Crítica: Três Anúncios Para Um Crime (2017, de Martin McDonagh)

 

Filmes agridoces são de longe os menos preferidos por grande parte do público. O fato de ele ter uma pegada mais real, e que decepciona expectativas de finais felizes, é significado de frustração a experiência disponível ao espectador comum. Porém, para o seu público alvo, são os melhores filmes, afinal, escrever uma história que balanceia tão bem o feliz e triste é algo digno de aplausos. E é o que Três Anúncios Para Um Crime propõe, e brilhantemente o faz.

O filme utiliza de vários atributos para manter esse estilo, transitando entre agressão à mulher, violência, racismo, homofobia, de uma maneira extremamente natural, o que pode chocar a parte do público, mas nada mais representa o que realmente é vivido em alguns estados do Sul dos EUA. E, apesar de tantos assuntos importantes abordados, como ditos, eles são tratados de maneira natural, o que é um acerto do roteiro, já que o objetivo do filme é esse e a forma em que eles são mostrados só auxilia no resultado do mesmo.





Obviamente há um humor negro, e a forma em que Martin McDonagh escreve e dirige o mesmo é sensacional, a história principal é muito bem norteada pelo mesmo, além de todos os fios de enredo sendo trabalhados por ele e por todos os aspectos pesados/naturais mostrados.
Mas, apesar de grande maestria, é clara uma mudança de ritmo e foco do 2º para o 3º ato do filme, e isso que diverge a maior parte da opinião do público. Particularmente, essa mudança não me decepcionou ou prejudicou na experiência, apenas acrescentou, e, apesar da rapidez, é bem explicado pela própria representação do filme. Porém, poderia sim ter sido melhor. Fora esse problema, há outros de continuação de cena, mas nada horrendo.
Frances McDormand (Fargo) está brilhante, uma mãe ácida e sentimental, brusca e frágil – uau -. A forma que ela traz todos os contrapontos da personalidade de Mildred Hayes (sua personagem) é incrivelmente bem feita e nada forçada; e por ser algo extremamente natural realmente merece um Oscar. Sem falar na atuação de Sam Rockwell, bote naturalidade em todo o seu personagem, até falaria mais, porém o spoiler viria, e sim, merece demais um Oscar. E lógico, o outro indicado ao Oscar, Woody Harrelson, que tem um grande impulso na história do filme, e tão bem escrito como atuado.
Três Anúncios Para Um Crime não é um filme em que há muito o que se falar ao futuro espectador do mesmo mas, apesar disso, é um filme que tem um papel extremamente difícil, e que cumpre de maneira brilhante na sua maior parte do tempo. Recomendo, aplaudo, e anseio por mais filmes assim.
Título Original: Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Diretor: Martin McDonagh
Elenco: Frances McDormand, Sam Rockwell, Woody Harrelson, Lucas Hedges, Peter Dinklage, John Hawkes, Caleb Landry Jones, Abbie Cornish, Zeljko Ivanek, Clarke Peters.

Sinopse: Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes (Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.

Trailer:



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