Crítica: Buscando… (2018, de Aneesh Chaganty)

Utilizando-se da mesma fórmula de Amizade Desfeita, essencialmente, e ainda de Nerve: Um Jogo Sem Regras, Buscando… chega como um suspense instigante; que prende e nos põe para pensar no papel da tecnologia em nossas vidas; e o quão importante ele tem se tornado ao longo dos tempos. A pergunta que lateja a todo tempo em que vamos acompanhando o decorrer da história é: será que nossa vida está aos poucos se tornando uma eterna moldura de telas de computadores e/ou celulares?


Acompanharemos inicialmente a vida da família Kim, através da tela de um computador que utiliza Windows XP e programas da época. Pam, David e Margot, respectivamente, mãe, pai e filha, formam um família de origem coreana que tem uma vida tranquila e se beneficiam da tecnologia do momento para registrar o cotidiano, bem como, agilizar suas vidas.




Já de início somos presenteados como uma trilha dinâmica e bem casada com o sequenciamento das cenas, dando uma pegada divertida e ainda, triste, quando os acontecimentos assim o pedem. Talvez seja o ponto alto de toda a trama que se segue, uma vez que recursos como fotografia, ambientação, edição de som elaborada, dentre outros, não são de fato importantes para o diretor. Sua técnica consiste em inovar, em um cenário ainda pouco explorado, para tentar trazer algo de memorável para esta, que pode ser considerada uma nova forma de se fazer cinema.


Com o passar dos anos, David e Margot seguem em frente com suas vidas,  após um acontecimento trágico na família e agora, utilizam ainda mais a tecnologia, que dá a ideia, equivocada, que ambos possuem uma ótima e transparente convivência. Entretanto, tudo muda de cenário quando Margot desaparece sem dar indícios, fazendo com que David acione a polícia para o caso.




A partir de então, vamos acompanhando a sufocante trajetória de David para ajudar a polícia a desvendar o desaparecimento de sua filha, ao passo que, aos poucos, ele vai descobrindo que não a conhecia tão bem quanto imaginava e que a convivência que mantinham não era tão transparente como o FaceTime, por exemplo, aparentemente o levava a acreditar.




Não dá para não se lembrar de Black Mirror ao ver esse filme. A crítica aqui é bem escancarada e se utiliza de todos os recursos possíveis para se justificar. Nossas relações tem ficado cada vez mais distantes, com as tecnologias vindo para substituir até mesmo o convívio pessoal familiar, mascarando dores e traumas através de lindas e divertidas fotos no Facebook, Instagram ou Tumblr.


Vale o destaque para todo o trabalho de tradução feito, uma vez que todo o filme se passa em telas de aplicativos e programas, ficando fácil para nos ambientarmos na história sem depender de legendas, deixando estas apenas para os diálogos falados. 


Destaque ainda para atuação de Debra Messing como a detetive Rosemary Vick. Trabalho muito bem desenvolvido mesmo com tão pouco recurso de fotografia para lhe auxiliar. Vale ressaltar ainda os plot-twists que o filme possui, a cada momento nos direcionando para um caminho diferente e terminando com um desfecho que nos aquieta, mesmo sabendo que a vida real está longe de ter finais felizes sempre…


O diretor estreante Aneesh Chaganty nos presenteia com uma trama envolvente, nostálgica em alguns pontos, comovente e acima de tudo atual. Com um ótimo trabalho de montagem e roteiro (co-escrito com Sev Ohanian) e ainda uma excelente produção no que tange a todo conteúdo gráfico, Buscando… vem para ser uma referência deste novo retrato do cinema, sem deixar de lado a crítica de seu ponto-base: a tecnologia.


Título Original: Searching…

Direção: Aneesh Chaganty

Elenco: John Cho, Debra Messing, Michelle La, Joseph Lee, Sara Sohn, Connor McRaith, Briana McLean, Erica Jenkins, Ric Sarabia e outros.




Sinopse: Após uma jovem de 16 anos desaparecer, seu pai David Kim (John Cho) pede ajuda às autoridades locais. Sem sucesso, ele decide invadir o computador de sua filha para procurar pistas que possam levar ao seu paradeiro.

Trailer:

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