Crítica: Asas (1927, de William A. Wellman)

Lançado apenas 8 anos após o término da Primeira Guerra Mundial, Asas pode ser tachado como propagandista, porém rotulá-lo como tal seria insultar sua grandiosidade artística e sua genialidade técnica.



O primeiro ganhador do Oscar de Melhor Filme conta a história de Jack e David, dois jovens que moram na mesma cidade e são apaixonados pela mesma moça, Sylvia. Junto à esse triângulo amoroso, somos apresentados também a Mary, vizinha de Jack que é loucamente apaixonada por ele, que não lhe dá bola. O desenrolar da história começa quando Jack e David alistam-se no serviço militar e são convocados para às Forças Aéreas para lutarem na Guerra.



Toda a trama é dividida em alguns blocos: o amoroso, o familiar, a amizade e a guerra em si. O roteiro de Saunders é muito bem articulado e faz com que nenhum dos blocos se sobreponha ao outro, todos tendo sua devida importância na história. Outra coisa que o roteirista sabe conciliar muito bem são as emoções: não há momentos tristes demais ou alegres demais. Todas as emoções são muito bem dosadas, sem que haja um desequilíbrio durante o filme.





Por ser um filme mudo, as atuações são um tanto exageradas, entretanto todo o elenco é excepcional, conseguindo dar toda a carga emocional para os personagens. O destaque fica para Clara Bow, que nos cativa como Mary desde sua primeira cena. Do trio principal, é ele que consegue expressar os desejos e angústias da personagem.






O longa divide-se em duas partes: a primeira é mais fluida, é nela em que a distribuição dos blocos acima citados funciona melhor. A segunda é mais arrastada, isso se deve pelo excesso de cenas que não agregam muito ao filme. É, entretanto, nessa segunda parte que estão as melhores cenas de batalha. Harry Perry, diretor de fotografia, e Wellman, foram muito inovadores, fazendo tomadas aéreas com câmeras fixadas nos próprios aviões. ‘Buddy’ Rogers e Richard Arlen tiveram que pilotar os aviões, uma vez que seria inviável usar dublês para as cenas dramáticas. O resultado de tudo isso são cenas excepcionais e de tirar o fôlego.





Ao final, o que fica é uma mensagem de amadurecimento (os garotos que entraram na Guerra, saem dela homens) e companheirismo. David e Jack, outrora inimigos, enfrentam juntos os horrores e as perdas irreparáveis da guerra e diante isso, tornam-se amigos (há um beijo fraterno em meio à tragédia final, visto por muitos como um subtexto homossexual).



Apesar da segunda parte arrastada, Asas é um filme que deve ser visto por todo amante da sétima arte, não penas pela importância histórica, mas também pela sua qualidade técnica.










Título Original: Wings

Direção: William A. Wellman

Elenco: Clara Bow, Charles ‘Buddy’ Rogers, Richard Arlen, Jobyna Ralston, El Brendel, Richard Tucker, Gary Cooper, Gunboat Smith, Rascoe Karns, Julia Swayne Gordon, Henrie B. Walthall, Arlette Marchal.

Sinopse: Jack Powell (Charles Rogers) e David Armstrong (Richard Arlen) são dois homens que vivem numa mesma cidadezinha americana e se tornam rivais quando passam a disputar o  amor da mesma mulher, a bela Sylvia Lewis (Jobyna Ralston). O que Jack não sabia era que a inocente Mary Preston, uma moça para quem ele nunca deu muita atenção, está perdidamente apaixonada por ele. Os dois se alistam no serviço militar e se tornam aviadores durante a Primeira Guerra Mundial, tendo que combater os alemães na França. Disposta a ajudar Jack, Mary decide arriscar sua vida e sua carreira como enfermeira viajando para a Europa em busca de seu amado.

Trailer:



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