Crítica: A Primeira Noite de Crime (2018, de Gerard McMurray)

A Primeira Noite de Crime é o prelúdio da saga The Purge (Uma Noite de Crime, Uma Noite de Crime: Anarquia e 12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição). No primeiro filme tivemos contato com a noite do crime e, como não foi a primeira, todos os cidadãos já estavam “acostumados” com o horror. Uns tentavam sobreviver às 12 agonizantes horas enquanto outros, pela primeira vez na vida, obedeciam às leis. O segundo filme segue basicamente a mesma linha do primeiro, e o terceiro vai mostrar, então, o ano da eleição, onde um candidato quer continuar com a noite do expurgo e a outra quer por fim nessa barbárie, fazendo todo o possível para conseguir ser eleita.

Já aqui, em A Primeira Noite de Crime, nós iremos ver como foi que aconteceu a primeira noite e também o que motivou o governo a criar essa lei que, para uns, era um pesadelo, para outros, um sonho. Como esse filme conta uma história anterior aos outros três, temos neste pessoas mais despreparadas e até um pouco atordoadas, não sabendo se acreditavam ou não no que estava para acontecer, pensando estarem vivendo em uma realidade paralela. As ruas ficaram sombrias, as pessoas andavam tentando se esconder em suas próprias sombras, enquanto na segurança dos prédios governamentais, a cidade era observada e as autoridades ansiavam pela violência. Pela morte. Pela diminuição da população – da classe baixa, é claro! 

Os altos níveis de desemprego, o mercado de ações caindo e a crise de empréstimos ocasionaram protestos violentos em busca de mudanças por conta da queda da economia, que está causando à América a extinção do American Dream, e logo o grupo dos Republicanos e Democratas é substituído por um grupo violento chamado Os Novos Fundadores da América. O governo tenta mascarar a noite do crime como se fosse um experimento social para ver se a criminalidade diminuía se uma vez por ano as pessoas pudessem liberar sua ira, mas, o que realmente queriam era decretar uma mortalidade forçada para controlar a economia.

Nessa primeira noite, o governo ofereceu dinheiro à população para que participassem da noite do crime. Aqueles que aceitassem eram obrigados a colocar um chip de localização e uma lente de contato que gravava todas às 12 horas, assim podiam ser controladas todas as ações e, quanto mais matassem, mais dinheiro ganhavam. E só se sujeitavam à essa situação as pessoas pobres, as negras, os excluídos, todos aqueles que achavam que não tinham mais nada a perder: as minorias, ou, as maiorias oprimidas, como você preferir. Afinal, era esse o intuito do governo, colocar nas ruas para morrer aqueles que, no seu entendimento, eram a escória causadora da miséria. Não se vê uma pessoa sequer da alta classe, os “riquinhos”, como vimos nos outros filmes, pois tiveram a oportunidade de sair do local do experimento e abrigar-se em outros lugares mais seguros do que seriam suas casas. 

Nas primeiras horas da noite vemos a frustração do governo por não estar tendo violência o suficiente. Eles não queriam roubos, destruição da cidade e etc., queriam e estavam esperando por mortes. Para resolver esse problema, são contratados pelas autoridades inúmeros mercenários, ex-militares, que faziam qualquer coisa desde que fossem pagos, então vão para as ruas disfarçados de civis e começam a matança, dando a entender que a população estava começando a se rebelar quando, na verdade, era mais uma armação governamental. 

O chefe de uma gangue, William, após um tiroteio com esses mercenários disfarçados, acaba descobrindo que esses homens eram contratados pelo governo para matar, e ele tinha que acelerar o passo para proteger a sua comunidade, pois como esses tiras eram contratados, eles tinham a localização de onde havia o maior número de pessoas aglomeradas e escondidas, e eram nesses lugares que as chacinas estavam acontecendo. Correndo contra o tempo, ele vai tentar encontrar sua ex-namorada, Nya, e seu irmão, Isaiah, pois sabe que os dois, juntos com outras pessoas que estavam escondidas na igreja, estavam em apuros. Todos juntos fazem o possível e o impossível para sobreviverem e percebem que nesta noite a batalha não foi contra os inimigos e sim, contra o governo, a entidade que mais deveria oferecer segurança à nação. 

O filme é extremamente violento e você pensa que tudo bem, por que quantos filmes violentos já não vimos na vida? Mas quando se para pra pensar na premissa do filme, e do porquê de a violência estar sendo gerada, essa cenas vistas tornam-se perturbadoras, desconfortáveis, indigestas. Todo o mais puro horror é bem retratado com muitas cores escuras, dando um ar sombrio, nos fazendo sentir medo de olhar para uma rua vazia e tomada pela escuridão. Praticamente todo o filme tem uma trilha sonora por trás, principalmente nas cenas de ação, e isso faz com que a nossa adrenalina vá nas alturas! Às vezes acontece uma baixa na ação, fazendo com que algumas partes sejam um pouco tediosas e, por conta disso, os personagens, quais já criamos certa carisma, levam essas cenas nas costas. 

Uma ótima produção, em todos os sentidos, traz à vida a mais cruel e absurda ideia antes já vista: utilizar o que de pior habita dentro do ser-humano para exterminar as classes baixas, numa tentativa de que o país se restabeleça e para que os ricos fiquem mais ricos.  Não sei dizer se essa é uma saga que eu recomendo ou não, pois, no fundo, sinto medo que as pessoas gostem da ideia… 

Título Original: The First Purge

Direção: Gerard McMurray

Elenco: Joivan Wade, Lauren Luna Vélez, Lex Scott Davis, Marisa Tomei, Y’Ian Noel, David Breda, Melonie Diaz, Mugga, Patch Darragh, Siya, Steve Harris e mais.

Sinopse: Em 2018, para diminuir o índice de criminalidade pelo resto do ano, os Novos Pais Fundadores da América testam uma teoria sociológica que permite agressões por uma noite numa comunidade isolada. Mas quando a violência dos opressores se encontra com a fúria dos marginalizados, o contágio explodirá os limites do teste e se espalhará por toda a nação.

Trailer:


Me conte se você acompanha a saga e se está ansioso para esse filme!

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