Crítica: Altered Carbon (2018, de Laeta Kalogridis)


Existe sempre uma expectativa muito grande que envolve projetos que flertam (ou são) cyberpunk. Infelizmente, para o público afim destes projetos, expectativa quase sempre vem acompanhada de decepção. Eu mesmo não sou tão ligado a esse mundo, e posso citar apenas clássicos, como Matrix e Blade Runner na minha lista. Comecei a assistir Altered Carbon motivado não apenas pela campanha pesada de divulgação da Netflix, mas, também por adorar um bom suspense, que foi o oferecido na divulgação.

A história é baseada em um livro de mesmo nome, um não, uma trilogia, de Richard K. Morgan, e nos apresenta Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman e Will Yun Lee, que de certa forma dividem o protagonismo da série), que é descongelado após 250 anos para desvendar um misterioso crime e sua motivação.

Fica bastante evidente que esta é a principal falha da série. E surpreendentemente isso não é ruim. Explico: A série não te prende no decorrer dos 10 episódios pelo suspense, sendo que inclusive, em alguns momentos você o esquece. E é justamente neste momento que a série te prende mais. Trabalhando alternando o presente e flashbacks, acompanhamos o início do que chamamos de imortalidade e todas as consequências que foram se desenrolando com isso.

E não se enganem. Não somos poupados de absolutamente nada: muitas cenas de sexo, violência, corrupção, tudo elevado ao extremo, que é como podemos imaginar que seria num mundo de pessoas que não temem mais a morte.



A série brilha neste momento. Em mostrar um futuro completamente alterado pelo fim da maior preocupação da humanidade: à morte, e as consequências que chegam junto a essa descoberta. Inclusive, muito interessante perceber que existem religiosos resistentes que não aceitam terem seu chip transferido para outra capa (como os corpos são chamados), o conceito de morte real, que é quando acertam exatamente seu chip, e os Matusas (sim, do bíblico Matusalém) que vivem a eternidade trocando seus chips em clones idênticos, mantendo, então, não somente a vida eterna, mas, exatamente a mesma identidade física. Todos estes “problemas”, são fundamentais para o desenvolvimento da série e que trata exatamente da mesma preocupação: novamente ela, à morte.

O elenco todo é bastante afiado, e me arrisco a dizer que Will Yun Lee, é mais convincente que Joel Kinnaman. Independente de ambos, entretanto, quem rouba mesmo a cena é Martha Higareda (Mariachi Gringo) como Kristin Ortega, uma investigadora da policia com diversas camadas e que é responsável pela nossa empatia com a história. É quase como se fosse a única humana ética no meio de toda a série.


No fim, Altered Carbon pode parecer a mais insana das loucuras, mas existe um principio da filosofia que diz: “Toda solução gera um novo problema”. Assim, a série trata, acima de tudo, sobre um ensaio, e um convite, a pensarmos o que um desejo como o da vida eterna poderia acarretar na vida em sociedade.

Compartilho uma das frases mais emblemáticas da série com vocês: “A morte era a nossa proteção contra os anjos mais obscuros do planeta”.




Título Original: Altered Carbon


Diretor: Miguel Sapochnick


Elenco: Joel Kinnaman, James Purefoy, Martha Higareda, Kristin Lehman, Renée Elise Goldsberry, Ato Essandoh, Chris Conner, Tamara Taylor, Marlene Forte, Hayley Law, Byron Mann, Dichen Lachman, Leonardo Nam, Tahmoh Penikett, Will Yun Lee


Sinopse: No futuro, as mentes humanas são digitalizadas e transferidas de corpo em corpo. Na noite passada, o homem mais rico do mundo, Laurens Bancroft, foi assassinado. Para investigar sua própria morte, ele trouxe de volta o ex-soldado Takeshi Kovacs, oferecendo ao oficial a chance de retornar à vida em troca da sua ajuda.

Trailer:



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