, Virginia Madsen, é Helen. A atriz sempre traz boas atuações (embora eu ache sempre muito parecidas umas com as outras). O que começa como brincadeira e lenda logo toma corpo como algo psicológico. Será? Não vou estragar o que é verdadeiro ou não. Embora lá pelas tantas já se tem uma base, fica a dúvida de algo abstrato. A construção de todo filme é simples, porém bem feita. Aos poucos o terror toma conta. Há muito de filmes slasher (um assassino matando todos). Mas aqui esta temática é abordada de maneira um tanto diferente. Sem falar que a tal história do pobre Candyman é bem triste. Como toda boa tragédia, é uma história de amor perdido. 
Outro ponto forte é a temática maternidade, abordada em vários momentos. E isto envolve não apenas a história de Candyman, como a da própria Helen. Toda aquela perspectiva dos negros do gueto, início dos anos 90, drogas e gangues, aquele apelo urbano; nesses aspectos me lembrou o ótimo As Criaturas Atrás das Paredes, do mestre Wes Craven. O filme em si é típico dos anos 90. Interessante quando conseguimos distinguir a década do filme devido às suas características. A direção de Bernard Rose não tem nada de especial, mas ao menos ele faz tudo corretamente. Destaque para a ótima trilha sonora de Philip Glass, responsável por trilhas sonoras de peso como a do filme cult As Horas.

Tudo melhora nas cenas de horror, um verdadeiro massacre! Este filme consegue ser um pouquinho mais violento do que o de costume. Tony Todd (um daqueles bons atores que nunca saíram de papéis pequenos em filmes B) é um Candyman obscuro e assustador, mas mesmo assim tem algo vital para gostarmos de um filme de terror: o personagem passa carisma suficiente para nos interessarmos por ele. Quanto à protagonista Helen, toda a parte da clínica psiquiátrica é surreal e pesada. Em uma cena, em que flagra seu marido em uma situação extremamente desagradável, o olhar dela está fundo e com olheiras. Isso demonstra o bom trabalho de expressividade da atriz e da equipe de maquiagem. Se percebe que ela está física e mentalmente esgotada.


Este foi o primeiro e melhor filme que abordou lenda urbana. É um filme que tem alguns momentos estilizados e foi uma grata surpresa. O final, por mais anti-climático que seja, me agradou muito. As crianças daquela zona pobre são guerreiras e uma graça. O triste final ainda deixa brecha para as sequências (apesar de ter sua ambiguidade). Um terror e tanto, merece ser visto! Por fim eu te desafio: duvido ir para a frente do espelho e falar 5 vezes Candyman. Há quem diga que lenda urbana é bobagem. Será? Vamos fazer o teste: Candyman, Candyman, Candyman, Candyman, Candyman. Bons sonhos.
Título Original: Candyman

Direção: Bernard Rose

Elenco: Tony Todd, Virginia Madsen, Xander Berkeley, Vanessa A. Williams, Kasi Lemmons, Bernard Rose, Gilbert Lewis, Stanley DeSantis, Eric Edwards.

Sinopse: uma estudante decide provar que Candyman, um terrível espírito escravo, não existe. Ela, então, segue para o local de um crime brutal e o invoca – após pronunciar o nome dele cinco vezes diante de um espelho. Para sua surpresa, ele surge iniciando uma série de horríveis assassinatos.

Trailer:


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