A Equipe do Blog Comenta: Clube dos Cinco (1985, de John Hughes)

Embora seja um filme dos anos 80, sua temática continua sendo ainda muito atual, sendo um filme adolescente bem divertido e com alguns aprendizados para dar. Justamente por esse motivo que a equipe do Blog decidiu fazer um apanhado de comentários com intuito de reviver esse clássico!

Helen dos Santos

Assisti Clube dos Cinco recentemente e já pude notar que este é um daqueles filmes atemporais, que dificilmente morrerão ou serão esquecidos. Claro que tudo isso graças ao ótimo enredo e atuações…. Os atores conseguiram interpretar seus papéis com bastante maestria, conseguindo dar vivacidade aos estereótipos de cada personalidade. Além disso, tão bem desenvolvidos foram o roteiro e as atuações, que fazem com que não achemos cansativo o filme se passar somente em uma locação e ter menos de uma dúzia de personagens. 

Imagine as seguintes personalidades: a princesa, típica invencível rainha do baile; o atleta que parece nunca ter uma opinião própria; o nerd que faz de tudo para não parecer um nerd; uma esquisitona tentando usar a invisibilidade para aparecer; e um badboy metido a delinquente para chamar atenção de todos a sua volta. Analisando essas cinco pessoas, já conseguimos imaginar que elas jamais estariam no mesmo lugar se não fosse por conta de seus maus atos os levando para a detenção da escola, onde são obrigados a se aturar por um sábado inteiro. 


No decorrer do filme acompanhamos aqueles adolescentes largarem um pouco aquela camuflagem da personalidade estereotipada que vestem e sendo eles mesmos, provando que não é porque são jovens e fazem parte de uma tribo específica que não sabem lidar com pessoas diferentes deles. Claro que temos que aturar muito drama adolescente antes de chegar nesse ponto de evolução de cada um, porém, no meio do caminho nós descobrimos o porquê deles agirem daquela forma e encontrarem um tipo de “casa” em suas respectivas tribos.


Algo que eu achei completamente desnecessário foi o papel antiético do professor agressivo e provocador de más atitudes que estava tomando conta da detenção. Me pareceu que o papel dele precisou existir para contrastar com o personagem do aluno badboy, nos mostrando que o “vilão” não era quem nós pensávamos que fosse. Mas, na minha opinião, era algo que não precisava. 

“…E essas crianças em que você cospe, enquanto elas tentam mudar seus mundos, são imunes às suas consultas. Elas sabem muito bem pelo que atravessam…”

Clube dos Cinco é um filme para vermos o quanto os adolescentes podem ser influenciados por figuras que admiram, incluindo seus pais (por pior que sejam), e o quanto conseguem também evoluir e metamorfosear-se em apenas um dia. É um filme bastante legal, tanto para adolescentes quanto para adultos. Para adolescentes, porque podem se identificar e tirar algumas lições que ainda não se deram conta sozinhos, como ver as pessoas como amigos em potencial, por mais que não sejam da mesma tribo que a sua, por não usarem os erros dos próprios pais como desculpa para repeti-los, por não subestimar a dor dos outros só porque a sua parece pior; e para os adultos, porque nos faz relembrar essa árdua fase cheia de sentimentos explosivos e controversos que é a adolescência, nos fazendo questionar qual personagem daqueles nós éramos há alguns pares de anos. 


Lívia Martins 

Com certeza é um dos filmes que marcou minha infância! Importante frisar, que em 1985 não existiam filmes que fossem focados na adolescência. Tínhamos filmes infantis e adultos, então algo específico desta fase obscura era algo fantástico. Completamente atemporal e se, apenas ficassem proibidos do uso dos celulares, não seria muito diferente da atualidade, apesar da ambientação dos anos 80. 

