Crítica: Morrendo e Aprendendo (1993, de Ron Underwood)

Ah os filmes dos anos 90… Tem como não amar? Eu digo que não! Se você já leu minha crítica do filme Sintonia de Amor, que é um romance do mesmo ano que Morrendo e Aprendendo, já sabe que eu acredito que os filmes dessa época possuem uma mágica que filme atual nenhum consegue passar. Pelo menos, não até agora. E não apenas os romances, mas muitos filmes dos anos 90 para trás, tinham suas temáticas bastante originais e foram atuados de maneira incrivelmente mais carismática. Perceba que não estou falando mal do cinema atual, apenas estou dizendo que os filmes de época merecem ser vistos com olhares vindos do coração, não apenas do senso crítico. 

Morrendo e Aprendendo contará a história de um garoto que nasceu no mesmo momento e lugar onde ocorreu um acidente de ônibus, em que o motorista (David Paymer) e os únicos quatro passageiros morreram. Nada sendo por acaso, os quatro passageiros Penny (Alfre Woodard), Julia (Kyra Sedgwick), Milo (Tom Sizemore) e Harrison (Charles Grodin) se tornam anjos da guarda do menino, Thomas; para ele, os amigos imaginários, para os pais, médicos e professores: alucinações. Após os cinco presenciarem uma briga dos pais de Thomas, onde o pai sugere à esposa que levem o filho para a terapia, os anjos da guarda decidem “ir embora” da vida do menino, para que ele leve uma vida normal. Porém, eles não vão a lugar nenhum, continuam ao redor do garoto por mais de 20 anos, mas sem que ele os vejam.

Embora o motorista de ônibus tenha sido o causador do acidente, este foi diretamente para o céu, e teve como penalidade dirigir aquele ônibus por centenas de anos buscando as almas que haviam ficado na Terra para concluir coisas inacabadas em suas vidas, quais foram interrompidas por algum motivo; no caso dos quatro: o acidente. Foi quando descobriram que, além de anjos da guarda, Thomas também era uma figura para lá de importante para eles, pois será por seu intermédio que os amigos imaginários de infância serão ajudados para se libertarem do “limbo”. Nisso, os cinco amigos seguem em sua missão contra o relógio, pois o tempo dos anjos está acabando, então, eles reaparecem para Thomas o deixando completamente atordoado, até que a ficha caísse novamente de que seus amigos haviam voltado e ele não estava sofrendo de alucinações, como fora forçado a acreditar quando pequeno depois que os amigos desapareceram.

Devido à uma segunda fatalidade que ocorreu no passado de Julia, ela acaba se dando conta de que é a única que precisa e pode alertar Thomas da burrice que está cometendo em sua vida amorosa, já que ele está fazendo exatamente a mesma coisa que ela havia feito, mas a diferença entre os dois é que Thomas ainda pode reverter a sua situação. Será que Penny, Milo e Harrison concluíram suas missões da mesma forma que fariam se estivessem vivos? É claro que não. Mas também não se pode dizer que fizeram melhor do que fariam se estivessem vivos, porque nada compensa o fato de estar vivo fazendo o que se gosta ao lado de quem se ama, porém, do jeito que concluem suas missões não deixa de ser especial. E, será que Thomas deu ouvidos à Julia, ajudando-a com a sua missão, que nada mais era do que fazê-lo feliz? 

Embora o filme seja antigo, os efeitos especiais não deixam a desejar, muito pelo contrário, são bem satisfatórios, levando-se em consideração a época; tanto dos personagens voando, como a transição quando algum amigo “possui” o corpo de Thomas e também do ônibus imaginário aparecendo em lugares onde você jamais esperaria ver um ônibus passando, como num concerto do B. B. King. Além disso, toda essa fantasia é mostrada de uma forma simples, mas muito bonita, pela fotografia do filme, que muito merece ser enaltecida e percebida.

As atuações são incríveis, e confesso que ver Robert Downey Jr. no auge dos seus vinte e poucos anos sem a sua famosa e característica barba, atuando em um filme que não seja de super-herói ou ação/ficção é bastante interessante e divertido, principalmente na parte em que Julie e Penny possuem o corpo de seu personagem, fazendo-o agir como uma mulher. O seu jeitão meio truncado de ter atuado aqui mostrou-se proposital, visto que seu personagem tinha que evitar parecer como um maluco para a sociedade, embora sua vontade fosse mesmo de sair cantarolando pela calçada com seus queridos e velhos amigos imaginários.

Com tamanho carisma embrulhando essa história que tem uma mensagem para lá de especial, eu te faço o convite para assistir esse filme, pois tenho certeza que você não vai se arrepender, e que ele trará uma bagagem cinéfila boa e talvez, bastante diferente do que você está acostumado a assistir.


Título Original: Heart and Souls

Direção: Ron Underwood

Elenco: Robert Downey Jr., Alfre Woodard, Kyra Sedgwick, Charles Grodin, Tom Sizemore, David Paymer, B. B. King, Eric Lloyd, Wren T. Brown, Elisabeth Shue e mais.

Sinopse: São Francisco, 1959. Um distraído motorista de ônibus, Hal, provoca um acidente no qual ele e mais quatro passageiros morrem: Harrison, Penny, Julia e Milo. Apesar de o causador do acidente ter ido diretamente para o Céu, o mesmo não aconteceu com as outras vítimas porque no exato momento do acidente nascia uma criança chamada Thomas, em um carro próximo ao local. Por essa razão, as quatro almas ficaram ligadas de alguma forma ao pequenino, que passou a ser o único que podia vê-los e ainda interagir com eles. Conforme o tempo foi passando, eles começaram a acreditar que estariam atrapalhando o crescimento do menino e decidiram sumir de sua vida dele. Anos mais tarde, o motorista retorna à Terra para levar as almas dos passageiros. É quando eles descobrem que o objetivo de terem ficado era para concluir coisas inacabadas de sua vidas, abreviadas pelo acidente.

Trailer:


Gostou da indicação? Gosta de filmes dessa época? Então continue seguindo o blog que vez ou outra desenterramos essas relíquias! 
E claro, não esqueça de deixar seu comentário!

Deixe uma resposta