Clube dos Cinco não é sobre cinco adolescentes que ficam presos em uma biblioteca de castigo. É sobre você se dispor a conhecer a outra pessoa, entender que rótulos não significam nada; e que quando parece que você conhece a outra pessoa por conta de suas roupas e amigos, ao conversar com ela se surpreende por ser completamente diferente do que imaginava. Também fala sobre como não adianta tentarmos agradar aos outros, se no fundo, aquilo não importa para nós; sobre como seu tempo pode ser melhor aproveitado se você deixar seu refúgio eletrônico de lado e tentar entender os sentimentos dos outros a sua volta; que você não é a única pessoa que sofre no mundo, e que todos tem sua “dor”. Fala como somos conectados aos outros por sentimentos e vivências semelhantes, mesmo que sua vida seja completamente diferente dos demais. Fala sobre pressão na adolescência, sobre saber quem você é, e que não há uma resposta, pois sua personalidade e história estão sendo construídas naquele momento. 

Clube dos Cinco nos ensina a enfrentar nossos medos e que (como em outros filmes de John) cometer uma loucura de vez em quando faz parte desta fase de experimentação, e faz mesmo, afinal, até hoje me lembro das coisas que fazia e que não era meu comum, mas não lembro das coisas corriqueiras, estranho, né?! Afinal, os outros só enxergam o que querem, independente de como você é por dentro. O final, além da música tema Don’t You (Forget About Me), de Simple Minds, faz todo o sentido, porque sempre aprendemos com o outro, e isso fica muito emblemático no desfecho, quando observamos que cada um deixa um pouco de si no outro.


Matheus Valencia 

John Hughes, também conhecido como o saudosista pop, ou o homem que inseriu o gênero de “filme adolescente” no cinema e, consequentemente, gerou lucro a partir disso, é responsável por grande parte das obras que ditaram tendências na sociedade americana durante a década de 80; me pergunto, se grande parte de sua inspiração saiu de suas próprias memórias do colegial e se em algum momento sua vida foi palco de experiências e momentos memoráveis que reverberaram para a grandiosidade de suas obras.

Em Gatinhas e Gatões (1984) vemos um diretor modesto, trajando novas ideias que vieram a se consolidar somente no ano seguinte. Clube dos Cinco estreou em 1985, construído num conceito simples, onde se dispensa grandes plots mas se preserva uma moral fundamental: vemos cinco estudantes extremamente estereotipados, mas que ao constituírem suas próprias tribos servem como espelho para toda uma geração, criando uma representação de ingenuidade e introspecção que, inevitavelmente, colide com seus opostos. 


Em apenas uma detenção, John Hughes deu liberdade para que todos os grupos pudessem formar algo homogêneo, que os freaks e os nerds se aproximassem dos temidos valentões e populares, criando assim, a perfeita união entre todas as vertentes de um mesmo povo, que esporadicamente se esvai de preconceitos e conceitos. Dessa forma, temos noção de que quando Bender (Judd Nelson) declara seu último monólogo, ao som do inesquecível Simple Minds, ele dá nome à toda uma juventude e seus conflitos, todas as aflições e marasmos que já nos rondaram. Com o braço esticado e a tela escurecendo, por alguns segundos o filme te dá a chance de se sentir como eles, um verdadeiro membro do Clube dos Cinco.


“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.” 
(Charles Chaplin)

Título Original: The Breakfast Club

Direção: John Hughes

Elenco: Molly Ringwald, Judd Nelson, Ally Sheedy, Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, John Kapelos e mais.

Sinopse: Em virtude de terem cometido pequenos delitos, cinco adolescentes são confinados no colégio em um sábado, tendo de escrever uma redação de mil palavras sobre o que eles pensam de si mesmos. Apesar de serem pessoas bem diferentes, enquanto o dia transcorre passam a aceitar uns aos outros e várias confissões são feitas entre eles.

Trailer: 


Não esqueça de deixar seu comentário nos dizendo qual a sua opinião e nota para esse clássico filme adolescente. 

Deixe uma resposta